segunda-feira, 28 de abril de 2008

PASSAGEM


(Algures no Brasil. foto de Sofia P. Coelho)
Passagem, olhares de sempre fixados em lugar nenhum. Bancos impessoais, espaços neutros da barcaça de todos os dias que nos leva e traz sem fazer perguntas. Um braço estendido oferece qualquer coisa. Solidariedade, companheirismo, porque sim. Alívio do peso das pedras carregadas em cada jornada.
Cheiros, chulé anónimo, suor de fim de dia, brisa marítima sobre um fundo de gasóleo queimado que se liberta da casa das máquinas.
E o tempo vai passando assim, entre lágrimas e risos, entre crianças e velhos, entre vidas e mortes. A barcaça todos os dias, a mesma travessia, as mesmas expressões de olhares. Gestos, os solidários e os agressivos. No Tempo de dia nenhum, aqui estamos até estar, perdidos na rotina que nada diz, no ruído sem palavras, nos dias parecidos com coisa nenhuma. E cá andamos até perceber… qualquer coisa que seja, qualquer coisa diferente. Talvez outro rumo de barcaça com sentido de VIDA…
ARTUR

2 comentários:

Carlos Lopes disse...

Mais um belo preto-e-branco em imagem e palavras. Abraço.

Carlos Lopes disse...

Tens um desafio à tua espera no I Blog Your Pardon