domingo, 27 de julho de 2014

LEGIÃO URBANA



LEGIÃO URBANA

 Ao analisarmos o trajecto das quatro bandas de referência do B Rock dos anos 80 no Brasil, vamos encontrar à partida uma diferença que separa duas para cada lado. De facto, e trata-se exclusivamente da minha opinião, no que diz respeito à concepção formal das canções encontramos de um lado uma temática generalista, simples e de acesso rápido (Titãs/ Páralamas), enquanto que, por outro lado vamos encontrar um reportório mais intelectual, introspectivo, com temáticas fracturantes (Legião Urbana / Barão Vermelho). Sem que nenhuma esteja acima ou abaixo da seguinte, o que importa é tanto a originalidade de cada banda como o seu método diferenciado de trabalho. Enquanto que a primeira dupla respeitava uma colectivização criativa, a segunda acaba por ser fruto de um líder apenas, ou de uma única personalidade. Renato Russo no caso da Legião Urbana e Cazuza no caso de Barão Vermelho. Confirma esta ideia o facto de ambas as bandas terem acabado com a morte dos seus líderes.

A caminhada da Legião Urbana faz-se através de uma fórmula onde todos os ingredientes se misturaram no momento certo. Brasília, Renato Russo e uma necessidade universal de novos conteúdos culturais combinaram-se num dos mais significantes fenómenos artísticos daquela época que durou entre 1982 e 1996, vendeu 20 milhões de discos e ainda hoje é a terceira banda mais vendida da etiqueta EMI com  cerca de 250 mil cópias por ano. A banda forma-se em 1982 após uma discussão na última banda de Renato Russo, Aborto Eléctrico. Além do já citado Renato (vocalista e baixo), juntam-se Marcelo Bonfá (bateria), Eduardo Paraná (guitarra) e Paulo Paulista (teclas).  A primeira actuação da Legião Urbana tem lugar na cidade mineira de Patos de Minas durante o festival Rock No Parque. Após a apresentação Paulo Paulista e Eduardo Paraná deixam a banda. Depois de um breve passagem de Ico Ouro-Preto, Dado Villa –Lobos assume a guitarra da Legião a partir do início de 1983. Até aquela altura Brasília era uma cidade jovem com nenhuma relevância cultural no país. Tudo isso vai mudar com a chegada desta nova geração que irá inscrever definitivamente o nome da cidade no livro da cultura brasileira.  Se o festival Rock no Parque foi a sua apresentação, a história da banda muda de vez depois da sua actuação no Circo Voador no Rio de Janeiro em Julho de 1983, momento a partir do qual são convidados a gravar uma “demo” para a EMI. No ano seguinte entra o baixista Renato Rocha começando então a gravação do primeiro álbum, “Legião Urbana”. Sob um signo de guitarras distorcidas e influência punk a banda canta temas de crítica a diversos aspectos da sociedade brasileira alternando com canções de amor que se tornam marcos na história da musica brasileira. “Será”, “Ainda é cedo” ou “Por Enquanto” são êxitos imediatos. Assumindo a voz e o estatuto daqueles que cresceram durante a ditadura militar, alcunhados de “Geração Coco-Cola”, um tema com o mesmo título foi outro dos êxitos deste álbum. Bem recebida tanto pelo público como pela crítica a Legião Urbana triunfava na primeira etapa para nunca mais falhar. Se por um lado esta era a revolução musical que milhões estavam á espera, por outro a acutilância e a profundidade das letras afastadas da facilidade e dos “chavões” reforçavam a sua carga original.
Segue-se o segundo álbum, “Dois”, um contraponto à urgência punk do primeiro. Desta vez é um lado lírico e folk que domina os temas. Foi o segundo álbum mais vendido da banda e o mais romântico de todos. Considerado um dos maiores discos de rock brasileiro de sempre, temas como “Tempo Perdido”, “Índios” ou “Quase sem querer” tornaram-se clássicos ainda hoje tocados e ouvidos por gerações que ainda não eram nascidas naquele tempo.
O sucesso alcançado com “Dois” fez a editora pressionar a banda para um terceiro trabalho sem que houvesse material suficiente para isso. Dos nove temas de “Que País É Este 1978/1987” apenas duas foram compostas a seguir a “Dois”. “Que País É Este” data de 78 e “Faroeste Caboclo” de 79, época do Aborto Eléctrico e da fase solitária de Renato antes de compor a Legião Urbana, respectivamente.
As letras de Renato Russo eram essencialmente elementos poderosos que “respiravam” o seu tempo, daí a aceitação imediata e por vezes alucinada de multidões de fãs. Influenciado pela leitura de Camões de vários filósofos e ainda por textos bíblicos e budistas, utilizava essa orientação na forma como lia o seu tempo. As canções, apesar de consideradas sérias ou mesmo muito elaboradas, estavam no entanto muito longe da facilidade panfletária. Falavam da sociedade, da família, da política e do mundo em geral mas também exploravam sentimentos individuais, ou temas tabu como o romantismo idealizado e impossível, a SIDA, a bissexualidade, o suicídio. Eram teclas frágeis que Renato não hesitava em tocar provocando reacções fortes na comunidade.
Tudo era intenso e emocionalmente desgastante em volta dos Legião Urbana ao ponto de as suas digressões serem sempre muito curtas. A reacção ensandecida dos fãs começava a perturbar o grupo. O apogeu desta situação ocorre no regresso a Brasília em 1988. Confusão, pessoas a mais à porta do estádio, carga policial, bombas caseiras, tudo aconteceu naquela noite. Para culminar esta atmosfera um fã alucinado conseguiu alcançar o palco e agarrar-se de forma violenta a Renato. Cinquenta pessoas presas, trezentas feridas e suspensão do espectáculo. Russo diria: Não vim aqui dar show para animais. “ A digressão terminou naquela noite no estádio Mané Garrincha e os Legião Urbana nunca mais voltaram a tocar em Brasília.
Renato afasta-se da banda durante cerca de ano e no regresso produz aquele que os fãs consideram o melhor álbum de sempre: “Quatro Estações”. Dos onze temas, nove batem recordes nas tabelas , nas lojas e nas rádios. É o álbum mais vendido de sempre da Legião com quase dois milhões de cópias. De destacar temas como “Pais e Filhos”, “Meninas e Meninos” e “Monte Castelo”.
Novembro 1991 é a data do quinto trabalho da banda, o “V”. Um álbum marcado pela tristeza e melancolia reflexo de uma fase emocional bastante instável de Renato. A descoberta de que era seropositivo um ano antes, um relacionamento falhado com o seu namorado Hickman, o alcoolismo, tudo concorre para uma atmosfera pesada e escura “Metal Contra as Nuvens” com mais de onze minutos de duração é um dos destaques. “Teatro dos Vampiros” , “O Mundo Anda Tão Complicado” e “Vento no Litoral” são também temas de algum êxito.
A vida da Legião Urbana confunde-se por vezes com a de Renato Russo, os seus trabalhos são fases da vida, estados de espírito de uma existência individual. Renato tinha iniciado o tratamento para se livrar das variadas dependências, para se desintoxicar quando lançam “O Descobrimento do Brasil” em 1993. As letras falam de um recomeço ou pelo menos, da urgência de recomeçar a vida. Só que para haver um futuro é necessário deixar o passado para trás. Daí que as canções variem entre a nostalgia e a esperança, a tristeza e a alegria, encontros e despedidas. Apesar de ter tido um bom percurso comercial as rádios não se mostraram muito receptivas ao trabalho. De assinalar temas como “Giz”, “Vinte e Nove” e “Perfeição”, esta última uma forte crítica à sociedade brasileira em geral. A tournée de “O Descobrimento do Brasil” termina em Janeiro de 95 ,no “Reggae Night” em Santos. Nesse mesmo dia tem lugar o último concerto da banda. O fraco êxito de “O Descobrimento do Brasil” veio apenas despoletar o fim de uma situação de mau ambiente e saturação acumulados ao longo do tempo entre todos. Decidem “dar um tempo” e Renato Russo regressa aos seus projectos a solo. Produz “The Stonewall Celebration Concert” e “Equilíbrio Distante”
 No mesmo ano e no lendário estúdio de Abbey Road em Londres todos os discos de estúdio da banda são remastirizados e lançados num título único : “Por Enquanto 1984 – 1995” .  A banda volta a encontrar-se em 1996 para produzir “A Tempestade ou o Livro dos Dias”, o último trabalho dos Legião Urbana com Renato Russo vivo. Um trabalho profundo e extremamente elaborado que combina o rock clássico (“Natália” / “Dezasseis”) com o romantismo lírico ( “L’Aventura” / “A Via Láctea” / “Leila” / “Primeiro de Julho”  e “O Livro dos Dias”). São canções que abordam temas como o amor e a solidão, depressão, intolerância e injustiça. É um disco melodramático e triste. Renato apressou ao máximo a conclusão dos trabalhos consciente de que lhe restava pouco tempo. Na canção “Música Ambiente” lê-se : “ e quando eu me for embora, não, não chore por mim” .
O fim oficial da banda ocorreu em 11 de Outubro de 1996, onze dias depois da morte de Renato Russo. Em 1997 saiu “Uma Outra Estação”, restos do projecto original de “A Tempestade…” inicialmente concebido para ser um álbum duplo. Aí há lugar para canções que ficaram de fora na primeira gravação como “Sagrado Coração” e “Clarisse”, esta última em torno do suicídio.
Renato Russo e os Legião Urbana foram um fenómeno do seu tempo, retratando, criticando e vivendo os seus dias e comungando essa vivência com a sua geração. Pelo caminho deixaram momentos únicos, eternos de música de grande qualidade. Os seus trabalhos ficaram para sempre na memória e na descoberta de várias gerações. Por isso lhes estaremos eternamente agradecidos.

