sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

CALIFORNIA COASTAL HIGHWAY




(Fotos de Sofia P. Coelho)
O amanhecer que se levanta morno ao sabor húmido das vagas. Uma barraca de madeira sobre a praia com um alpendre tosco e um cão sonolenteo deitado. Uma resistência eléctrica retirada do fundo da mala do carro e um café providencial a aquecer os sentidos. No rádio uma música qualquer deste lado do Pacífico (Otis Reding, Beach Boys, Eagles, Doors, Green Day),o lado onde o tempo pára e as dimensões da existência se cruzam para lá do princípio e do fim. A prancha a ranger com a brisa, encostada à parede. A dúvida de ir até ao mar ou o olhar para o interior, para o corpo adormecido de uma mulher ou o romance que nunca mais se acaba de escrever a pastar no ecran do computador. A neblina e a certeza de todas as incertezas de todas as dimensões inacabadas numa alma que se tortura na pequenez do corpo. Liberdade...sempre ela. O fantasma de todas as manifestações de vida.
ARTUR

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

NOWHERE FAST

You and me we're goin' nowhere slowly
And we've gotta get away from the past
There's nothin' wrong with goin' nowhere, baby
But we should be goin' nowhere fast

Everybody's goin' nowhere slowly
They're only fighting for the chance to be last
There's nothin' wrong with goin' nowhere, baby
But we should be goin' nowhere fast
It's so much better goin' nowhere fast
(Fire Inc.)

