sábado, 26 de agosto de 2023

O HOMEM MULTIPLICADO


 

 

O homem caminhou uma boa parte do dia debaixo de um Sol permanente e impiedoso. A última boleia tinha-o deixado à beira da estrada solitária, pouco depois do meio-dia. Estava cansado e tinha sede. Tinha ainda uns bons cinco, seis quilómetros pela frente. O caminho recordado apresentava incertezas, espaços vazios abertos pelo passar dos anos. Podia estar mais perto ou mais longe do lugar, podia até ter escolhido a estrada errada. Assim que avistou o mar recuperou o ânimo. Seria a partir daí a referência maior até chegar à casa. Paralelo, ao longe, embora nunca fora de vista. Era assim que lembrava as manhãs de Verão quando acordava no andar de cima embalado pelos cheiros do café e das torradas do pequeno-almoço dos avós. De uma forma ou de outra acabaria por lá chegar. Acreditava nos sistemas de navegação universais que atraem os corpos através do pensamento que emanam, na familiaridade da lei da atracção, em suma, tinha a certeza que chegaria onde queria chegar porque assim tinha de ser. As botas cobertas de pó tinham mudado de cor. A mochila puxava-lhe as costas, puxava-lhe os ombros, puxava-o para dentro da terra através de uma espécie de peso que ia aumentando. Pouco antes do final da tarde uma brisa ligeira veio aliviar por algum tempo aquela canseira geral que tomava conta dele. Já devia estar perto. Finalmente ao longe um caminho com ciprestes altos e uns arbustos dispersos nas margens. Plantas teimosas que resistiram e que, ao fazê-lo, lhe apontavam a direcção do que procurava. E não se tinha enganado. No fim daquele caminho abria-se o edifício de dois pisos meio amarelado meio acastanhado, meio descascado de pintura. Uma casa desabitada com partes penduradas, pedaços de telhas quebradas no chão, janelas sem vidros, portas entreabertas de forma permanente, ervas daninhas à solta na entrada. O alpendre da entrada era uma estrutura incompleta e desdentada de tábuas soltas com ervas a crescer pelo meio delas. Os intermináveis  lanches no Verão eram ali, entre fatias de pão caseiro barradas com manteiga e cachos de uvas.  Tinha chegado finalmente. Esquecendo por instantes o cansaço continuou ainda mais determinado. Contornou a casa pelo lado poente e atravessou o espaço onde ficava a casota do cão e o estacionamento do barco do avô (depois o barco do tio, e durante alguns anos a teimosia dele em Setembro de ir às docas da cidade que ficava para Norte em busca de pechinchas de barcos para vender que os donos já não queriam) no Inverno. Do outro lado da casa o que restava do jardim e, em frente, ao longe, o mar.  Entrou pela porta da cozinha muito lentamente como quem visita um dormitório a meio da noite sem querer acordar ninguém. Só o vento e alguma madeira rangente lhe disseram alguma coisa. Depois da cozinha a sala, os almoços e jantares, a família toda reunida o ruído da boa disposição, o princípio da idade adulta e a sensação de que se viveria para sempre…que todos viveriam para sempre. O lugar do móvel da arrumação da louça e ao lado a porta para o pátio interior. Se bem se recordava havia lá dentro um poço ao centro. Talvez ainda tivesse água, talvez ainda se conseguisse ver o pôr do Sol do terraço, talvez houvesse ainda um quarto para poder passar a noite. Abriu a porta e reconheceu o poço e o páteo, e o céu por cima da cabeça iluminado por um Solde fim de tarde amarelo torrado. A mochila foi escorregando pelas costas abaixo até ao chão. Espreitou para dentro do poço e constatou que ainda tinha água. Um balde tosco e ferrugento agarrado a uma corda quer se ia desfazendo foi até lá abaixo. Quando içou o balde quase cheio sentiu a frescura da água. Levou-a à boca e percebeu rapidamente que era salobra por isso não bebeu muito. Lavou a cara e despejou o resto pela cabeça abaixo. Depois sentou-se ajeitando a mochila para servir de almofada. Pousou a cabeça e ficou a olhar para o céu satisfeito em ter conseguido chegar ali, ao lugar onde mais de metade das suas recordações se encontravam enquadradas. A casa desfazia-se aos poucos e ele não tinha capacidade para a poder recuperar, a família ia desaparecendo, uma geração atrás da outra e, ele próprio já caminhava a passos largos na estrada do seu último terço de existência. Sentia-se como a casa, a desfazer-se lentamente em frente ao mar dia após dia, ano após ano. Sem conseguir tomar uma decisão vagueava entre o passado e o presente certo de que em algum tempo não muito longínquo tudo iria desparecer, até ele e as suas indecisões, as suas memórias, a sua vontade. Com tudo isto a girar dentro dele acabou por se deixar adormecer. Estava tão cansado que não se preocupou em ficar ali, ao relento, entregue ao silêncio e à solidão. Algum tempo depois caiu a noite e tudo ficou escuro à excepção das estrelas no céu.

