terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A BANALIDADE DO BEM

1.  O "democrata-cristão" mota soares resolveu anunciar em vésperas de natal que iria despedir 692 trabalhadores do Instituto de Segurança Social ("requalificar", dizem eles, como se toda a gente - a começar pelos próprios - que esta linguagem badalhoca não significa outra coisa senão despedimento). Poderia ter esperado pela Páscoa, uma época mais propícia ao sacrifício e à degola. Agora, que estamos no Carnaval, noticiam os jornais que todos os cargos dirigentes no ministério tutelado pelo eminente "democrata-cristão" foram parasitados por rapaziada com cartões do ppd e do cds. O esquema fraudulento funciona assim : os bois  boys foram nomeados em substituição. Depois, abriram-se concursos já configurados com a cara chapada destes próceres, em detrimento de pessoas com décadas de serviços prestados e competência reconhecida. Estes militantes eméritos do psd e do cds - perdão, das jotas dos respectivos partidos - são assim nomeados por cinco anos,  o que significa que o governo de António Costa vai ter que aturar esta pandilha incompetente e imberbe por uns bons anos. Deve ser isto que eles chamam "meritocracia". A mim, que sou suspeito, cheira-me mais a "merdocracia".

2. Liderando uma vasta comitiva, paga pelos contribuintes portugueses que, pelos vistos, não contribuem apenas para a preguiça, o desleixo e a lascívia dos gregos, mas também esportulam para estas obras pias consubstanciadas pela ida de portas, machete e esposa e outros altos representantes do povo português a Roma para a consagração cardinalicia do Arcebispo de Lisboa, o vice-primeiro ministro, ministro da economia, da lavoura, da solidariedade social e da fá católica aliviou-se em plena Praça de S. Pedro (é inegável a sua habilidade para a escolha de locais e de ocasiões) do "decreto" da aparição de Nossa Senhora aos Três Pastorinhos, em 1917, num local conhecido como Cova da Iria. Decretado assim, por este alto representante da Nação, num local sagrado e em ocasião tão solene, que português (ou, para o efeito, que cidadão de qualquer outra nacionalidade) poderá duvidar por um instante da veracidade das aparições e milagres conexos ? Quem ousará pôr em dúvida a sagração de Portugal, visitado por entidades divinas e abençoado por governantes ungidos e benzidos por esta clara certeza, qual S. Paulo na Estrada de Damasco ? Mais, quem ousará duvidar que o portas e o coelho são mesmos os nossos salvadores, apóstolos da Fada Merdinha em comunicação directa e privilegiada com o Além ? Embalado, portas aliviou-se também da confissão de que tinha convidado o "Santo Padre" a visitar Portugal em 2017. O argumento ? Que Fátima, em 1917, era uma terra pobre e desvalida. Não deve ter acrescentado que esse estado de 1917 contrasta com a prosperidade de hoje, sobretudo no que diz respeito à hotelaria, construção civil, venda de medalhas, santos e toda a quinquilharia de origem chinesa que inunda os inumeráveis estabelecimentos de comércio que rodeiam o local sagrado. Deve ser isto o que eles chamam "sentido de Estado", de dedo em riste e carinha à banda. Eu, que sou suspeito, chamo-lhe demência e idiotia em estado galopante.

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