terça-feira, 29 de novembro de 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

QUEM DEVE O QUÊ, AFINAL...

http://www.bbc.co.uk/news/business-15748696

Ao consultar o link acima referenciado, da BBC NEWS BUSINESS, ficamos com um quadro mais esclarecido acerca da economia mundial, sobretudo relativamente aos montantes de dívida de cada país. As agências de rating estão a saír cada vez pior na fotografia, tanto pela duvidosa honestidade das suas conclusões como da ligação a poderes ou rostos não conhecidos que estão a fazer lucros imorais com esta palhaçada toda. Está na hora de uma ampliação consciente da movimentação cívica de todos os europeus. Ou nos despachamos ou não estaremos cá para seja o que fôr. Primeiro voltamos todos a ser pobrezinhos para os riquinhos se continuarem a encher. Depois, os que sobreviverem esperam pelas migalhas generosas daqueles que os roubaram. Ou, dizendo de outra maneira: estamos a passar da fase Civilizacional para a fase da Lei da Selva.

domingo, 27 de novembro de 2011

O TESTAMENTO DOS POBREZINHOS

“ Não é possível, nas zonas menos populosas sustentar os investimentos feitos com a ambição de assegurar água de boa qualidade.”

Assunção Cristas, Min. Do Ambiente, Correio da Manhã em 23/11/2011


Os pobrezinhos têm que perceber que vão ter que morrer para os outros conseguirem manter o seu nível de qualidade de vida. As zonas menos populosas que se vão abastecer de água ao raio que as parta porque a água é mais necessária na rega dos campos de golf, essa fonte milionária de receitas de turismo e desenvolvimento económico cujo IVA não subiu, onde os bacanos se vão pavonear e dar ao taco e fazer umas festas daquelas que fazem os bacanos quando se encontram todos, e vão lá as revistas que também são deles para fazer reportagens. Apesar de carregados com cada vez mais impostos, o Estado está cada vez mais fraquinho para andar a abastecer populações com água de qualidade. Assim vai vender a exploração, vai privatizar o serviço, vai dar essa responsabilidade a outro. Outro que vai fazer dessa responsabilidade uma actividade lucrativa e que, quando lhe apetecer, desliga a torneira e marcha na direcção de outro negócio mais rentável. Os pobrezinhos têm que se convencer que há luxos a que não se podem dar, apesar de no passado terem sido quase obrigados a endividar-se até ao pescoço pelas leis, pelos bancos e pelas políticas dos bacanos para, por exemplo, comprar a sua própria casa. Os pobrezinhos têm que se convencer que apesar de pertencermos a um país que no passado conseguia ocupar os últimos lugares em quase todos os índices de desenvolvimento na União Europeia, esse tempo acabou. Esse fausto, essa vida ociosa com Saúde, Educação, Justiça e Segurança Social, todo esse luxo acabou porque afinal não há dinheiro. Essa fonte esbanjadora de direitos, tentativa de equilíbrio de assimetrias sociais e respeito pela fragilidade, essa irresponsável protecção aos mais fracos, aos incapazes, aos deficientes, esse regabofe de dinheiro mal gasto tinha que acabar. Esse devaneio civilizacional com direitos para todos, mais protecção do trabalho, mais igualdade de tratamento, cidadania, qualidade de vida, bem-estar, todos estes luxos se transformaram numa despesa incomportável, que não pode continuar.
Volta tudo a viver na floresta, a beber água da fonte, a cheirar mal, a participar como carne para canhão nas guerras dos bacanos entre eles, e a fazer aquelas coisas que os pobrezinhos costumam fazer. Depois, se se portarem bem, uma vez por semana terão direito a uma visita ao castelo dos bacanos para receber a esmolinha destas almas profundamente devotas e tementes a Deus.
Os pobrezinhos têm que perceber que a Lei da Selva é a melhor opção para a resolução de todos os nossos problemas. Quem estiver apto sobrevive, quem não estiver desaparece. Mesmo que os bacanos roubem todos os créditos de aptidão que os pobrezinhos entretanto adquiriram.

Artur

GUERNICA



Conta-se que, durante a ocupação alemã da França durante a II Guerra Mundial, Picasso participou numa exposição onde se incluía o famoso quadro que registava o massacre resultante do bombardeamento desnecessário da aldeia basca pela aviação alemã. Um oficial alemão aproximou-se do quadro e deteve-se a observá-lo durante algum tempo. Depois virou-se para o autor.
- Foi você que fez isto? - Picasso voltou-se para ele calmamente.
- Não...foram vocês.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

DEVOTOS DO ONANISMO








Os Gregos antigos consideravam bárbaros todos aqueles que não falassem a sua língua. As linguagens dos outros povos pareciam-lhes como borborigmos ou balbuceios infantis, sendo essa a origem fonética do termo (babar, baba, barbaroi). Noutra dimensão, os bárbaros, por não falarem o grego, estavam excluídos da cultura e do grau de civilização que os helénicos tinham atingido e, não a compreendendo, ambicionavam unicamente destruí-la e colocarem no seu lugar o seu modo de vida cavernícola e primitivo. São inúmeros os relatos angustiados de gregos e romanos por causa da ameça permanente dos bárbaros às portas da cidade. Nós, os portugueses de 2011, já não tememos os bárbaros às portas da Cidade; eles já estão cá dentro e são eles que agora a governam.