A certa altura julgou ouvir o ranger de uma porta que abria e se voltava a fechar. Um ruído longínquo que atribuiu ao vento, não fazendo caso disso. Depois a mesma sequência de sons. Três, quatro vezes. Mesmo assim não ligou e enroscou-se melhor para continuar a dormir. Algum tempo depois teve a sensação de estar acompanhado, a presença de mais do que uma pessoa perto dele. Abriu os olhos e ficou assustado com o que viu. Quatro vultos de pé cercavam o poço virados para dentro sem se mexerem. Levantou-se bruscamente e observou-os. Permaneciam nas suas posições, quietos a olhar em frente, indiferentes à sua presença. Numa segunda observação percebeu serem homens de diferentes idades e ao fim de mais algum tempo deu conta que todos eles eram ele próprio em diferentes tempos da sua existência. Um rapaz com cerca de dez anos, um jovem de vinte, um adulto de quarenta e, ao seu lado esquerdo um homem bastante idoso. E todos tinham o seu rosto. Ocupou o espaço vazio que faltava e deixou-se ficar ali olhando para um e para outro sem nada dizer. Devia ser um sonho por muito estranho que parecesse. Só que nunca tinha tido nenhum parecido com aquela situação. A certa altura o idoso olhou para ele e sorriu. Depois falou como se estivesse à conversa com um amigo de longa data.

Tenho oitenta e quatro anos e ainda consigo ir com as mãos até ao chão sem dobrar as pernas.

E logo de seguida dobrou o corpo pela cintura abrindo as mãos até tocar o chão tal como havia dito. Levantou-se lentamente.

Nada mal, hã?

O homem sorriu e comentou:

Com essa idade isso é muito bom.

O velho abriu a expressão das sobrancelhas enquanto sacudia as mãos. Depois apontou para os outros um por um, por ordem crescente de idade. Depois para o homem. Por fim para ele.

Dali até aqui e daqui até sabe-se lá onde. Não te preocupes. De uma maneira ou de outra tudo se resolve ou nada fica por resolver. Não é grave. Nada é grave e tudo acaba por passar. Por isso, não te preocupes. Por cada idade nova há um fantasma do passado atrás de nós. É apenas uma pele que vai acabando por cair. Faz aquilo que tiveres que fazer e segue o teu caminho. Nós cá estaremos para te ajudar.

