terça-feira, 22 de novembro de 2011

DEVOTOS DO ONANISMO








Os Gregos antigos consideravam bárbaros todos aqueles que não falassem a sua língua. As linguagens dos outros povos pareciam-lhes como borborigmos ou balbuceios infantis, sendo essa a origem fonética do termo (babar, baba, barbaroi). Noutra dimensão, os bárbaros, por não falarem o grego, estavam excluídos da cultura e do grau de civilização que os helénicos tinham atingido e, não a compreendendo, ambicionavam unicamente destruí-la e colocarem no seu lugar o seu modo de vida cavernícola e primitivo. São inúmeros os relatos angustiados de gregos e romanos por causa da ameça permanente dos bárbaros às portas da cidade. Nós, os portugueses de 2011, já não tememos os bárbaros às portas da Cidade; eles já estão cá dentro e são eles que agora a governam.


Na terminologia castrense designam-se como "danos colaterais" as vítimas civis de determinadas acções militares; todos aqueles que estavam no sítio errado à hora errada, não constituindo do ponto de vista ético-moral ou jurídico qualquer embaraço para quem empreende a acção. Temos pena, mas... Para estes godos que nos (des) governam, e sobretudo para os seus mandantes, o povo português é um dano colateral. Temos imensaaaaaa pena, mas...


Aliás, dizer que estes godos nos governam só pode resultar de uma extrema benevolência (afinal, estamos na quadra natalícia...). Esta rapaziada, afinal, não passa de um vicariato, constituindo-se como mandaretes da filial portuguesa da Goldman Sachs e, num nível abissalmente patológico, numa Central do Ódio Institucional: O Primeiro odeia a lógica, a gramática, a sintaxe e, de um modo geral, a língua materna, preferindo quiçá, uma qualquer forma de crioulo originado em Massamá; a ministra da justiça - uma criatura que expele ódio e azedume por todos os poros - odeia os advogados, os presos preventivos, os arguidos, os condenados, os culpados e os inocentes, exceptuando desse ódio universal os grandes escritórios de advocacia, precisamente aqueles que facturaram milhões à custa dos negócios ruinosos que engendraram para o Estado, beneficiando os grupos privados que capturaram o aparelho estatal e nos conduziram à actual situação; o Audi Mota Soares odeia os desfavorecidos, os pensionistas, os desempregados, os beneficiários do RSI e , de um modo geral, toda esta malta pindérica que por um ou outro motivo vive dependurada das altas benesses que a Segurança Social lhe proporciona; o Macedo "Carinha Laroca" ex-Impostos odeia os doentes, médicos, enfermeiros, hospitais e Serviço Nacional de Saúde, perdendo-se de amores pelos seguros privados, sobretudo aqueles que são vendidos na mercearia do grupo financeiro para o qual trabalha/trabalhou (riscar o que não interessa); o luso-brasileiro Relvas odeia a RTP e o serviço público de televisão (não confundir com o serviço privado do mensalão), autarcas bolcheviques e o povinho que não votou PSD; Álvaro O Português de Vancouver, odeia as ideias que não se enquadrem na sua visão cosmopolita do Mundo, cabendo nessa triste e abrangente categoria TODAS AS IDEIAS; Gasparzinho odeia os funcionários públicos e os trabalhadores em geral, considerando-os os grandes culpados do défice e da dívida e uma gentalha ignorante e iletrada que não se familiarizou com as teorias de George Friedman e dos Chicagos Bois (perdão, onde se lê "Bois", deve ler-se "Boys"; mais uma vez as gralhas tipográficas a prejudicarem a qualidade da prosa); Assunção Cristas não odeia ninguém; coitadinha ainda não sabe onde caiu nem o que anda por ali a fazer; o Branquinho também se exceptua deste ódio universal e viscoso; adora os submarinos e os Pandur e orgulha-se do garbo dos militares em parada, já não achando tanto graça quando os mesmos se manifestam em frente ao Ministério do Gasparzinho; o Crato talibã odeia professores, alunos e auxiliares, sobretudo aqueles que subvertem as altas concepções que possui da educação, ou seja, de si mesmo; Portas odeia Portugal mantendo-se longas temporadas no exterior, a promover a nossa imagem e a nossa economia, com os brilhantes resultados que se têm visto; Viegas, o excelente gastrónomo, odeia o cinema, o bailado, as artes plásticas, o teatro e Diogo Infante. E por aqui me fico, que já me estou a sentir à beira do vómito e conspurcado por esta maré viva de ódio e mesquinhez, mas não sem antes referir duas notórias excepções a tamanha sanha: existem duas classes profissionais que estão isentas desta baba viscosa, não porque não mereçam ser odiadas e execradas, mas porque o temor que inspiram a Gasparzinho e Cia. se sobrepõe ao ódio: tal como todos os cobardes (que são, como se costuma dizer, fracos com os fortes e fortes com os fracos) refugiam-se em subterfúgios justificativos do tremor que os assola perante os militares (que têm os meios suficientes e necessários para provocar revoluções e golpes de estado) e perante as polícias (que lhes asseguram a tranquilidade através da repressão da putativa agitação social, coisa que, de resto, o Primeiro fez questão de pré-anunciar há alguns meses atrás, não vá o Diabo tecê-las...). E assim vamos. A este rolo compressor da inteligência chama-se XIX Governo Constitucional.


Para terminar, queria só relembrar a resposta de Roland Barthes à revista "Lire", quando questionado sobre o conceito de estupidez: "A estupidez é a euforia do lugar".

1 comentário:

Anónimo disse...

Merecia uma partilha mais global este texto...Um grande abraço, João Nuno Teixeira