sexta-feira, 10 de abril de 2020

Diário da Peste 31/3/2020

Um assunto que, lentamente, ocupa todo o tempo, que condiciona todo o espaço (territorialisando todos), que influi em todos os actos da vida e monopoliza toda a atenção. Sim, o desejo do retorno ao que era, ainda no início deste ano, é mais forte do que nunca. Não, esse mundo já desapareceu, não há nada para onde voltar. Quanto mais não seja pela crise económica que se anuncia, e cuja consequência, como todas as crises económicas precedentes, tem o sortilégio de transformar profundamente o mundo. A última, que se arrastou por 10 anos, provocou infinda miséria em Portugal, perturbou a vivência de todos e quando se dela saiu trouxe consigo a praga que foi o turismo (e a gentrificação) embora, ainda assim, isso tenha ajudado a superá-la. Agora, a crise económica será acompanhada, com probabilidade, de aspectos ainda mais sinistros. É como uma grande onda que empurrará para o fundo os náufragos já cansados, já demasiado cansados de tanto nadar.

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