sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O FIM DA FÊMEA LATINA

Ás vezes o tempo gasto a ver notícias da SIC, por exemplo, é amplamente compensado pela mensagem de esperança que esporadicamente nos é atirada à cara.

Em Braga existe por estes dias, a tradição de beber moscatel de Setúbal e comer bananas. É o Bananeiro.

Pelos vistos. tudo vai para a Rua  do Souto. Entrevistadas várias pessoas, todas assumem gostar mais do moscatel que da banana.
Até aqui tudo normal.

Mas eis que surgem três mancebos que admitem ter deixado as mulheres em casa e a trabalhar, que para eles agora, é hora de banana e moscatel.

Abençoados.

Já é hora de os homens portugueses lançarem o seu grito do Ipiranga e deitarem abaixo a FÊMEA LATINA!

É que já estou farto de ouvir amigos meus a dizer: 

'Ah e tal... Ela é muito minha amiga... Até me AJUDA em casa...'

Amigos meus!
Quando é que deixam essa mentalidade retrógrada de parte?
É que afinal quando os dois trabalham, as tarefas do lar devem ser repartidas! Ou não?
Deixem lá essa ideia do 'ELA AJUDA-ME...' e ponham-nas ao vosso lado a trabalhar em TODAS as tarefas domésticas. Afinal têm dois bracinhos, duas mãozinhas e uma cabecinha. Podem fazer as mesmas coisas em casa que vocês!

E para começar, nada melhor que o tratamento de choque do virar as costas à casa, ir 'póscopos' e deixá-las com o peso total de tratarem de tudo para os preparativos das mesas de Natal. É um excelente começo.

Pode ser que finalmente elas aprendam.

E que eles deixem de ser... Bananas...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

