quinta-feira, 19 de novembro de 2015

NUM ASILO DE LOUCOS



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   Enquanto o mundo esgota todo o tipo de assuntos em volta dos atentados de Paris, empenhado em contar uma história apenas a partir do último terço antes da sua conclusão, enquanto os mass media debitam a sua propaganda quase em unanimidade para que a realidade seja apenas uma, enquanto se bombardeiam audiências com a idolatria do vazio da vida das estrelas, enquanto o mundo segue a sua trajectória de verdade única e distracção absoluta existe outro mundo, outra realidade mais negra e mais perigosa. No Brasil uma catástrofe ambiental de proporções gigantescas eliminou comunidades , matou ecossistemas inteiros, destruiu a fertilidade dos solos para várias décadas,  largou uma vaga  de descolados que tiveram que abandonar as suas áreas de habitação. E qual foi a reacção do mundo e dos media sobre o assunto? Muito pouco, quase nada.
Eram brasileiros, e ainda por cima de um estado secundário no interior. Eram poucas pessoas que justificassem grande alarido. Eram personagens secundários que viviam numa área secundária que ninguém sabia onde ficava. Certo? Errado! Erradíssimo!!!
Eram pessoas como nós cuja única ambição era viver em paz na terra onde nasceram. Eram e são seres humanos como nós com direito a ter uma vida num ambiente saudável e protegido. Se virmos bem o filme ficamos a perceber que o rio de lama e de metais pesados se dirige para o mar o que, uma vez lá chegado, ampliará a catástrofe ambiental muito para além dos limites do estado de Minas Gerais. O Estado , que deveria proteger os seus cidadãos e os seus interesses prefere proteger as grandes corporações, prefere servir a ganância, a negligência, o genocídio. Este é o asilo de loucos em que vivemos. Uma realidade desprovida de razão, de lógica, de justiça. Uma realidade onde as grandes corporações se apoderaram do poder político, compraram a justiça e passaram ao genocídio da espécie humana desde que isso amplie os seus lucros.
Pode ter sido longe mas o drama dos habitantes desta região de Minas Gerais, parecendo que não, é o nosso drama. As  consequências ambientais acabarão por ser também as nossas, de uma forma ou de outra. Este drama será o nosso drama. Hoje foi em Minas Gerais amanhã poderá ser aqui. O drama de uma região é o drama de um planeta inteiro. Talvez seja um conceito difícil de assimilar. No entanto ele é real. Se tudo continuar na mesma, se nada mudar chegará o dia em que não haverá lamentos nem mortes a lamentar porque deixará de haver um espaço onde se possa viver e um ser humano vivo. Pensem nisso.

Artur


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