segunda-feira, 24 de junho de 2013

OS ÚLTIMOS DIAS – COMMUNARDS CONTRA VERSAILLAIS


                                            Um grupo de Communards após o fuzilamento

   A partir de 21 de Março os “de Versalhes” desenvolvem a guerra civil e iniciam o seu ataque começando por ocupar o forte do monte Valérie a Oeste de Paris; a 2 de Abril ocupam Courbevoie e Puteaux. As forças dos “communards” reagem com mais entusiasmo do que organização. A 3 de Abril a Comuna lança um contra ataque em direcção a Versalhes sendo as suas forças rechaçadas em Rueil e Châtillon. Duas das suas principais figuras (Flourens e Duval) são mortos. A ordem antiga não permite nem tolera a existência da ordem nova.  A tolerância e o espírito de voluntariado tornam-se elementos de fraqueza ante um dilúvio de dificuldades que se acumulam. Acreditando na força da conciliação, um elemento de acção social, é-se confrontado com a violência, um elemento de acção política.

Como demonstra a correspondência telegráfica de Jules Favre, que havia negociado a paz com os alemães, Thiers beneficia do apoio do chanceler Bismarck. Enquanto que na assinatura do armistício ficou convencionado que o limite de soldados franceses na região de Paris não seria superior a 40 mil, Bismarck liberta rapidamente 60 mil prisioneiros de guerra que se juntarão aos 12 mil disponíveis às mãos de Thiers. No fim da “Semana Sangrenta” serão 130 mil. Face a este exército numeroso a Comuna dispõe oficialmente de um efectivo mal preparado e indisciplinado de 194 mil homens, numero dificilmente conseguido segundo registos da época. As estimativas feitas por analistas contemporâneos vão de 10 mil (Camille Petain) a 41500 (Cluseret, delegado para a guerra desde 5 de Abril).

Ao longo do mês de Maio os versallais vão conquistando posições até que no dia 21, auxiliados por um traidor que lhes deixa aberta uma entrada, atravessam o portão do bastião 64 entrando pela porta de Saint-Claud. A partir daqui vai seguir-se um enorme massacre que ficará baptizado com o nome da “Semana Sangrenta”. Fuzilamentos, mutilações e todo o tipo imaginável de sevícias será aplicado aos vencidos. Uma repressão que tem o apoio incondicional dos republicanos da Assembleia Nacional, " para preservar a Republica ainda frágil". Será o caso de Léon Gambeta, Jules Ferry, ou Jules Grévy. A maior parte dos escritores (Zola e George Sand p. ex.) é hostil à Comuna. Para François Furet “todos estes mortos voltaram a repetir o feito de 1848 ao atravessarem o fosso que separa a esquerda operária do republicanismo burguês”.
 
 
         Cemitério de Pére Lachaise em Paris - Muro de homenagem aos Communards mortos


Os tribunais pronunciarão 10137 condenações das quais 97 à morte, 25 a trabalhos forçados e 4586 à deportação (a maioria para a Nova Caledónia), e as restantes a penas de prisão com duração variável.

Curiosamente a grande maioria dos dirigentes da Comuna consegue escapar não apenas à morte em combate como às execuções sumárias e ao julgamento dos tribunais. Em nove elementos do Comité de Saúde Pública, um, Delescluze escolhe morrer na barricada, Billioray é feito prisioneiro. Os outros sete conseguem fugir de Paris e rumar ao exílio. Regressarão em 1880 beneficiando de amnistia.
 
Artur

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