Na terminologia castrense designam-se como "danos colaterais" as vítimas civis de determinadas acções militares; todos aqueles que estavam no sítio errado à hora errada, não constituindo do ponto de vista ético-moral ou jurídico qualquer embaraço para quem empreende a acção. Temos pena, mas... Para estes godos que nos (des) governam, e sobretudo para os seus mandantes, o povo português é um dano colateral. Temos imensaaaaaa pena, mas...


Aliás, dizer que estes godos nos governam só pode resultar de uma extrema benevolência (afinal, estamos na quadra natalícia...). Esta rapaziada, afinal, não passa de um vicariato, constituindo-se como mandaretes da filial portuguesa da Goldman Sachs e, num nível abissalmente patológico, numa Central do Ódio Institucional: O Primeiro odeia a lógica, a gramática, a sintaxe e, de um modo geral, a língua materna, preferindo quiçá, uma qualquer forma de crioulo originado em Massamá; a ministra da justiça - uma criatura que expele ódio e azedume por todos os poros - odeia os advogados, os presos preventivos, os arguidos, os condenados, os culpados e os inocentes, exceptuando desse ódio universal os grandes escritórios de advocacia, precisamente aqueles que facturaram milhões à custa dos negócios ruinosos que engendraram para o Estado, beneficiando os grupos privados que capturaram o aparelho estatal e nos conduziram à actual situação; o Audi Mota Soares odeia os desfavorecidos, os pensionistas, os desempregados, os beneficiários do RSI e , de um modo geral, toda esta malta pindérica que por um ou outro motivo vive dependurada das altas benesses que a Segurança Social lhe proporciona; o Macedo "Carinha Laroca" ex-Impostos odeia os doentes, médicos, enfermeiros, hospitais e Serviço Nacional de Saúde, perdendo-se de amores pelos seguros privados, sobretudo aqueles que são vendidos na mercearia do grupo financeiro para o qual trabalha/trabalhou (riscar o que não interessa); o luso-brasileiro Relvas odeia a RTP e o serviço público de televisão (não confundir com o serviço privado do mensalão), autarcas bolcheviques e o povinho que não votou PSD; Álvaro O Português de Vancouver, odeia as ideias que não se enquadrem na sua visão cosmopolita do Mundo, cabendo nessa triste e abrangente categoria TODAS AS IDEIAS; Gasparzinho odeia os funcionários públicos e os trabalhadores em geral, considerando-os os grandes culpados do défice e da dívida e uma gentalha ignorante e iletrada que não se familiarizou com as teorias de George Friedman e dos Chicagos Bois (perdão, onde se lê "Bois", deve ler-se "Boys"; mais uma vez as gralhas tipográficas a prejudicarem a qualidade da prosa); Assunção Cristas não odeia ninguém; coitadinha ainda não sabe onde caiu nem o que anda por ali a fazer; o Branquinho também se exceptua deste ódio universal e viscoso; adora os submarinos e os Pandur e orgulha-se do garbo dos militares em parada, já não achando tanto graça quando os mesmos se manifestam em frente ao Ministério do Gasparzinho; o Crato talibã odeia professores, alunos e auxiliares, sobretudo aqueles que subvertem as altas concepções que possui da educação, ou seja, de si mesmo; Portas odeia Portugal mantendo-se longas temporadas no exterior, a promover a nossa imagem e a nossa economia, com os brilhantes resultados que se têm visto; Viegas, o excelente gastrónomo, odeia o cinema, o bailado, as artes plásticas, o teatro e Diogo Infante. E por aqui me fico, que já me estou a sentir à beira do vómito e conspurcado por esta maré viva de ódio e mesquinhez, mas não sem antes referir duas notórias excepções a tamanha sanha: existem duas classes profissionais que estão isentas desta baba viscosa, não porque não mereçam ser odiadas e execradas, mas porque o temor que inspiram a Gasparzinho e Cia. se sobrepõe ao ódio: tal como todos os cobardes (que são, como se costuma dizer, fracos com os fortes e fortes com os fracos) refugiam-se em subterfúgios justificativos do tremor que os assola perante os militares (que têm os meios suficientes e necessários para provocar revoluções e golpes de estado) e perante as polícias (que lhes asseguram a tranquilidade através da repressão da putativa agitação social, coisa que, de resto, o Primeiro fez questão de pré-anunciar há alguns meses atrás, não vá o Diabo tecê-las...). E assim vamos. A este rolo compressor da inteligência chama-se XIX Governo Constitucional.


