terça-feira, 18 de março de 2008

CAMINHO


(fotografia de Sofia P. Coelho)

Caminho. Espaço percorrido entre dois pontos, partida e chegada, distância de aproximação do Ser ao Tudo e ao Nada. Caminho, porta de entrada para o desconhecido varrido pelo vento do não saber, excitação amedrontada, adrenalina de coragem decorada. Passos apressados, gananciosos de chegar, fúria de alcançar, ânsia de conquista predadora do alvo desejado. Passos arrastados, cansaços acumulados, sofrimentos vividos e arrumados na prateleira da memória, recuperações abrandadas de regeneração. Passos lentos, seguranças no passado afirmadas, indiferenças sobre medos derramadas, cabeça erguida na certeza de direcção.
Caminho. Daqui até ali porque sim, como se a força que comanda e a força que quer fossem seres distintos, individualizados, que começando juntos depressa se separaram para seguir diferentes direcções.
Caminho. Pedras para tropeçar, árvores para esmolar uma sombra, buracos no chão para a inevitável pausa do descanso, regatos cristalinos que refrescam a sede e limpam a poeira.
Caminho. Obrigação dirigida, direcção obrigatória de coisa nenhuma, tempo para preencher de tempo, de lutas, amores e ódios indecifráveis… em nome de nada… de coisa nenhuma.
ARTUR

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