Sábado à noite e nada para fazer em frente a duas Macieiras vazias e o café a abanar em algazarra oca naquele bairro perdido nas suas fronteiras urbanas. A “turma” que também não aparecia para ver se alguém tinha uma ideia. Saio, vou apanhar a brisa morna primaveril até ao largo da igreja com paragem obrigatória em frente à montra do costume. Uns pontapés bem aplicados no rebordo de fora e é ver os brindes a saltar do lado de dentro como se tivessem vida própria. A meio encontro o “biquinho”. A conversa do costume – “Tâããão…chavaaal, como é que é? Ah, daqui e dali, a cena do costume. Como é que vai a tropa, Ah! Agora não tá mal, já fui colocado em Lisboa, não me posso queixar, e tu? Sabes como é chaval, ando a bulir com o meu pai, cena fatela, tem que ser, não pico já há três semanas, não me apetece voltar para a clínica, então e esses nódulos aí no braço, eh pá isto …isto é do… são restos, meu, é isso, são restos. A voltinha é automática até à porta lateral da igreja , tão automático como o charro que salta sem pressa do bolso dele e se acende quase sozinho da boca dele para a minha, depois para a dele, a por aí fora. Sentamo-nos à porta da casa do Senhor com o perfeito ângulo de visão para não sermos surpreendidos por algum bófia mais dilligente. A conversa continua, meditativa, filosófica, lenta. – Coiso e tal e o caraças, vê lá se consegues atinar chaval, senão ainda te fodes todo, ou pior, ainda bates a bota; não meu , a sério, a sério, agora já não pico há mais de um mês mas isto não é fácil um bacano andar aqui a ressacar, nem consegue concentrar-se no trabalho, e depois às vezes pergunto se não bater a bota não será melhor, já viste pá, já viste esta merda, os dias são sempre iguais é tudo tão estúpido, estes gajos andam práqui a fingir que vivem mas no fundo andam a ser esmifrados até à medula e não há gozo nenhum, não há festa, não há intervalo para recreio; será assim como dizes chaval , mas se calhar é preciso ter um bocado mais de força para aguentar; Força? Força para quê? Para ser enrabado ainda por cima a rir? Não me lixes… E não o lixei. Não disse mais nada. Ficámos ali mais uns instantes. Instantes em que o “biquinho” me tentou vender um fogão e uma televisão a cores mas sem grande empenho. Éramos dois tesos. Despedimo-nos, ele a caminho do Casal Ventoso ( visitar um amigo…) e eu de volta ao café com o espírito mais leve mas também mais introspectivo. Claro que o “biquinho” tinha razão. Andávamos aqui a fingir que andávamos, como os carros eléctricos depois de virem de ser lavados. Mas os trilhos eram sempre os mesmos, os dias sempre iguais e a vida sem sentido nenhum. Era sábio o sorriso desdentado do “biquinho”. Chego ao café, vejo dois maduros, o Batista e o Jerry. Tão a combinar uma ida ao dois (2001), há duas motas, dá para mim. Deixo-os à conversa e vou até ao balcão pedir mais um café. Fico ali na pasmaceira a trocar dois dedos de conversa com o “Vitinho” e a olhar para quem entra. De repente fico surpreendido com a chegada da Ana. Já não a via há mais de um ano, tinha estado fora a estudar, acho que em Toronto. Lembro-me de ter passado um Inverno inteiro a tentar a minha sorte com ela, sem sorte nenhuma. A “marcação” acabou por dar lugar a uma forte amizade. Por razões inscritas num código de conduta qualquer, que todos conheciam mas ninguém tinha visto estilo: “win a fuck, loose a friend”, a “marcação” desapareceu. Entraram e saíram namorada(o)s nas nossas vidas e nós continuámos a ver-nos, a ir a concertos, cinema, etc. Semanas antes de eu ir para a tropa, ela partiu. Tinha passado um ano entretanto. Assim que me viu fez um sorriso de orelha a orelha e veio na minha direcção. Cumprimentei-a meio atabalhoado com o que havia de lhe dizer. Apetecia-me chamar-lhe um Anjo de luz que repentinamente iluminou aquela existência de bairro, malcheirosa e triste. Em vez disso balbuciei palavras indiferentes, frases de circunstância. Sem perceber como, colocou umas chaves de carro sobre o balcão. Perguntou-me se me lembrava de lhe andar durante dias a fazer a eterna pergunta se “queria dar uma voltinha”.Que sim, respondi meio envergonhado, lembrava-me bem desse tempo. Então e se fôssemos dar uma voltinha, achas que ainda vamos a tempo? Comecei a sentir a taquicardia descontrolada. Várias comportas rebentaram dentro de mim ao mesmo tempo, abrindo caminho para descargas monumentais de hormonas, testoesterona e outras coisas acabadas em “ona” que agora não me consigo recordar. Saímos do café como umas setas mal tendo tempo para fixar as caras do Jerry e do Batista a exibirem os caninos de quem vê alguém partir para a terra do Peter Pan. Estrada fora, sempre a abrir de rádio aos gritos a caminho de Sintra, e aquele carro tinha-se transformado numa sinfonia de beijos longos e molhados, braços indistintos e mãos que corriam para cima e para baixo num frenesim que quase nos obrigava a parar e reagrupar os corpos. Sintra de noite e uma estalagem, a da raposa, inscrições e BI's à pressa e “toca a andar para cima antes que algum terramoto ou uma guerra nuclear possa pôr fim a esta maluqueira”. A noite foi nossa até de madrugada, entre tudo aquilo que vocês podem imaginar e mais algumas coisas que nunca nos voltaremos a lembrar. No outro dia de manhã, supermercado, meia dúzia de pães, latas de conserva e piquenique na serra no meio das árvores, lá em cima, longe de tudo. Foi a meio daquele almoço improvisado que saíram as confissões. A Ana voltaria para o Canadá daí a mais uns dias. Era impossível continuar aqui depois de ter estado no outro mundo. Aqui os dias eram sempre iguais e a estupidez só aumentava. Não havia espaço para respirar, muito menos para viver. Não a contrariei. O regresso a Lisboa foi muito mais tranquilo e melancólico. Despedimo-nos no bairro à porta de minha casa. Depois destes anos todos, o “biquinho” morreu à quinta overdose, a Ana continua a morar em Toronto e eu resolvi escrever memórias como se nada mais me importasse. Ah… e continuamos amigos…
ARTUR