 

Artur


terça-feira, 15 de agosto de 2023

REFLEXÕES DE VERÃO

 (vigésimo oitavo dia do sexto mês de dois mil e vinte e três. )

Falta amor, digam o que disserem, falta compaixão, digam o que disserem, falta esta força mãe de todas as forças, como a água falta à terra e a luz a cada folha.
A humanidade transformou-se numa bizarria disfarçada de empatia onde raramente dá um passo, diz uma palavra, dá um abraço, de graça.
O que me interessa é que o fluxo seja contínuo e fluido nas quatro cavidades que me sustentam. Que todos os verbos de dar sejam sempre a somar. É assim que combato as guerrilhas da apatia e esquecimento que proliferam como o plasmodium que em tempos me atingiu.
Créditos, visualizações, somatórios para uma existência que se quer positiva mas se desdobra mil vezes negativa.
(Vigésimo sexto dia do sétimo mês de dois mil e vinte e três.)
Entre uma frase e um aquecer de água para chá dobro um pano esquecido do fundo do cesto interminável como a história. Já não sinto a chuva na pele há pelo menos quatro dias e as neblinas só as vejo se as procurar.
A chaleira apita e corro para o fundo da cozinha como antes corria para a quinta estação. A direcção era sempre a mesma e a urgência um ponto por picar. Ouço as queixas dos amigos ao longe sobre o excesso de gente em todos os lugares e ouço novamente o lamento dos meus pensamentos sobre a ausência de humanidade. Afinal havia outro pano por dobrar e a constatação de ter uma cesta interminável. Combato a humidade com lavagens e secagens na esquinas mais ventosas. Posso ter ar de patroa mas sou a minha melhor empregada. Sei o lugar de tudo e a quem pertence. Sei a estória de cada fronha e de quem deitou a cabeça nela. Sei os porquês sem nunca os indagar, sem saber porquê todas as verdades me caem na cabeça como naquela história do pinto que achava que o céu estava a cair.
Hoje ao deixar de olhar para a cesta e de me aparecer mais um pano por dobrar voltarei à casa que em breve será minha e irei pintar mais uma trave, mais uma porta, e deixarei entrar mais um pedaço de luz da primeira rua da minha existência.
É natural que me caia mais uma lasca de céu pela cabeça abaixo, certeira até ao peito. É essa pequena queda que me levantará até ao lugar dos bons pensamentos e das boas pessoas.
Décimo primeiro dia do oitavo mês de dois mil e vinte e três.
Voltou a chuva, o nevoeiro e a humidade no olhar. Os pensamentos estalam-me como no princípio da fogueira e voam para paragens longínquas que antes eram tão próximas e param na Penn Station em Newark há mais de dez anos. Corpos vazios vagueiam no eco da estação. Vestem roupas de ouvir gospel, olham para o vazio e gritam com as paredes enquanto se abrigam do frio. Eram mais de dez e eu novamente a tentar entender os porquês. Hoje, depois de tantos anos passados e antes do que comecei a escrever, entendi. Perdi horas de sono e dias de paz. Perdi mergulhos no mar cristalino e banhos de sol, mas entendi. Perdi horas de escrita que são as horas mais minhas e o motivo de aqui estar,para começar a entender.
Porém ganhei muito entre tanto perder. E aprendi ainda mais sobre o valor das mãos que se estendem e dos braços que nos acolhem. São o triplo daqueles que se recolhem.
Em breve o sol voltará e eu voltarei às coisas por fazer que são a minha terapia ocupacional. Por cada uma, e são tantas,um gospel e a gratidão às fadas que me rodeiam. Um batalhão delas contra o empardecer de cada olhar.
Elsa Bettencourt