OS PORTÕES DO AMANHECER



Se entendermos as existências como linhas de vida depressa nos apercebemos que é nos momentos em que elas se cruzam que acontece alguma coisa de importante. Algo que nos fica na memória e nos acrescenta na evolução. A partir desses nós ou cruzamentos tornamo-nos sempre noutra coisa, algo completamente diferente do que éramos antes. Se bem que nunca a tenha considerado como prioritária em relação a outras, o certo é que em momentos decisivos ou importantes da minha existência a banda Pink Floyd sempre se fez notar enquanto efeito sinalizador como mais nenhuma outra ao longo de mais de cinquenta anos. Foi para tentar perceber este mistério que decidi escrever esta série de textos. Comecemos pelo princípio.
Os anos 60 marcaram uma época determinante, um tempo de ruptura e revolução como há muito o mundo não tinha visto. Talvez o elemento mais evidente e mais aglutinador de toda essa mudança tenha sido a música. De facto, nunca como a partir dessa década a música teve um papel tão relevante para a Humanidade ao ponto de se tornar quase a nova religião mais popular. Nos anos 60 aconteceu também uma coisa curiosa. Nasci eu.
É claro que em 67 eu nem sequer ouvia musica, antes vestia um bibe e caminhava para o jardim de infância. Mas os Pink Floyd estavam também no início da sua caminhada. “The Piper At The Gates Of Dawn” nasce nesse ano sendo posteriormente considerado como um dos melhores álbuns de rock psicadélico de sempre. O título tem origem no livro “Wind Of The Willows” (1908) de Kenneth Grahame, mais concretamente no capítulo 7. Tratava-se de um versão pastoral para jovens de evocação à natureza no vale do Tamisa. Uma mistura de misticismo com aventura, camaradagem e moralidade.
Sendo o primeiro e o único trabalho liderado por Syd Barrett podemos ouvir letras povoadas por espantalhos, animais humanizados e gnomos ao longo de passagens instrumentais de rock psicadélico.
Um ano depois as ruas de Paris soltam-se em explosões de Maio, entro para a escola primária e os Pink lançam o seu segundo trabalho: “A Saucerful Of Secrets”. Enquanto eu começava a aprender a ler e a contar, a banda revelava as linhas gerais que marcariam os seus próximos trabalhos. Em múltiplos contextos. Em primeiro lugar a continuidade de um trabalho iniciado com “The Piper…”, povoado de pausas prolongadas e tiradas repetitivas. Mas ao contrário do álbum de estreia completamente dominado pela mão de Syd Barrett, “A Saucerful…” conta apenas com um tema da sua autoria. Uma personalidade transbordante de génio bem como o consumo de ácidos davam lugar a um comportamento cada vez mais alheado de tudo em geral. Barrett deambulava pelo palco, participava ocasionalmente. Outras vezes conseguia estar uma entrevista inteira sem dizer nada. Um dia Waters ia pela estrada fora a conduzir uma carrinha e a recolher os elementos da banda. Alguém perguntou se valia a pena ir buscar o Syd. Todos disseram que não. David Gilmour é escolhido para a substituição. “A Saucerful Of Secrets contará apenas com um tema de Barrett, “Jugland Blues”. Seria a única vez em que todos os elementos dos Pink Floyd trabalhariam no mesmo projecto. Nesse ano a Rolling Stone classificou o álbum de “muito pouco interessante, a roçar a mediocridade”, ressalvando a saída de Barrett como uma das razões principais. Mais tarde os críticos emendaram a mão e reconheceram mérito numa obra “ de ambiente imaginário, um conto de fadas, entre um estado consistente e vívido, e outro espacial e etéreo com longas passagens instrumentais a servir de pontes entre os dois estados”. Barrett afastava-se do projecto mas apenas em termos físicos. O seu espírito ou o seu fantasma no entanto, ficaria de pedra e cal a pairar para sempre sobre o caminho do “fluído cor-de-rosa”. Em 1969 os Pink Floyd fazem a sua primeira incursão no cinema ao assinar a banda sonora do filme “More” de Barbet Schroeder, uma dissertação acerca do consumo, dependência e vertigem da heroína. O álbum com o mesmo nome incide essencialmente num trabalho acústico de baladas folk. No mesmo ano segue-se “Ummagumma”, um misto de estúdio e gravação ao vivo onde se encontram mais aproximações experimentais à música popular como os blues e o folk. Mais tarde todos confessaram ter detestado ambos os álbuns. De volta ao cinema vêm a integrar a banda sonora de ZABRISKIE POINT de Michelangelo Antonioni, partindo daí para “Atom Heart Mother” (70). Apesar de anos mais tarde tanto Waters como Gilmour se lhe referirem como “algo que nasceu de uma boa ideia mas acabou por ser muito mal trabalhado”, o sucesso comercial foi bastante bom. Contando a história de uma  mulher a quem é implantado um pacemaker movido a energia nuclear, a parte mais interessante radica no facto de se recuperarem partes instrumentais de trabalhos anteriores para posterior desenvolvimento. A entrada do tema homónimo do álbum, ao utilizar um extenso registo de orquestra aproxima os Pink Floyd do conceito de Rock Sinfónico. Uma tendência que se continuará a manifestar em “Meddle” (71), mais concretamente na introdução da faixa “Echoes”.
Nos primeiros anos de existência, ao procurar a construção de uma forma, ou mais concretamente de uma identidade, a banda deixa ficar pelo caminho algumas das traves mestras que viriam a influenciar toda a sua obra posterior. O fantasma omnipresente de Barrett, um tempo de consumo e estudo dos efeitos dos ácidos enquanto agentes de expansão da consciência, a procura de outros mundos, outras realidades, enquanto razão directa dessa expansão, o diálogo permanente entre várias formas de expressão artística, o conceito ainda por definir da expressão “multimédia”.
De facto, tanto para mim como para a maioria das pessoas, os primeiros contactos com a realidade não nos oferecem nenhuma tranquilidade nem conforto. Com menos de dois anos deixei de viver com os meus pais e fui para casa de uma avó. Fiz a escola primária em pleno Estado Novo com um crucifixo na sala entre as fotografias do Presidente da República e o Presidente do Conselho. Cá em baixo as aulas eram pontuadas por sessões de reguadas e ponteiradas na cabeça. Tudo isto antes de ter dez anos. Através do rádio, quase sempre ligado em casa, encontrei na música um caminho de fuga e alternativa à realidade, projectando sempre que possível os limites da imaginação para as narrativas dos livros e mais tarde para os filmes na televisão. Era urgente inventar vários mundos para além deste.
Por outro lado, no final da década de 60 o Estruturalismo entrava na ordem do dia. Filósofos e cientistas chegavam à conclusão que o conhecimento se fazia e enriquecia através da dependência e do diálogo entre as várias dimensões desse mesmo conhecimento. As relações definiam os termos. Dando especial destaque à imagem (veja-se as obras de arte que são quase todas as capas dos álbuns), elaborando videoclips engenhosos e alucinados muito antes de serem moda (só nos anos 80 é que se dá a grande explosão deste auxiliar da música) e estando em contacto quase permanente com o cinema, os Pink Floyd desenvolviam e estimulavam o diálogo e a interdisciplinaridade das artes na senda da moda filosófica do seu tempo.
Os anos 70 estavam a começar e com eles um tempo dourado para a banda.