sábado, 23 de fevereiro de 2008

FALA-ME DE ÁFRICA


Em 1968 Armando Rodrigues foi a Angola chamado pela tia Helena. O que lhe aconteceu nos meses em que permaneceu na Fazenda Sizalinda, perto de Benguela, enquanto os jovens da sua geração combatiam nas florestas dos Dembos e nas planícies do Leste, durante a guerra colonial, é um segredo que o atormentou durante toda a vida. Passados quarenta anos decidiu acertar contas com o passado e revelar à sua família essa viagem a África.
As respostas que Armando Rodrigues e Leonor Brandão, filha de Helena, procuravam sobre o passado, conduziram-nos num mundo de ressentimentos dos que saíram de África, deixando para trás os bens e, principalmente, os sonhos. Daqueles a quem chamaram retornados, embora nunca tenham vivido na terra aonde a guerra os fez retornar. Mas descobrem um outro mundo muito mais perturbante: o dos que lutaram por uma nova África e sentem a tristeza da realidade. Dos que foram inimigos por uma causa comum: o amor a África!
Carlos Vale Ferraz, pseudónimo literário de Carlos Matos Gomes, nasceu a 24 de Julho de 1946, em Vila Nova da Barquinha. Fez os estudos secundários no Colégio Nun’Alvares Pereira, em Tomar. Foi oficial do Exército, cumpriu comissões durante a guerra colonial em Angola, Moçambique e Guiné nas tropas especiais “Comandos”. Publicou os romances Nó Cego, ASP, de Passo Trocado, Os Lobos Não Usam Coleira, O Livro das Maravilhas, Flamingos Dourados e a novela Soldadó. O romance Os Lobos Não Usam Coleira foi adaptado ao cinema por António-Pedro de Vasconcelos com o título Os Imortais. É autor do argumento do filme Portugal SA, de Ruy Guerra.
Colaborou com Maria de Medeiros no argumento do filme Capitães de Abril. É autor do guião da série de televisão “Regresso a Sizalinda”, com base no romance “Fala-me de África”. (TEXTO DA EDIÇÃO)

MONTANHA MÁGICA


O homem chegou ao cimo da montanha e respirou de alívio por lá ter conseguido chegar. Olhou em redor a paisagem infinita e implacavelmente bela que se estendia aos seus pés. Encheu os pulmões de ar e resolveu manter-se de pé dada a solenidade do momento.
O homem chegou ao ponto mais alto onde as pernas lhe permitiram chegar e encarnou a subida de outros homens como ele, há muito desaparecidos daquela paisagem. Homens que anteviram nos sentidos a aproximação trágica de tempestades desencadeadas por outros homens, que não conseguiram avisar ou que não os quiseram ouvir… E sentiu-se pequeno, insignificante, incapaz de fazer a diferença num mundo construído e destruído por homens iguais a eles.
O homem reflectiu no alto da montanha e lembrou-se de todos aqueles que amou e que o amaram e sentiu-se tranquilo, amparado, parte de uma família cujo Amor não cabia na dimensão daquela paisagem. Um sentimento universal que se expandia como epidemia pelas estrelas e pelo cosmos fora como uma força sem fim.
O homem olhou do alto da montanha e percebeu que, tal como agora se sentia muito acima da Terra, mais tarde ou mais cedo, essa mesma Terra viria reclamar a casca que lhe permitiu subir até ali. E sentiu-se dividido, entre o Céu e a Terra. Se o corpo lhe facultava a possibilidade da escalada bem sucedida, era o Ser que lhe permitia encontrar no horizonte infinito uma parte importante de que era feito.
O homem sorriu no alto da montanha e um sopro de divindade atravessou-lhe as entranhas como que a lembrar-lhe a centelha de vida eterna que ardia nele.
O homem abriu os braços e percebeu que, tal como o céu e a terra, nada nunca era definitivo. A vida talvez terminasse no correr do seu ciclo previsível. O Ser era eterno.
A montanha lembrou-lhe algumas noções que a vida o tinha feito esquecer.
ARTUR
(foto de Sofia P.Coelho)

YOSEMITE VALLEY EM TRÊS OLHARES




(Fotos de Sofia P. Coelho)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

CONCERTO "NO DATA"


About No Data
Plain MySpace Layouts by Iron Spider

“NO DATA” é um núcleo de produção composto por Carlos Maria Trindade e Luís Beethoven que, ao longo dos últimos quatro anos, foram desenvolvendo uma sonoridade electrónica de fusão, para a qual têm contribuido uma série de músicos , cantores e produtores das mais variadas áreas.

