domingo, 28 de abril de 2019

RENASCE A ESPERANÇA

É com grande agrado e renovada esperança que acolhemos a notícia da aprovação pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados do Brasil de um requerimento para discutir a revogação do Acordo Ortográfico. A iniciativa parte de um deputado do Partido da República (centro-direita), (Jaziel Pereira de Sousa) e foi subscrita pela deputada do Partido Cidadania (antigo Partido Comunista), Paula Belmonte.
Mais uma vez será o Brasil a tomar a vanguarda da defesa da Língua Portuguesa, do respeito pelas suas diversas especificidades e variantes, contrariando uma padronização ilógica, irresponsável e totalmente caótica de uma das mais importantes ferramentas identitárias de qualquer povo.
A Língua evolui da rua para os gabinetes e não ao contrário. Transforma-se através da vivência quotidiana em vez de caprichos laboratoriais ou pretensas unificações com contornos pouco esclarecedores quanto às consequências pretendidas.
Que seja uma lição para toda esta classe política vergada a todas as vontades menos à daqueles que deveria representar.

Viva  a Língua Portuguesa.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Diário Laboratório (segunda entrada) 16/3/2018

(Segunda Entrada)
Sempre me apaixonaram o vago & o vário. A imensidão do vago & do vário. A imensidão difusa do vago & a imensidão profusa do vário.

Plasmá-los em escrita é tarefa para a acumulação do fragmento: porque é curto & truncado faz nascer o vago. Quando é multiplicação de si difusiva, irrestrita, faz brotar o vário.



Tarantino Style 

Sofia 

sábado, 20 de abril de 2019

TU SABES, MEU





Lembras-te daquele livro que lemos no mesmo Verão depois dos exames? E daquele filme com o….aquele que se casou com a…tu sabes, meu. Lembras-te quando fomos acampar para aquele sítio ali…não muito longe de…logo a seguir a…? Não te lembras?
Houve um tempo e um caminho e dentro deles estivemos nós?  Houve dores e alegrias, eternidades e apocalipses, lágrimas e gargalhadas. Isso lembro-me. Tenho é dificuldade em encontrar as datas, dar um nome aos dias, aos sítios… Mas lembro-me, sem dúvida que me lembro. Como tu te deves lembrar, de certeza. Estavas lá tanto como eu, afinal as nossas vidas nunca se chegaram a afastar muito, antes correram como linhas paralelas que ocasionalmente se cruzaram no infinito. Este infinito que eu sei que existe, que aconteceu mas que me custa estabelecer tempos, colar etiquetas como na arrecadação de um museu. Ás vezes parece aquele filme do gajo que acordava todos os dias no mesmo dia. Como é que era o título do filme? Com aquele actor, o…que também entrou naquele filme do… quando éramos miúdos e nos borrávamos de medo? Tu sabes, meu.
Tu sabes tão bem como eu, ninguém está a inventar, ninguém consegue inventar uma vida, desenhar um espaço que é o nosso como se fosse para sempre. Um espaço onde cabemos confortáveis com as nossas memórias como um zeloso bibliotecário encarregue da segurança dos seu livros. Um lugar à prova de tempo e de acidentes que nunca pode acabar enquanto nos conseguirmos lembrar. Naquele lugar onde nascemos e fomos à escola, nascem agora outros que nunca vão saber quem fomos, nem os nossos nomes nem os nossos livros, nem os nossos filmes. O cinema foi abaixo, a Livraria já não existe, a livraria do senhor…daquele que coxeava e vendia jornais ao princípio numa esquina do jardim. Aquele, o…tu sabes.
Lembro-me mas vou-me lembrando cada vez com menos força. Sempre que volto aos assuntos do passado é como se perdesse uma parte, como se o tudo fosse caíndo aos bocados até não ser nada. Também acontece contigo? Então deve ser por isso que há coisas de que não nos conseguimos lembrar. E quando ninguém se lembrar seja do que for essa coisa desaparece. Não morre porque deixa de  ser lembrada e quando uma coisa deixa de ser lembrada deixa simplesmente de existir. Nunca aconteceu.
A morte é como aquela gaja que namorou contigo há muitos anos. Aquela…a que depois casou com o…aquele, tu sabes. É diferente, tem textura, faz sofrer, impõe-se, deixa marca.
Mas nós não. Nós vamo-nos lembrando de cada vez menos coisas, a vida vai perdendo bocados como nós. E daqui a nada nem uma voz perguntará sobre quem fomos ou hesitará em pedir os nossos nomes a um interlocutor dando pistas difusas de partes das nossas vidas.
Daqui a nada será como se nada tivesse acontecido…a nossa vida, as nossas dores e as nossas alegrias. Outras gerações nos sucederão iludidas da sua imortalidade, condenadas a deixar de ser recordadas. E não vejo mal nenhum nisso. Como dizia aquele gajo…o que morreu ainda novo com….tu sabes,meu…


Artur




sexta-feira, 19 de abril de 2019


                                         "Sermão aos Matraquilhos" nos Cinemas.........
                                     talvez

Diário Laboratório (primeira entrada) 16/3/2018

16/3/2018 
(Primeira Entrada)
Não fazer agora. Não fazer ainda. Não fazer nunca?
Ou, ao contrário, fazer & fazer & não esperar?
Ou, gozar a vida no langor dela? Deixar o entorpecimento da vitalidade apoderar-se de tudo, assenhorando-se da energia e ambição, do contrato, implícito, com os outros - «vive escondido e na obscuridade de ti próprio até seres um estranho que se estranha».

segunda-feira, 15 de abril de 2019

IMPERMANÊNCIA

De um rebento, cresceu e se fez grande. Tão grande e tão verde, que nada a parecia abalar.
Viu um sem número de vidas chegar e partir.
Mas na Vida nada é permanente. Nada é imutável. Nada é para sempre. E o seu tempo também acabou. O Tempo ensina que a impermanência é a regra.
E caiu por terra e foi arrastada pelas águas que a levaram por rios, até ao grande oceano que lhe completou a viagem e devolveu-a a uma praia onde estava um coração de pedra.
Se as árvores têm coração, ele deve estar no centro da raiz com que se agarram à terra e à Vida.
Lá colocado, nem o coração de pedra bateu nem o tronco ganhou folhas verdes. Não se acelera nem altera a essência do curso mais intrínseco da Natureza. O da Vida e o da morte.
Se tudo é pó de estrela, a seu tempo, o ciclo completar-se-á uma vez mais e as partículas que formam esta massa inanimada, um dia voltarão a ter energia própria, quem sabe, consciência.
E quando a vierem a ter, que seja com um coração quente.
São os que fazem falta e os de pedra, servem para lembrar essa necessidade.

(Observando e deixando-me ir solto... solto...)

Hélder