Dei por mim a fazer contas. Já não vou ao cinema quase há um ano. Não porque não goste, não porque não consiga arranjar tempo, mas principalmente porque o cinema se tornou num parque temático para anormais em vez de uma Arte digna desse nome. Nos últimos anos o cinema "atabafou-se" de efeitos especiais e histórias idiotas e rendeu-se completamente á contabilidade esquecendo a Humanidade. E se não fôsse um senhor chamado Paulo Branco que insiste em delírios de obstinado e resistente distribuidor, em termos cinematográficos podíamos ser mais um estado americano no que ao entretenimento diz respeito.
Como qualquer forma de arte digna desse nome, o Cinema já foi um espaço de debate, de denúncia, de reflexão, ajudando a Humanidade nessa infinita tarefa que é a de se conhecer a si e ao mundo onde vive. Nada tenho, como nunca tive, contra o puro entretenimento, as histórias da "carochinha", a imprensa côr de rosa e a literatura "light". Não posso aceitar é que essas modalidades ocupem todo o espaço disponível, deixando às outras as ruas para passear. Quero ver mais cinema europeu!!! Quero ver mais filmes do resto do mundo, estudos comparados, debates de opinão, quero conhecer melhor a História do meu país tratada cinematográficamente. Quero ser um cidadão do meu território em vez de saber melhor a historiografia americana em prejuízo da minha. Perdermos a nossa cultura é perdermos a nossa identidade. E quem perde a identidade cultural pura e simplesmente...não existe. Eu, pessoalmente quero continuar a existir.
ARTUR
3 comentários:
Artur ... escreve ... que o pessoal trata do resto ! Da tua existência, quero dizer!!
Concordo consigo, Artur! Também se passa muito tempo sem que eu vá ao cinema! Já ao magnífico clube de vídeo aqui ao pé da minha casa, não há semana que lá não vá... O cinema independente impera por lá, e filmes europeus não faltam! Graças a Deus! E vendo-os no recato do lar, sempre escapamos ao som odioso das pipocas!
É verdade, o que é pena é que tenhamos que fugir e evitar a magia da grande sala escura para podermos visualizar filmes do nosso próprio continente. Fellini disse um dia : "No futuro, os amantes de cinema vão ser obrigados a ver filmes em situações de quase clandestinidade, tal como os primeiros cristãos em Roma que se reuniam em catacumbas para executar os seus ritos religiosos". Obrigado pela visita...volte sempre
ARTUR
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