Artur

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A COR DO HORTO GRÁFICO

 
Esclarecimento:
Por me ter sido enviado da mesma forma que aqui publico, não me foi possível identificar o autor deste texto. No entanto, por ele ser demasiado importante para o assunto em análise, aqui o deixo na íntegra. Obrigado.


Abaixo vem explicado, a nossa língua “perdeu” as suas origens (o latim), não havendo justificação para a forma como agora querem escrever o
“NOSSO” PORTUGUÊS.
EXPLIQUEM AGORA AOS ALUNOS COMO SE FORMARAM ESTAS NOVAS PALAVRAS!
ESTA É A MAIS VÁLIDA QUEIXA, SOBRE O "ACORDO" ORTOGRÁFICO...
É preciso saber um pouco da história/origem das línguas e o Prof. Malaca Casteleiro nada sabe. Ele até já nem se deve lembrar que era um zé-ninguém quando o Prof. Lindley Cintra era O PROFESSOR de linguística e ele (Malaquinha) apenas o assistente das aulas de Fonética, que detestávamos...
Mas, afinal de onde vem a origem das palavras da nossa Língua? Do Latim! E desta, derivam muitas outras línguas da Europa. Até no Inglês, a maior parte das palavras derivam do latim.
 Então, vejam alguns exemplos:
 Em Latim
Em Francês
Em Espanhol
Em Inglês
Até em Alemão, reparem:
Velho Português  (o que desleixámos)
Novo Português
Actor
Acteur
Actor
Actor
Akteur
Actor
Ator
Factor
Facteur
Factor
Factor
Faktor
Factor
Fator

Tact
Tacto
Tact
Takt
Tacto
Tato
Reactor
Réacteur
Reactor
Reactor
Reaktor
Reactor
Reator
Sector
Secteur
Sector
Sector
Sektor
Sector
Setor
Protector
Protecteur
Protector
Protector
Protektor
Protector
Protetor
Selection
Seléction
Seleccion
Selection

