quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Angelus Novus, Walter Benjamin e a Corja - Parte 1 1/2



IDÓLATRAS

Nas últimas semanas o referencial Medina "Freak" Carreira mudou. O que agora é discutido é a possibilidade de não ser aprovado o Orçamento de Estado para 2011. Os tremendistas da Corja sublinham com a histeria que os caracteriza - e cujos sintomas mais evidentes são os olhos em alvo, um traço de suor no buço, o pulso acelerado e outros fenómenos fisiológicos, motores e emocionais que assolam o crente em presença do Divino - a reacção dos "mercados"a tão nefasto acontecimento. A idolatria perante esse deus iracundo e vingativo, o temor reverencial perante Maimon e o seu poder, obscurece a mente dos membros da seita. Seria bom que reflectissem sobre a seguinte tese : os processos do moderno capitalismo financeiro ameaçam a sobrevivência da Democracia, colocam em risco o nosso modo de vida e prometem um regresso à barbárie pré-moderna.

BENJAMIN

Existem pensadores sistemáticos, organizados, com uma profundidade capaz de abarcar o Mundo e tudo o que ele contém. O pensamento de Walter Benjamin é desorganizado, caótico, fragmentário, sem nenhuma ambição totalizante. É o único pensador contemporâneo capaz de nos comover. A sua linguagem implica uma metafísica e uma relação teológica com a História.

TESE

Gostaria agora, para benefício da Corja, de reflectir sobre um dos aspectos mais acutilantes do pensamento de Benjamin. Nas "Teses Sobre o Conceito de História" a tarefa do historiador materialista é definida essencialmente pela produção de rupturas, ou fracturas, que escandem a narrativa e que não são simples marcas da desorientação moderna ou do fim de uma visão universal e coerente; são também indícios de uma falha essencial de onde pode emergir uma outra história, uma outra verdade (de onde podem nascer outras histórias, outras verdades. Possibilidade nunca garantida. Longe de apresentar um outro sistema explicativo ou uma "contra-história" plena e válida, oposta e simétrica da história oficial, a reflexão do historiador deve provocar um sobressalto, um choque que paralize o desenrolar falsamente natural da narrativa. Breve, mutio em breve, voltarei a este conceito de interrupção da História.

LEITURA DE CASA PARA A CORJA

"O Fim da História e o Último Homem" de Francis Fukuyama

CONTINUA

1 comentário:

José Prates disse...

Caro Arnaldo… Tentais escrever objectivamente mas da “caneta” sai-vos lirismo e ódio… características intrínsecas da falta de discernimento que vós mesmo condenais…

Ao contrário de vós estou convicto de que a ruptura é por vezes necessária… a hipótese de renascer é uma bênção ainda que isso implique a perda de alguns membros sãos…
Com as minhas limitações, tenho no entanto o prazer de me sentir livre de ideologias que me condicionariam (e eventualmente me condenariam) a uma leitura e consequente tomada de posição errada. Acredito que o passado dos homens nos pode enriquecer de saber mas são os homens do presente que fazem a diferença!

Portanto gostaria de exprimir o seguinte, quanto a este orçamento… Não obrigado!!!
Porquê? Porque ele para além de violento é estrategicamente nulo, reflecte o derradeiro desespero de “arrebanhar” todo e qualquer euro encurralado… todo aquele que pertence aos mesmos de sempre, os que não podem fugir… Então e as medidas de fundo? Pura demagogia… (mais uma vez) nenhuns dos interesses instalados e podres é tocado. Como senão bastasse quem nos apresenta habituou-nos durante anos a constantes falhas e a uma ultrajante falta de moralidade… então porque aceitaria eu agora o culminar desta caminhada falhada? Não obrigado! Venha o FMI com as suas medidas cegas e ainda mais pesadas, mas pelo menos terei a segurança de que o sacrifício para alguma coisa serve!