O novo disco dos No Data intitula-se "Carrocel do Mundo" e será lançado em Lisboa em 21 de Fevereiro de 2008.

Depois do seu primeiro CD “Música Naive”, lançado na Primavera de 2006, os NO DATA lançam agora “Carrocel do Mundo”. Ao contrário do caminho mais ambientalista que escolheram para o disco de estreia (com uma edição numerada de 2000 ex e capa de Julião Sarmento), os NO DATA viram-se agora para um universo diferente e lançam um conjunto de 15 canções que podem ser imaginariamente agrupadas em 5 “micro-estilos”:

7 Canções de amor e esperança
3 Canções psico-electrónicas
2 Canções mundanas
2 Instrumentais
1 Dance floor

Sendo o projecto NO DATA caracterizado pelos convites que, para cada trabalho, são endereçados a outros colaboradores, desta vez a escolha recaiu sobre Augusto Sanches (composição, programação, teclas, guitarras eléctricas e voz), Lima (composição, programação, guitarra portuguesa e voz), Nicole Eitner (voz e teclas) e Gustavo Roriz (baixo eléctrico e contrabaixo). Foi este o grupo que, ao longo de nove meses e muito brainstorming, concebeu, produziu e finalizou “CARROCEL DO MUNDO”.
link www.myspace.com/carroceldomundo

MIA COUTO

Perguntas à Língua Portuguesa

Mia Couto

Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros
embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e
que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros
pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me
acarreta.

A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O
que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente
aquando o voo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as
quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem é idimensões?
Assim, embarco nesse gozo de ver como escrita e o mundo mutuamente se
desobedecem. Meu anjo-da-guarda, felizmente, nunca me guardou.

Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da
lusofonia. Nós estamos simplesmente ocupados a sermos. Outros nos
acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta domínio, carecemos
de técnica. Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, excepto a de irmos
ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde
do pé? Questões que dariam para muita conferência, papelosas
comunicações. Mas nós, aqui na mais meridional esquina do Sul, estamos
exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre
pouca farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do
mundo, neste sulbúrbio.

No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear
ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro,
veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu
chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.

Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e
linguistas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de
produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o
que é senão o ovo das galinhas de ouro?

Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível,
procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso
incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas?
Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas
que se podem colocar à língua:

Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?

No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se
aplica a expressão: passar a noite em branco?

• A diferença entre um ás no volante ou um asno volante é apenas de
ordem fonética?
• O mato desconhecido é que é o anonimato?
• O pequeno viaduto é um abreviaduto?
• Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente.
• Quem vive numa encruzilhada é um encruzilhéu?
• Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?
• Tristeza do boi vem de ele não se lembrar que bicho foi na última
reencarnação. Pois se ele, em anterior vida, beneficiou de chifre o
que está ocorrendo não é uma reencornação?
• O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter
marfim ou riofim?
• Onde se esgotou a água se deve dizer: "aquabou"?
• Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um
desmaio ou um desmarço?
• Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?
• Mulher desdentada pode usar fio dental?
• A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?
• As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: "finanças"?
• Um tufão pequeno: um tufinho?
• O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?
• Em águas doces alguém se pode salpicar?
• Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?
• Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?
• Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?
• Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?

Brincadeiras, brincriações. E é coisa que não se termina. Lembro a
camponesa da Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso
que ela fazia é, afinal, trabalho de todos nós. Colocámos essoutro
português – o nosso português – na travessia dos matos, fizemos com
que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.

Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela
haviam sido desbotadas – o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge
ainda adicionar-lhe músicas e enfeites, somar-lhe o volume da
superstição e a graça da dança. É urgente recuperar brilhos antigos.
Devolver a estrela ao planeta dormente.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

ENTRE PEDAÇOS DE PARECER


(Foto de Sofia P.Coelho)
O passado arquiva-se de destroços de memória, serpenteia as curvas da lembrança e regista imperfeito, o pensamento, a cena, a sensação, a dor e a alegria. Como quem regressa a um sítio de onde partiu há muito tempo. As coisas estão no mesmo lugar e, no entanto, mudadas. Nada se parece com a lembrança porque o tempo correu sobre as coisas e as pessoas. Podemos tomar banho várias vezes no mesmo rio mas nunca mais do que uma na mesma água.
Entre ilusões e uma garrafa de cerveja vazia suspiramos o Ser em frente à ilusão da existência. Nunca a mesma, nunca aquela que parecia ou que poderia ser, nunca o que é evidente.
Abrem-se portas sobre muros cerrados de impotência. Erguem-se ameaçadoras mandíbulas de fraca força, que nem mordem nem se fecham. Olhos esgazeados vigiam fingindo vigiar interesses dos ventos do remorso, dos labirintos da culpa, dilacerante e corrosiva como ferrugem. Mas nem focar conseguem, ou mexer-se no seu ângulo de visão. Ilusões, um oceano universal de mal entendidos, ilusões de óptica e golpes de vista incompleto sobre o caudal imenso das imagens sem fim sobre o Ser.
O Sujeito, aquele que observa, tudo o que interessa. O Ser eterno e fiel a si próprio, barco persistente de Vida que navega obstinado nos oceanos dos truques e alucinações do Cosmos. Ó Carl Sagan!? Chegavas aqui, fazias-me o favor..?
ARTUR

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

KAFKA EM JERUSALÉM



"O Messias só virá quando já não for necessário, só virá um dia depois da sua chegada, não virá no último dia, mas no último dos últimos"
Franz Kafka

A obra de Franz Kafka torna-se completamente inteligível quando é pensada a partir da sua situação assente numa tripla factura: um escritor checo que pensa e se expressa em alemão e que mantém com o judaísmo uma relação complexa e tortuosa. Por vezes, a fractura torna-se sutura, um permanente esforço de mediação; a maior parte do tempo, no entanto, alarga-se em imagens dialécticas sem circulação, numa espécie de impossibilidade que se expressa de forma notável na seguinte reflexão de Walter Benjamin:

"Já puderam perceber que, em toda a obra de Kafka, o nome "Deus" não aparece. E nada há mais vão do que introduzi-lo na interpretação dessa obra. Quem não entende o que proíbe a Kafka usar esse nome não entende uma linha sequer deste autor"

Compreendemos plenamente a ambiguidade da relação de Kafka com o judaísmo a partir da atmosfera anti-romântica em que a sua personalidade se forma, a que se vem misturar a religião e cultura judaicas como fonte da sua obra. Gershom Scholem chama a esta ambiguidade "teologia negativa": no universo de "O Processo" e "O Castelo", no mundo do indivíduo esmagado pela opressão da burocracia, do Estado e da "justiça", o Messias revela-se pela sua ausência brutal, pela negatividade do seu silêncio. A configuração do mundo contemporâneo, caracterizado pela ausência de liberdade e pela omnipresença da máquina estatal, não pode ser redimido, nem transformado, o que remete para uma concepção anarquizante do processo histórico: a História terá que "explodir", terminar, extinguir-se. Só então virá o Messias, depois do último dia. Assim, a relação de Kafka com Jerusalém caracteriza-se essencialmente pela inextricável relação entre uma dimensão teológico-política negativa, da qual a esperança parece estar ausente, manifestando-se numa recusa permanente de estabelecer uma relação efectiva entre o pensamento messiânico redentor, característico do pensamento judaico da Europa central, e o ideal utópico anarquizante, uma relação que poderiamos legitimamente esperar numa consciência que, de forma tão absoluta, percebeu a alienação do homem contemporâneo às mãos de um poder de tal modo totalitário que escapa à compreensão do senso comum. Registe-se, com alguma perplexidade da minha parte, não existir em toda a obra do escritor (pelo menos que eu tenha conhecimento) nenhuma referência ao universo judeu, nenhuma personagem judaica, uma única menção à fantástica atmosfera da Praga judaica. E, no entanto, Kafka tornou-se ele próprio o Judeu Errante, esse ser que não encontra em lado nenhum a sua pátria, em parte alguma a redenção da alma atormentada. E, no entanto, ninguém deixa de ficar arrepiado de horror premonitório quando lê "Na Colónia Penal" a descrição da sentença que é tatuada na pele do prisioneiro, ou a total arbritariedade do sistema judicial em "O Processo", ou inúmeros outros exemplos de como os pesadelos se tornaram realidade num século XX que não deixou de coleccionar catástrofe após catástrofe e de acumular ruína sobre ruína.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

