Ainda com Sol a hostilidades abriram com Sétima Legião, seguros e empenhados nos seus êxitos de sempre, seguidos por uns Madredeus a compensar as contrariedades de executar a sua música num espaço adverso para o seu registo. Um estádio de futebol ao ar livre para uma banda muito mais adequada ao espaço fechado, ao anfiteatro de acústica concentrada. Mesmo assim um bom desempenho e uma afirmação de qualidade com um elenco renovado. Resistência e Xutos & Pontapés sempre ao seu mais alto nível, a primeira no registo da originalidade e execução de uma música que afirma as suas raízes e desenvolve a sua originalidade num contexto genuinamente português. Aquelas seis ou sete guitarras que tocam todas aos mesmo tempo não estão a tocar flamengo, não são influenciadas por nenhum fandango do exterior mas antes a sequência directa de uma alma herdada por uma cultura de séculos, o aperfeiçoamento de influências e a renovação de uma voz, uma harmonia de cordas, uma identidade que se reafirma e que por cá andará ainda por muitos séculos. Xutos a fechar com a fórmula habitual de se apresentarem em palco. Revisão da matéria dada, êxitos antigos misturadas com duas novas canções à laia de experiência, propostas para auscultar a reacção dos crentes. A “Casinha” a fechar o delírio. Uma banda de profissionais absolutos que sabem como ninguém alimentar e estimular a sua relação com os fãs de todas as gerações. Nada de novo, portanto.
E deixamos o melhor para o fim.
No meu entender a melhor e mais surpreendente actuação da noite, os GNR. Já não
os via há muitos anos e, como tal, já me tinha esquecido do que normalmente
acontece nas suas actuações ao vivo. Na altura como agora, todas as
expectativas superadas, a surpresa e a sensação de “papo cheio” no fim. Êxitos
antigos com arranjos novos a dar mais um salto na direcção do céu. Particular
destaque para “Asas”, “Efectivamente” ou até mesmo o “Dunas”. Profissionalismo,
honestidade criativa, respeito pelo público, o Rock N’ Roll no seu mais elevado
nível.
Num dos mais mágicos lugares da
cidade de Lisboa, no estádio de futebol mais bonito de Portugal com a maior Lua
Cheia do ano as guitarras tocaram até chegar ao céu, os corações bateram mais
depressa, Portugal voltou a deixar a sua marca no rasto e no pó das estrelas.
No céu voltámos a escrever a nossa ALMA. Alma que não querendo ser mais nem
menos que as outras, será sempre diferente. Fica a sugestão várias vezes feita
por estes dias. Seria muito bom, agradável, simpático e cultural, uma
iniciativa destas todos os anos. A Alma Portuguesa agradece.
Artur
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