Selecção
Seleção

Exacte
Exacta
Exact

Exacto
Exato

Excep
Excepto
Except

Excepto
Exceto
Baptismus
Baptême

Baptism

Baptismo
Batismo

Exception
Excepción
Exception

Excepção
Exceção
Optimus
Optimum

Optimum

Óptimo
Ótimo







 Conclusão: na maior parte dos casos, as consoantes mudas das palavras destas línguas europeias mantiveram-se tal como se escrevia originalmente.
Se a origem está na Velha Europa, porque é temos que imitar os do outro lado do Atlântico?
Mais um crime na Cultura Portuguesa e, desta vez, provocada pelos nossos intelectuais da Língua de Camões.
Circulem este e-mail até chegar aos "intelectuais"(**) que fizeram este "acordo".
Pode ser que eles abram os olhos.
Ex.: Será que fui de fato à praia?
....Na tourada, estavam 2000 espetadores!
....etc, etc.
PS: Porque se escreve Egito se os naturais desse país são Egípcios?
Ainda não percebi se com o novo acordo ortográfico os Polacos também passaram a ser Poloneses e os Canadianos agora são Canadenses, como se diz nas Terras de Vera Cruz …
Inovações sim , mas sem exageros e com coerência!!!
(*)Não existe qualquer acordo, mas sim a "Resolução do Conselho de Ministros"n.º8/2011          
Nenhum dos Países da CPLP subscreveu esta "Resolução" (nem a Guiné Equatorial...)

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

NUM ASILO DE LOUCOS



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   Enquanto o mundo esgota todo o tipo de assuntos em volta dos atentados de Paris, empenhado em contar uma história apenas a partir do último terço antes da sua conclusão, enquanto os mass media debitam a sua propaganda quase em unanimidade para que a realidade seja apenas uma, enquanto se bombardeiam audiências com a idolatria do vazio da vida das estrelas, enquanto o mundo segue a sua trajectória de verdade única e distracção absoluta existe outro mundo, outra realidade mais negra e mais perigosa. No Brasil uma catástrofe ambiental de proporções gigantescas eliminou comunidades , matou ecossistemas inteiros, destruiu a fertilidade dos solos para várias décadas,  largou uma vaga  de descolados que tiveram que abandonar as suas áreas de habitação. E qual foi a reacção do mundo e dos media sobre o assunto? Muito pouco, quase nada.
Eram brasileiros, e ainda por cima de um estado secundário no interior. Eram poucas pessoas que justificassem grande alarido. Eram personagens secundários que viviam numa área secundária que ninguém sabia onde ficava. Certo? Errado! Erradíssimo!!!
Eram pessoas como nós cuja única ambição era viver em paz na terra onde nasceram. Eram e são seres humanos como nós com direito a ter uma vida num ambiente saudável e protegido. Se virmos bem o filme ficamos a perceber que o rio de lama e de metais pesados se dirige para o mar o que, uma vez lá chegado, ampliará a catástrofe ambiental muito para além dos limites do estado de Minas Gerais. O Estado , que deveria proteger os seus cidadãos e os seus interesses prefere proteger as grandes corporações, prefere servir a ganância, a negligência, o genocídio. Este é o asilo de loucos em que vivemos. Uma realidade desprovida de razão, de lógica, de justiça. Uma realidade onde as grandes corporações se apoderaram do poder político, compraram a justiça e passaram ao genocídio da espécie humana desde que isso amplie os seus lucros.
Pode ter sido longe mas o drama dos habitantes desta região de Minas Gerais, parecendo que não, é o nosso drama. As  consequências ambientais acabarão por ser também as nossas, de uma forma ou de outra. Este drama será o nosso drama. Hoje foi em Minas Gerais amanhã poderá ser aqui. O drama de uma região é o drama de um planeta inteiro. Talvez seja um conceito difícil de assimilar. No entanto ele é real. Se tudo continuar na mesma, se nada mudar chegará o dia em que não haverá lamentos nem mortes a lamentar porque deixará de haver um espaço onde se possa viver e um ser humano vivo. Pensem nisso.