SÃO OS PÉS

A parte do meu corpo que mais reclama por ti são os pés. Nestas noites de Inverno adormecem e acordam sempre frios mesmo que calce meias. Já lhes tentei explicar uma quantidade de vezes que é escusado, que vão ter que se habituar á tua ausência mas sem êxito. Consegui convencer o silêncio da casa quando entro, a ausência de luz e de cheiros agitados de vida na cozinha. Consegui explicar ao sofá que teria que se habituar a um corpo apenas à noite em frente à televisão e ele aceitou. Digo ao jornal todas as manhãs que só eu é que o vou ler, e ele percebe. Explico às camisas que terão de se contentar em ter um pior aspecto daqui para a frente e elas acabaram por se habituar á ideia. Digo às longas tardes de Domingo que só um para iluminar de Sol na fresta que nos coube em sorte na varanda das traseiras e elas ficaram satisfeitas de poder trabalhar menos. Até a sombra aureolada gravada na poltrona onde te sentavas para fazer a tua costura me cumprimenta já mais sorridente, encaixando mais optimista a ideia de uma silhueta diferente a ocupar o seu espaço. Também era isso ou ia para o meio da rua. Mas os pés não. Não se calam a perguntar por ti, quando é que voltas, como crianças incorrigíveis.
É claro que os convenci a quase todos a habituarem-se à falta de ti, excepto eu e eles, que entendemos dentro da nossa limitada compreensão que podias ter partido um pouco mais tarde, daqui a uns anos, sei lá quantos.
É certo que quem nos visse nos últimos anos pensasse que já estávamos mortos, só ainda não tínhamos recebido o aviso da Câmara Municipal a dizer que já tínhamos lugar no cemitério. É certo que passávamos os dias calados, ora no café em frente a dois descafeinados, ora em casa de expressão fechada tendo como única banda sonora o pêndulo do relógio que o teu pai nos ofereceu como prenda de casamento. O que é certo é que a tua morte contabiliza hoje um ano e tenho um mundo de coisas que ficaram para te dizer. A nossa vida era aparentemente vazia, sem agitação. Mas olha que a vida lá fora não perde para a nossa, consistindo num enorme buraco negro impregnado de agitação onde nada se passa. Mentira, roubo, ganância, ambição e, acima de tudo, uma enorme falta de amor, próprio e pelos outros. Aliás como sempre foi. Quando escolhemos viver juntos dentro deste casulo sabíamos perfeitamente porque é que o estávamos a fazer. Os nossos dois filhos lá andam, enrolados nas vidas agitadas deles. Nasceu mais um neto na Primavera que berra mais que o farol de nevoeiro do Bugio.
À tarde gosto de ir para o jardim e passar algum tempo com aquela rapaziada que de rapazes já nada têm. Jogamos uma bisca lambida em cima das mesas de pedra, jogamos ao dominó, dizemos uns palavrões e damos uns traques. Tudo actividades que tu nunca apreciaste. Por isso nunca insisti em praticá-las ao pé de ti. Afinal de contas o que eu queria dizer-te era que espero que tudo te corra bem, estejas tu no Céu ou noutro lugar qualquer ou mesmo em lugar nenhum. Seja como for há um sítio onde estás de certeza. Esse sítio é na falta de tempo que tive para te dizer um série de coisas, e claro, no frio dos meus pés…
ARTUR