Para terminar, queria só relembrar a resposta de Roland Barthes à revista "Lire", quando questionado sobre o conceito de estupidez: "A estupidez é a euforia do lugar".

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

MIDNIGHT IN PARIS


Woody Allen

EUA, Espanha, 2011



Hemingway achava entediante escrever sobre a América. Para ele tudo o que tinha realmente interesse estava situado no continente europeu. A tarefa de escrever sobre o seu país natal ficava para Scott Fitzgerald. Por outro lado, a crítica americana nunca se entendeu com Woody Allen (ou Cassavettes) ao contrário da sua congénere europeia. Sendo um produto perfeito da cultura americana, a obra de Woody Allen não se inscreve no entanto na parte dominante que a essa mesma cultura diz respeito. Fundamentalmente, e nunca deixando de ser americanos, o que os dois autores evidenciam é, para além de uma enorme admiração pela cultura europeia, uma consciência do fenómeno cultural a uma escala global. E essa quebra das barreiras do entendimento pode ser extensível à própria forma como o criador entende o seu tempo, os outros tempos, buscando aqui e ali o seu espaço de cumplicidade com aqueles que, não estando, estão sempre. E à meia-noite, se estivermos no lugar certo em Paris, ao toque dos sinos estaremos a embarcar para um Peugeot dos anos 20 a caminho de uma festa com todos aqueles que admiramos. E é isso que acontece neste filme, onde a realidade, a comédia, o sarcasmo e a ironia se entrelaçam subtilmente.
Fazendo a viagem inversa de A ROSA PÚRPURA DO CAIRO, em que os personagens de um filme saltavam da tela para a realidade, neste caso é a própria realidade que troca de roupa e se veste como há 90 anos atrás. Gil (Owen Wilson) é um argumentista bem sucedido em Hollywood que quer tornar-se escritor. Aproveitando uma viagem com a sua noiva (Inez) a Paris, sonha com a possibilidade de se fixarem naquela cidade. Uma mansarda com clarabóia, os mercados de rua e a nostalgia dos seus criadores preferidos marcam um fascínio que em nada é acompanhado por ela. Inez personifica a América saloia e endinheirada, de fascínio instantâneo e imediatamente esquecido. Uma menina mimada que na primeira oportunidade aproveita para se envolver com um antigo colega da Faculdade, um pedante que sabe sobre tudo e mais alguma coisa, mesmo quando não sabe. Aí está a parábola da relação do realizador com o público americano atrás referida… Gil é Woody Allen, representa como ele, e torna-se o lado fraco do filme na medida em que não corresponde em termos comportamentais à expectativa apaixonada do escritor que pretende ser. É demasiado passivo, neurótico, demasiado deslumbrado com o passado, pouco seguro de si para um argumentista de sucesso na indústria cinematográfica. Carla Bruni tem um aparição interessante, nem muito forçada nem exagerada. A sua presença é bastante agradável e cumpre na plenitude a sua função de actriz secundária.
Cole Porter, Fitzgerald (Scott e Zelda), Picasso, Hemingway, Gertrude Stein, Dali, e muitos outros, apresentam-se como uma selecção dos anos 20, cada um com a sua característica, mais de apresentação formal do que de realidade humana. Assim como Paris se apresenta mais na sua qualidade de postal turístico do que de uma realidade urbana mais crua. Mas nada disso afecta o espírito do filme, antes pelo contrário. Ao embarcar para uma realidade fora da nossa realidade, o realizador convida-nos a visitar um lugar mais idealizado do que experienciado, ou vivido. E essa dimensão corporiza-se em Amanda, inicialmente amante de Picasso, por quem Gil acaba por se apaixonar. Enquanto Gil é fascinado pelos anos 20, onde tudo aconteceu, Amanda tem exactamente a mesma opinião sobre a “Belle Époque”, o tempo em que terminava o século XIX e o XX começava. Nesse tempo, em pleno Moulin Rouge, Gil e Amanda despedem-se depois de perceberem que é impossível ficarem juntos. Mesmo noutros tempos, ou em tempos idealizados não há finais felizes. E não há porque as pessoas sonham com o que não têm, idealizam o que não viveram, com toda a injustiça que essa atitude acarreta.
De volta ao seu tempo, Gil termina o seu noivado com Inez e decide que vai ficar a morar em Paris. No ar fica um possível encontro com a vendedora de discos antigos (Cole Porter) no mercado de rua.
Midnight em Paris deve ser visto mais como um encontro entre amigos, uma reunião de companheiros dos mesmos ideais. Uma ternura dividida com os espectadores europeus que sempre se mantiveram e mantêm fiéis ao génio deste realizador.

