quinta-feira, 15 de junho de 2023

AGOSTINHO E A COERÊNCIA DO INCOERENTE



 

 "Não me preocupa no que penso nem a originalidade nem a coerência. Quanto à primeira, tudo aquilo com que concordo passa a ser meu — ou já meu era e ainda se me não tinha revelado. A minha originalidade está só, porventura, na digestão que faço. Pelo que respeita à coerência, bem me rala; o que penso ou escrevo hoje é do eu de hoje; o de amanhã é livre de, a partir de hoje, ter sua trajectória própria e sua meta particular. Mas, se quiserem pôr-me assinatura que notário reconheça, dirão que tenho a coerência do incoerente e a originalidade de não me importar nada com isso."

- Agostinho da Silva, Pensamento em Farmácia de Província, 1 [1977], in Textos e Ensaios Filosóficos II, p.319.

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