sexta-feira, 5 de outubro de 2007

VIVA A REPÚBLICA

A revolução republicana faz hoje 97 anos e caminha a passos largos para o seu primeiro centenário. Na altura havia apenas outro regime idêntico em toda a Europa, o francês. Em 1910 o regime monárquico apodrecia por dentro e entrava em circuito fechado sem soluções à vista. O estado de graça da monarquia constitucional termina cerca de 30 anos antes com a questão do Mapa Côr de Rosa. Intelectuais e operários encabeçam a luta do movimento republicano, arrastando consigo uma enorme massa urbana de uma classe média cansada de se ver sistemáticamente esquecida tanto nos privilégios sociais como na hora da distribuição da riqueza. Republicanos, socialistas e anarquistas, ao fim de algumas tentativas goradas, conseguem finalmente triunfar e inaugurar uma nova era no início do séc. XX. O que aconteceu depois pode e deve ser lido em duas vertentes: a do espírito e a da ganância. Se por um lado, uma vez estabelecida a ordem republicana o crescimento de grupos e sub-grupos políticos e sociais criam a instabilidade política, governativa e social, por outro o conceito de "cidadão", o combate ao analfabetismo, o progresso das artes e ciências conheceram tempos de glória durante este período. As pessoas passaram a valer pelas suas capacidades e não pelo acidente do nascimento. A consciência social permitiu uma melhoria muito considerável nas condições de vida das pessoas. Factores negativos como a corrupção, a nossa participação na I Guerra Mundial, o desiquilíbrio financeiro bem como a ausência de soluções governativas concretas e duradouras, ditou o fim de um regime. Mas foi tempo de festa e de luta e muitos dos que passam a vida a vivei como os cogumelos à volta das árvores tiveram que procurar ainda que temporariamente, outra floresta para explorar. Durante a festa estivémos vivos e fizémos coisas importantes. A República e o sistema republicano continuam hoje em dia a ser um dos sistemas mais equilibrados que conhecemos. As suas doenças e os seus erros confrontam-se directamente com a possibilidade de serem corrigidos, a bem ou a mal. Raios partam a casa de bragança que tanta merdança no fez caír em cima. Viva a República !
ARTUR

4 comentários:

José Ceitil disse...

Artur
As romagens de saudade não "fazem" o meu género. Dar vivas aos mortos e enterrados - mesmo parcialmente...-pode ser um exercício desopilante mas não deixa de ser nostálgico e passadista. Para não repetir o que já disse hoje num comentário no blog da cati"o meu pequeno mundo louco", sugiro que passes por lá.
P.S.- Confessa que isto dos blogs tem a sua piada...

redjan disse...

Art: pensa lá bem ... aqui a bosta não é o Rei nem o Sr. Presidente. É mesmo a alcateia de ursos ( wowwww, pus uma alcateia feita de ursos e não lobos, mas nós de lobos nada temos e o nome do conjunto de animais que mais gosto é mesmo este !! ) ... de ursos dizia, que governado por reis, presidentes, ministros ou chefes de turma .. acaba sempre por fazer prevalecer a sua máxima: os outros que se fodam, a mim não me engrupem, pelo sim pelo não deixa-me mas é ir safando !!

redjan disse...

PS para o post anterior: confessa que isto dos blogues tem a sua piada !

Artur Guilherme Carvalho disse...

Trata-se de comemorar um tempo, neste caso uma revolução bastante original, bem como recordar intenções, ideias e estados de espírito. Claro que os "lobos" nunca se extinguem. Escondem-se na moita para voltar assim que assentar a poeira... Porisso é que eu sou anarquista. Granda abraço para bócemesêses...
Artur