Por vezes somos nada que partiu de algum lugar... Outras somos qualquer coisa que chegou a lado nenhum. Por vezes transportamos connosco o vento da nossa sombra na caminhada que parece não ter objectivo. Com as mãos cheias de nada conseguimos dar aos outros qualquer coisa. Por vezes rebentamos de desespêro por tudo à nossa volta ser nada, enchendo-nos de fel e acidez que nos podem consumir até nada sermos. Que nunca fômos nada é o que nos querem convencer quando já nada somos, para melhor aceitar o algo que sempre fomos. Por vezes separa-se o nada de nós e aí somos qualquer coisa que ri e chora e suspira e vibra e que está viva. Então percebemos que o nada ocupa um espaço de nós como o fígado ou os pulmões, mas nunca consegue ser tudo de uma vez. Se temos a consciência do Nada é porque também conhecemos o Tudo. Seremos carne e pó e terra e nada... mas nunca seremos uma coisa só. Porque cada um de nós é um enorme universo com lugar para todas as sensações e conceitos. O nada é apenas mais um...
ARTUR
3 comentários:
E talvez nos dias de nada sermos ... possamos pensar um pouco no tudo que nunca fizémos .... e no entanto Art ... nada e tudo, apenas dois bocados mais. Como bem escreves !! E que bem o fazes !!
Adorei...apesar de n sermos nada,uma coisa é certa somos únicos neste mundo do nada e ao mesmo tempo do tudo.
Jan, obrigado.
Cris, volta sempre, manda bocas, continua.Bjs
ARTUR
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