TERTÚLIA III EDIÇÃO




Em primeiro lugar, estiveram presentes mais de 50 pessoas, facto só por si revelador do interesse crescente que este tipo de iniciativas começa a suscitar. O interesse e a vontade de estar, falar e participar em torno do amor aos livros e aos seus protagonistas foi suficiente para deixar de lado um Domingo soalheiro e caminhar para a Livraria Braço de Prata. Partindo da biografia do Zé Pedro escrita pela irmã Helena Reis, a conversa avançou e foi-se espalhando para vários temas desde a vida dos Xutos & Pontapés até acções de solidariedade, passando pela temática e importância que uma família pode ter na formação dos indivíduos. Os meus agradecimentos à Livraria Braço de Prata pelo apoio na cedência do espaço, à Helena Reis e ao Zé Pedro pela colaboração e às cerca de 50 pessoas que tornaram possível transformar esta iniciativa num êxito inquestionável. Para o mês que vem, mais concretamente dia 9 de Março às quinze horas no mesmo local, conto convosco para recebermos o Ricardo Araújo Pereira que nos vai falar sobre a escrita de humor no nosso país. Obrigado irmãos de Campo de Ourique e Olivais. Até sempre. Um abraço forte para vocês.
ARTUR

A JUSTIÇA CRIMINOSA

Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final,
assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do
mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia que se sabe que nada acaba em Portugal,
nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário,
desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao
desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca
saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou nem quem são os
criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços do enigma, peças do
quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos
que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal e que este é um país onde as
coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas.
Apesar dos jornais e das televisões, dos blogues, dos computadores e da Internet, apesar de
termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber
nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiroministro,
do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol
Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de
Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga parques ao grande empresário Bibi, das queixas
tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes
secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muito alegados crimes, acabem por ser
investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos. Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e
moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso
apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da
corrupção. Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e
encolhem os ombros.
Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus
da sida? Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque
aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao
padre Frederico? Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre
Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana? Quem se lembra do autarca
alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes,
a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se
venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém? As últimas notícias dizem que Gerry
McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em
que a Polícia espalha rumores e indícios que não substancia.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu?
E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta
gente"importante" estava envolvida, o que aconteceu? Arranjou-se um bode expiatório, foi o que
aconteceu.
2
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa
gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas?
Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do
senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára? O mesmo grupo Carlyle onde labora o exministro
Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha
para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria suspeito de ter assassinado doentes por
negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que
a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas
das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade. Ou,
pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os
"senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam
rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens,
de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a
escavação da verdade. Este é o maior fracasso da democracia portuguesa e contra isto o PS e o
PSD que fizeram? Assinaram um iníquo pacto de justiça.
Clara Ferreira Alves
Mail to: unica@expresso.pt
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sábado, 9 de fevereiro de 2008

ARQUIVE-SE GISBERTA

No fundo de um poço de um prédio em construção acabou a vida de alguém no anonimato das sombras da noite. O seu corpo apresentava sinais evidentes de violência antes de se afogar num charco malcheiroso da água da chuva.
Chamava-se Gisberta mas o mundo pouco se importou com isso. Foi vítima de divertimento e distracção de um bando de adolescentes sem nada para fazer naquela noite.
Veio o 112, veio a polícia, veio a televisão, os jornais e o Ministério Público. Todos vieram antes de vir o NADA que já lá tinha estado até Gisberta morrer, voltando-se a instalar quando assentou a poeira.
No tribunal,"coiso e tal", não se conseguiu chegar a nenhuma conclusão. A rapaziada tinha dificuldades em recordar aquela noite, alguns até se sentiam traumatizados só de pensar que o tinham de fazer. Um não se lembrava, outro não estava lá, outro não viu, outro não bateu, outro não fazia ideia... Como se Gisberta tivesse morrido sozinha após se atirar contra as paredes. Falta de provas, falta de tempo. Arquive-se pois aquilo que não se consegue recordar nem provar. Para quê perder mais tempo com um transexual brasileiro, pobre e seropositivo ? Para quê perder tempo a punir "crianças" traumatizadas a quem, logo por azar, correu mal uma "brincadeira" ?
Gisberta estava morta mesmo antes de morrer. Não valia nada, não existia. Estava condenada. Era mais um elemento dispensável que vivia na cave mais funda do prédio da sociedade. Da nossa sociedade.
Gisberta morreu...à pancada e por asfixia...arquive-se Gisberta.
A Cidadania morreu...arquive-se a Democracia, encerre-se a civilização.
ARTUR