Artur


sábado, 14 de novembro de 2015

Glitch #042


A BANALIDADE DO ÓDIO





Infelizmente o filme repete-se, por estes dias a uma cadência mais intensa, não deixando nunca de ser sempre o mesmo filme. Pessoas comuns são apanhadas no meio da sua vida normal por vagas inesperadas de violência, destruição e morte. Do outro lado estão também pessoas comuns que a frustração, o fanatismo e uma totalmente distorcida noção de justiça empurraram para uma acção final, um suicídio disfarçado de várias coisas desde a religião até à política passando pela vingança.
No fundo, se lhes forem dadas condições para isso, tudo o que as pessoas comuns ambicionam é ter uma vida comum. Ter um tecto, trabalhar, descontrair com os amigos, ir ao cinema ou ao futebol, ver crescer os filhos, etc. E porquê? Porque tudo isso acabará um dia e mais vale aproveitar os bons momentos. Bons e banais.
Mas desde cedo que nos vão incutindo um conceito de menoridade acerca de nós mesmos. Uma menoridade que deve apenas obedecer, submeter-se e aceitar a “ordem natural das coisas”. Uma “ordem” onde tudo está no seu devido lugar e nada deve ser mudado. E para aliviar a frustração dessa condenação à  menoridade  arranjam-se clubes de gente menor que se junta julgando-se menos menor. Clubes de futebol, partidos políticos, religiões, etc, etc. Associações que só fazem sentido se organizadas contra outras associações. Clubes de gente menor contra clubes de gente menor. E sobre tudo isto um controle gigantesco de meia dúzia de espertos por culpa (directa ou indirecta…é indiferente) de quem homens banais assassinam outros homens banais.
Liga-se o filme e dispara o folclore do medo mas também da hipocrisia. Sociedades que passam o tempo a alimentar ou intervir em guerras noutros países, sociedades onde o roubo, a mentira e a injustiça são uma constante do dia-a-dia, aproveitam estes momentos do medo colectivo para reforçar a sua defesa da Liberdade e da Democracia em desprezo pelos direitos dos seus cidadãos, ladainhas e larachas de protecção depois de terem falhado no acto de proteger, lideranças reforçadas e liberdades congeladas. O filme vai seguindo, saltando da ignorância para o medo e do medo para o ódio. Comentadores televisivos chafurdam nas notícias cantigas de indignação e profundo pesar, lambem os egos, debitam banalidades. Não são os chefes políticos nem os religiosos que sujam as mãos, os corpos e as almas. São as pessoas banais que os elegem e alimentam a sua autoridade de merda que depois os elimina.
O ódio nasce do medo que por sua vez é filho da ignorância. E antes de tudo isso há a propaganda, o atestado de menoridade sobre a maioria dos cidadãos. Quando homens banais decidem assassinar homens banais que nem sequer conhecem, então, mais do que a banalidade do ódio, vive-se a banalidade da insanidade mental.
Infelizmente essa insanidade está sempre disponível nas mãos dos nossos dirigentes políticos e religiosos e é ligada sempre que eles necessitem de reforçar a sua autoridade.
Nunca falha. Guerras com todas as razões e todos os formatos adequados são registadas na loucura da Humanidade ao longo do tempo sem que se tenha perdido a eficácia do ódio banalizado e controlado.
Ontem foi em Paris…

Artur                                                                                                                


terça-feira, 10 de novembro de 2015

CONSUMATUM EST

Como dizia a minha querida avó:

"Vão e dêem lá saudades, que é coisa que aqui não deixam"