domingo, 6 de agosto de 2023

PÉROLA NEGRA


O DVD “The Doors”, editado em 2001, contém um inestimável documento que, a diversos títulos, se revela essencial para a compreensão da extrema radicalidade de Absolutely Live. Trata-se de um “clip” video que recria “The Ghost Song”, uma música publicada pela primeira vez em 1978, no álbum An American Prayer. Esse registo, lançado sete anos depois da morte de Jim Morrison, é composto de recitais da sua poesia, a que se acrescenta música tocada pelos outros elementos da banda e canções que não foram registados nos outros discos. Constitui, sob todas as perspectivas, uma magnífica homenagem póstuma de Manzarek, Krieger e Densmore ao poeta Morrison e não à estrela rock ou ao “Mickey Mouse de Sade”, como alguém lhe chamou. O video que refiro resulta da recitação hipnótica de um dos poemas mais fulgurantes e profundos de Morrison, uma peça lírica que condensa as crenças filosóficas e metareligiosas do poeta, convocando literalmente os fantasmas de que a sua mente se alimentou ao longo da sua dolorosa e apocalíptica aprendizagem. A imagética presente é muito forte: sucedem-se metáforas alucinadas, visões herméticas, citações literárias e apelos lancinantes a uma mais profunda compreensão da vida e da morte. Os músicos tocam “por cima” dessas palavras exaltantes e enigmáticas e sucedem-se imagens fixas e em movimento de Morrison, das vastas paisagens desérticas do Arizona, de rituais mágicos dos índios norte-americanos, um feiticeiro comparece no espaço em que os músicos tocam, os espíritos totémicos saturam a atmosfera, recordações de antigas sabedorias transformam o poeta e os músicos em demiurgos, xamãs, intermediários, celebrantes de um ritual que tem por mote “the lust for life” e a fusão total entre a expressão artística e o impulso vital.
A pérola negra que veio a chamar-se Absolutely Live é um estranho objecto, lançado em 1970, resultando da compilação de excertos de diversas actuações ao vivo, em várias cidades dos Estados Unidos. No seu conjunto, revela menos o estilo ao vivo da banda do que um sentido de “montagem” (no sentido cinematográfico do termo), reunindo peças tão díspares como “Who Do You Love” de Bo Didley e “Alabama Song” de Kurt Weill, os temas mais antigos da banda e, sobretudo, as grandes peças de resistência: “When The Music’s Over”, “Celebration Of The Lizard” e “The End” : Morrison está no auge da sua capacidade interpretativa, mostrando um fulgurante poder de comunicação, de celebração e de comunhão com um público completamente rendido ao lirismo intenso da poesia e subjugado ao carisma radical do cantor e ao modo como a banda preenche os espaços vazios em volta do buraco negro constituído pela voz, o corpo, a expressão física e o “pathos” das palavras de Morrison. O grande admirador do filósofo alemão Friedrich Nietzsche prova em Absolutely Live que só a força se pode juntar à força e que é preciso o caos interior para gerar uma estrela dançante. E a “estrela dançante” revela-se aqui deambulando entre a metafísica de canções como “Universal Mind”, a lírica profética de “When The Music ‘s Over”, a encenação da personagem de um pregador em “Petition The Lord With Prayer” e a terrível, lancinante poesia narrativa de “The End”. E revela-se, também, na inusitada capacidade de improviso da banda, também ela no auge da sua capacidade musical, metamorfoseando as canções e expandindo os seus limites para territórios até aí inexplorados de consciência e percepção.
Se, como atrás ficou dito, Absolutely Live não é exactamente um disco ao vivo – já que não resulta da gravação homogénea de um único concerto – resultando, isso sim, de uma “montagem” altamente criteriosa de momentos escolhidos de vários concertos, destinada antes de mais a compor um retrato multiforme das actuações ao vivo da banda, o registo ilustra cabalmente o modo como Morrison assimilou e interpretou “A Origem da Tragédia”, de Nietzsche, a dualidade entre apolíneo e dionisíaco e o modo como essa dualidade ultrapassa o antagonismo e se transmuta em palco numa catarse colectiva orgiástica, celebratória e xamanística.
Falta ainda referir uma outra dimensão, evanescente e seguramente a mais importante deste documento: a forma como Morrison, o poeta, á solta num palco com a sua banda, face à multidão de co-celebrantes embriagados de música e de palavras, excitada até aos limites do suportável pelo carisma e energia do cantor, se confronta com a sua própria mortalidade e com ela se concilia, ao mesmo tempo que convoca e apela às forças primordiais da vida. Aliás, a outra coisa não se refere o título Absolutely Live.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

ROCK NUMA TARDE DE VERÃO

 

 