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

HISTÓRIAS

As histórias são registos ou fragmentos de memória onde cabem sentimentos, pensamentos e estados de alma. Funcionam como marcos do caminho, sinalizadores das nossas vidas.
Aconteceram connosco, com alguém conhecido ou desconhecido. Mesmo quando são inventadas...
Para partilhar uma gargalhada ou aliviar a solidão, trocamos memórias. as histórias têm sempre lugar na ementa, entre o petisco e o virar de copos. Voltamos a encontrar nos pedaços dos outros os nossos pedaços.Relembramos nos sentimentos dos outros os que já foram nossos. Ou ainda vão ser...
Regressamos à estrada recompostos e com os ânimos em alta. Continuamos sozinhos mas com mais força, porque os risos e os choros que ouvimos ecoaram nos risos e choros que somos.
Em todas as histórias estamos nós. Porque é a solidão de todos que sentimos, quando nos sentimos sós...

(Prefácio escrito por mim para o meu primeiro livro Histórias de Amanhecer)
ARTUR

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

MUTILAÇÃO GENITAL

Mutilação Genital Feminina: Grupo de trabalho quer tolerância zero em Portugal

06-02-08
A presidência do Conselho de Ministros em Portugal vai criar um grupo de trabalho para a erradicação da mutilação genital feminina que hoje, dia 06, celebra a nível internacional dia da “Tolerância Zero”.




O grupo de trabalho Intersectorial para o Plano Nacional de erradicação da MGF insere-se no projecto Daphne e tem como mentor o Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão.

Insere-se no contexto da preparação de 2008 como o Ano Europeu do Diálogo Intercultural e da necessidade de dar continuidade às medidas prosseguidas durante a Presidência Portuguesa da União Europeia, nomeadamente através da realização da Cimeira UE-África.

Portugal integra as preocupações da comunidade internacional adoptando esses princípios em diversos documentos nacionais, nomeadamente no III Plano Nacional para a Igualdade - Cidadania e Género (2007-2010).

Também na recente revisão do Código Penal onde, nomeadamente, se considera uma ofensa à integridade física grave o acto praticado sobre o corpo ou a saúde de outra pessoa de forma a, designadamente, tirar-lhe ou afectar-lhe a fruição sexual (artigo 144.º). Artigo que se aplica, ainda, a factos praticados fora do território português.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) e do Fundo das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF), estima-se que cerca de 6 mil meninas e mulheres estão todos os dias expostas ao risco de mutilação genital feminina.

OL

Publicado em A semana online, quarta feira 6 de Fevereiro, 2008

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

ESTAR COM ATENÇÃO

A hipocrisia,a mentira e o roubo foram o fermento da sociedade humana desde o princípio dos tempos,como se não nos soubessemos orientar sem nenhum destes ingredientes. A diferença do passado para os dias de hoje é que hoje quase tudo se sabe...mais cedo ou mais tarde.E se por um lado, tudo se sabe, por outro a falta de vergonha tornou-se um "fait-divers", a mentira um instrumento de conjuntura, o roubo, uma acção politicamente correcta.Nunca é demais recordar, remoer, comparar percursos e discursos dos políticos dos últimos anos. Nunca é demais estar informado, recordar, perceber o que é que se vai passando nas nossas barbas. Para quê?......pelo menos para perceber, ou não? Este artigo de Clara Ferreira Alves na revista do Expresso desta semana é mais um reavivar de memória.Neste caso, do sr. Blair.
http://clix.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/230476

TERTÚLIA DIA 10


É já no próximo Domingo dia 10, pelas 15 horas. A tertúlia continua na livraria Braço de Prata(ao Poço do Bispo). Este mês será a apresentação da biografia do Zé Pedro, da autoria da irmã, Helena Reis. Quem quiser apareça
ARTUR

AMANHECER VISTO DE CIMA


..PARA AÍ A UNS 10 MIL METROS DE ALTITUDE... Capa do meu primeiro livro, "Histórias de Amanhecer". Fotografia de Sofia p.Coelho