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Uma coisa parece certa. A coberto da emergência, variados «actores», relevantes a todos os níveis político-económicos, estão a posicionar-se para reforçarem o seu poder.
Basta pensar nas grandes corporações que lucrarão, numa lógica capitalista feroz e hegemónica, com as oportunidades. Assim como a nível político (basta pensar o que se passou na Hungria). Seguramente, a China poderá colher benefícios concretos, e em termos ideológicos estas situações oferecem argumentos à extrema direita populista, aos regimes autoritários e, em geral, a todas as tendências políticas iliberais.
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É possível também que, no rescaldo da peste, a esfera de privacidade individual se veja ainda mais enfraquecida. É que se, no Ocidente, toda a alienação da privacidade como contrapartida da comodidade do uso das tecnologias cibernéticas está, neste momento, ainda fundamentalmente nas mãos de corporações sendo explorada para fins publicitários, não se sabe até que ponto a esfera política se vai interessar por tais ferramentas. É uma discussão (e um perigo) que no meio de todo este pânico, porventura, será esquecida.
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