O Verão entrava em velocidade de cruzeiro e o calor apertava sem piedade. Num vale esquecido do interior norte (como em quase todas as povoações no mês de Agosto) celebrava-se a festa da terra ou do santo padroeiro, ou de outra coisa qualquer. O importante naquela época do ano era celebrar, aproveitar o regresso temporário dos emigrantes, o ar livre, os comes e bebes, enfim, julgo que já perceberam a ideia…

A banda cumpria o calendário estabelecido pelo empresário em finais de Maio. E, se nalguns locais a magia era enorme e as noites inesquecíveis, noutros era apenas uma data sem memória, uma hora de música tocada pela banda em circuito fechado e um bando de basbaques a olhar para nós e a tentar perceber o que se passava no palco. Mas naquela tarde não foi assim. Aliás essa foi a actuação que marcou para sempre a memória da digressão daquele ano.

Avancemos…

Devia ser por volta das cinco, cinco e meia da tarde que o mestre de cerimónias nos apresentou. De manhã tinha havido procissão com o andor do santo da terra seguido de missa, almoço, romaria, foguetes. Comera-se bem e bebera-se ainda melhor. Depois de tanta cerimónia, tanto foguetório e tanta comezaina, um breve concerto de Rock talvez não fosse o remate adequado para aquele dia. Havia pessoal a cantar sozinho, um ou outro dormia debaixo da tenda da quermesse com os pés de fora, enfim, o cenário estava muito mais virado para o fim de uma dura batalha do que para musica e cantorias. Daí que, a assistência fosse muito limitada, não mais do que dez, quinze pessoas. Olhámos uns para os outros, encolhemos os ombros e arrancámos. Havia um contrato para cumprir e uma digressão para executar. E fomos. No fim da primeira canção recebemos uns aplausos esparsos de boa vontade porque afinal “os rapazes estavam ali a trabalhar”… A meio da segunda canção começamos a perceber que a atenção da assistência mudava de direcção. De vez em quando olhavam para o lado direito e esqueciam-se completamente do palco. Ainda pensei que estávamos a tocar mal mas rapidamente percebi que não era o caso. As anteparas laterias não nos deixavam ver o que se passava, só conseguíamos ver à nossa frente. Começámos a perceber que naquele dia não nos conseguiríamos entender. Era abreviar e despachar para voltar à estrada a caminho de outra terra na esperança de audiências mais colaborantes. Até que , a meio do terceiro tema que estávamos a tocar, as pessoas arrancam e vão-se embora na direcção para onde estavam a olhar anteriormente. Não ficou ninguém. Um a um fomos silenciando os instrumentos. Viémos à boca do palco e espreitámos. Finalmente a solução do mistério. Quatro ou cinco bêbados à porrada entre eles e a multidão a observar entusiasmada. Mistério resolvido. Sentámo-nos na beira do palco e ficámos por ali a observar também, concluído que estava mais um dia de trabalho. Pouco depois chegou o jipe da guarda com dois elementos. O condutor, assim que saiu torceu um pé e já não conseguiu andar mais. O outro ajudou-o a sentar-se na parte de trás da viatura com a perna estendida. Passou por nós, cumprimentou-nos e dirigiu-se até ao foco da ocorrência. Com as mãos nas ancas olhou para uma lado e para o outro, avaliando a situação. Depois dirigiu-se a uma das barracas da feira e pegou num poste comprido que estava perdido no chão. Voltou ao local e com o poste foi empurrando o grupo para um lado e para o outro até os conseguir juntar. Quando estavam todos ao alcance do comprimento do poste empurrou-os devagarinho para fora do recinto na direcção de um curral vazio. Com muita perícia e muito jeitinho conseguiu meter o grupo todo dentro do curral. De seguida rodou a cancela e trancou-a com uma argola metálica. Sacudiu as mãos, voltou a passar em frente ao palco e concluiu :

Podem continuar o espectáculo…


(Esta história é verdadeira e foi-me contada há muitos anos por um amigo, músico profissional)


Artur