LES BEAUX ESPRITS SE RENCONTRENT




Mão amiga fez-me chegar esta fotografia atestando a presença de passos coelho na manifestação de apoio ao governo pafioso, facto que a legenda acompanhante reforça e reafirma. Espírito racional e ordenado, este amigo declarava-se incrédulo ante o fenómeno : um primeiro-ministro (ainda que alegado) a participar numa manifestação de apoio ao seu próprio governo ? ! Desatento à história recente do nosso país, esqueceu que um ilustre antecessor do láparo tinha já, nos idos de 1975, entrado em greve contra o seu próprio governo. Chamava-se Pinheiro de Azevedo e tinha piada, ao contrário do actual - aqui, a terminologia embrulha-se : actual ? ou já pretérito ?. Mais ainda, estávamos em pleno PREC, o tal período que os pafiosos e os seus avatares espalhados e bem remunerados pelos merdia de comunicação social não se cansam de comparar com estes dias. A mim, pelo contrário, não me espantou, nem me causou qualquer perplexidade a reunião do páfio-mor com os cinquenta ou sessenta manifestantes que fizeram questão de estar presentes em defesa desse animal em vias de extinção que dá pelo nome de XX Governo; essa espécie de cadáver que fala e que, como dizia o outro, ainda queria procriar. O que me espanta, outrossim, é que o defunto não parece nervoso, triste ou angustiado pelo fim da festa do pote e da manjedoura para os boys; parece, pelo contrário, aliviado, depois de se ter "aliviado" de mais umas quantas aldrabices e pieguices avulsas. Saído da sua "zona de conforto", tirou o fatinho e a gravata, ataviou-se com uma simples camisola de malha, aparou o bigode, domou a melena e lá se juntou aos seus apoiantes. A inteligente expressão facial parece dizer : "Melhores dias virão", "teremos sempre Massamá", "apesar de tudo, continuo em grande tecnoforma". Ao fundo, um dos seus apoiantes, desmesuradamente crescido, de olho azul, sobrolho franzido e argola enfiada no nariz, parece bem mais preocupado com este "outono vermelho", os mercados, a subida dos juros (ui, que medo !), a opinião da Merkel, os comentários que os merdia vão propalando acrítica e acefalamente; o que dirá e fará o cavaco; o que pensarão os patriotas do Compromisso Portugal e todos os outros parasitas e chulos que, acantonados à sombra do Estado,têm enriquecido e prosperado e vêem com angústia a nervosismo a chegada do Governo de Salvação Nacional, o tal que eles confundem com os bolcheviques, o Lenine, o Trotsky, o Estaline e a outra tralha revolucionária, esquecidos que estão que eles é que são os bolcheviques, já que tudo fizeram para minar a Constituição, subverter o Estado de Direito e promover uma insidiosa degradação ético-moral que, aliada ao empobrecimento material forçado, nos conduziu ao estado de ruína em que nos encontramos. Ironia da História : Brumário era a designação atribuída ao mês de Novembro no calendário revolucionário francês, quando o Sol atravessa a constelação do Escorpião; e foi a 18 Brumário que Napoleão Bonaparte pôs fim ao período de caos, instabilidade política e degradação da vida pública que se seguiu a 1793. Amanhã, certamente vamos respirar um ar mais limpo, numa atmosfera cheia de riscos, incertezas e promessas. Como a própria vida, de resto.

domingo, 8 de novembro de 2015

PRECISAMENTE PORQUE SIM



Precisamente porque estão muito longe, precisamente porque quase nada têm, precisamente porque não contam em nenhum tabuleiro da política internacional, precisamente porque não são suficientemente importantes para aparecer nas notícias, precisamente porque até o pouco que tinham foi destruído, precisamente porque um grupo de portugueses se interessou por eles e decidiu ajudar.
   Em Abril deste ano um violento terramoto assolou a região do Nepal deixando um rasto de morte e destruição num país já de si naturalmente pobre e fraco de recursos. Quatro dias depois, dois portugueses que estavam de passagem decidiram ficar e transformar as suas férias numa jornada de solidariedade para com o povo nepalês. Assim nasceu o movimento “Obrigado Portugal, Nós Também Somos Nepal”. Ao longo de seis meses mais de 60 voluntários, principalmente portugueses, viajaram até ao Nepal com os seus próprios recursos com o simples objectivo de ajudar as vítimas. Em termos imediatos conseguiu-se levar a 50 mil pessoas comida, água, tendas e outro tipo de mantimentos. O Projecto Saudade construiu 22 casas temporárias e financiamento para consultoria na construção de casas permanentes. O Projecto Campo Esperança permitiu a implementação e gestão de um campo nos Himalaias com capacidade para 350 deslocados.
Se quiser contribuir para este esforço de apoio e recuperação da vida no Nepal pode fazê-lo consultando a respectiva página do Obrigado Portugal, Nós Também Somos Nepal, e escolher a modalidade que mais lhe agradar.
Se gosta de corrida, saiba que no próximo dia 29 de Novembro se está a organizar uma prova cujas receitas reverterão para o movimento. Muito obrigado a todos.  






segunda-feira, 12 de outubro de 2015