quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

MFA





Como se sabe, o MFA, Movimento das Forças Armadas, fez o 25 de Abril de 74, foi parte integrante do período pós-revolucionário, e um elemento fundamental durante o PREC (processo revolucionário em curso).
Lembrei-me dele no passado dia 21 de Janeiro, porque estando em Boston, testemunhei uma de muitas manifestações populares em território americano. Uma imensa manifestação chamada Marcha das Mulheres, que além das mulheres tinha em igual percentagem, homens e crianças, a um nível como há décadas não acontecia por aquelas paragens.
Desde manhã cedo, dirigiram-se ao parque central da cidade, Boston Common, ostentando na grande maioria e transversalmente a sexo ou idade, barretes rosa convictamente enfiados cabeça abaixo.
A manifestação fez-se. A Marcha das Mulheres também. Com homens e crianças. E mulheres. A uma delas ainda ouvi dizer que não tinha queimado o soutien "para isto". Com o "isto", referia-se à tomada de posse de Trump no dia anterior. Não sei se o terá comprado só para o queimar, como forma de mostrar uma posição, o que é estúpido, se para se libertar de algo que a aprisionava, o que já é compreensível.

E lembrei-me do MFA, porque com a cidade em pleno estado de levantamento, acabei por dar por mim no MFA de Boston, que nada tendo a ver com forças armadas, tem contudo a ver com revolução de concepções e mentalidades, e os testemunhos que essas mudanças foram deixando pela História e na humanidade.
O Museum of Fine Arts de Boston, congrega no espaço de um grande edifício, os elementos culturais que testemunham a evolução de diversas civilizações que apareceram, algumas desapareceram e outras ainda, subsistem na casa de todos nós, este planeta que habitamos.

É na variedade cultural que se pode ver a verdadeira riqueza humana. A História palpitante nos objectos expostos das mais variadas áreas, remetem para lições que se não forem aprendidas ou deixadas esquecidas, tenderão a repetir-se.

E aqui voltamos à manifestação que decorria a um par de quilómetros de distância dali, não podendo eu deixar de fazer a analogia entre a década anterior à Segunda Guerra Mundial e a actualidade, pensando como terá sido possível que nos anos trinta do século passado, tivesse havido um ser que com o seu carisma conseguiu unir toda uma nação em torno de um projecto holocáustico, depois de com os seus discursos populisticamente inflamados, trazer à flor da pele de um povo tudo o que de mais negativo poderia espremer.
O resultado nefasto, saldou-se em milhões de inocentes mortos e cicatrizes que perduram até aos nossos dias e continuam a fazer vítimas.

O que possa estar a acontecer neste momento nos Estados Unidos, é algo verdadeiramente assustador.

Um fanfarrão alarve com a delicadeza de um marialva exibicionista emborrachado,  tem a chave do Portão do Inferno.

Hélder


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