Artur

JOBS




segunda-feira, 7 de novembro de 2011

MARGINALIA

Marginalia: anotações, comentários, sublinhados, sinais gráficos deixados por um leitor na margem e à margem do texto impresso


"Não encontrarás novos países, não descobrirás novas margens. A cidade seguir-te-á..."





Sei de Kavafy pela paixão avassaladora de Marguerite Yourcenar: o grande espírito da escritora gostava de se apaixonar por homens que amavam outros homens. Essa qualidade do seu destino, que alguns considerariam trágica, tornou-se com o passar do tempo uma "imagem do pensamento", como diria Walter Benjamin, uma luz que ilumina uma zona obscura daquela que outrora foi Crayencour antes de ser Yourcenar.



Que poderia o velho Kavafy oferecer à jovem Marguerite ? O quê, para além dessa vagabundagem poética pelo Mediterrâneo, entre as ruínas do mundo grego e esses vislumbres de Adriano e do inalcançável Antínoo para o qual o Imperador, no auge da dor, mandou construir cidades e milhares de estátuas e ao qual erigiu um culto digno do jovem deus afogado nas águas do Nilo ? Curiosa inversão de papéis: Kavafy torna-se, de algum modo, um Antínoo idoso, poeta e sábio, e Marguerite desempenha o papel do amante que, não podendo consumar a paixão, dedica o resto da vida ao culto do amado desaparecido ainda em vida.



A sombra de Kavafy vagueia entre os velhos cafés de Alexandria, pára durante um momento frente às lojas de especiarias aspirando os odores misturados e apreciando as pirâmides de cores, compra uma laranja e fá-la rodar devagar entre as mãos enquanto se dirige para o porto. Marguerite não voltou a Alexandria. Não voltará jamais.



"Não digas que o teu ouvido te enganou ou que não era senão um sonho... Comovido, mas sem te abandonares às orações e às súplicas dos cobardes, experimenta um último prazer ao escutar os sons dos delicados instrumentos do cortejo divino, e saúda Alexandria, que não voltarás a ver"







quarta-feira, 2 de novembro de 2011

I Always Contradict Myself


Os gregos antigos não tomavam nenhuma decisão - política, administrativa, financeira, militar, etc - sem consultarem previamente o Oráculo de Delfos. Depois, faziam exactamente o contrário daquilo que tinha sido predito e aconselhado pelo Oráculo.





O SONHO


(Foto de Sofia P. Coelho)
O sonho partiu ao amanhecer, deixando nos lençóis um breve rasto que se podia cheirar. O barco caiu no degrau da linha do horizonte antes de desaparecer atrás das vagas monótonas e da bruma do mar. Os passos que se foram desenhando ao longo da praia desapareceram nos primeiros instantes da próxima maré-cheia. Ficou o piar das gaivotas, um cachimbo apagado que adormeceu na mesa da sala, uma página escrita até metade com uma frase por acabar. A vida foi tropeçando cada vez mais vezes nas pedras e nos buracos da areia, foi perdendo vontade e chama, à medida que a noite caminhava sem destino para a manhã se instalar. As pernas deslizaram sem vontade para fora da cama, deixando que os pés se fossem enterrando na realidade, o corpo flutuou pelo mar dentro, esquecido do frio. O cigarro acendeu-se ao fim de várias tentativas sopradas pelo vento. E deixou-se queimar, perdido no meio dos dedos.
Tudo se apresentava ou tentava apresentar na sua melhor forma antes de desaparecer. Tudo começava em força para melhor poder acabar. E o que ficava repetia-se, repetia-se até à exaustão, sem fim. Era o que entrava e saía desta monotonia que marcava alguma coisa. O que começava e corria tranquilamente na essência do seu fim. O que ficava para se repetir pertencia a este lugar. Mas tudo o resto, tudo o que não era mais do que breve visitante, tudo o que estava de passagem, tudo aquilo que tinha um fim era apenas a força da vida do quadro inteiro. Sem esse elemento passageiro, os ciclos não tinham significado, não serviam para nada. Esse elemento que éramos nós, os intrusos, temporários utilizadores dos cenários eternos repetidos sobre si próprios. E não havia magia nem significados escondidos nem propósitos transcendentes nem nada a não ser a normalidade com que tudo acontece, mesmo quando acontece de forma anormal.
A página escreveu-se, a frase terminou, o cachimbo fumou-se, o amor explodiu, a fogueira ardeu. E quem partiu fechou a porta da casa alugada e devolveu as chaves ao dono. Alguém ficou na praia a dizer adeus até o adeus partir também, perdido no meio dos dedos. O sonho partiu ao amanhecer…

Artur