       Legio Omnia Vincit



Artur Guilherme Carvalho

sábado, 19 de julho de 2014

ALEXANDRA ALPHA



É neste cenário que começa uma das mais estranhas aventuras literárias de José Cardoso Pires, “Alexandra Alpha”. Do alto de um morro da cidade do Rio de Janeiro, um homem inicia o seu voo em Asa Delta. Descrito como um anjo louro, ia planando sobre os prédios e as praias da cidade até que a graciosidade do seu voo é de súbito interrompida, precipitando-se a queda vertiginosa e o impacto final da sua morte violenta sobre um grupo de rochedos no litoral conhecidos como Ponta do Arpoador. Para trás deixa um filho igual a ele entregue a uma ama negra da periferia, uma namorada com quem coabitava, uma ex-mulher detida num presídio e uma longa carreira de playboy. A namorada, uma portuguesa a trabalhar no Brasil, acabará por regressar a casa trazendo consigo Beto, o filho do anjo.
A narrativa que se segue decorre em pleno processo revolucionário, ou no seu rescaldo, no momento em que Portugal procura assentar da poeira da revolução. Nesse conturbado período a inevitável confrontação do Passado e do Presente, as utopias e gestação e a violência revolucionária ocupam a ordem do dia. Para Alexandra e o seu grupo de amigos, por uma razão ou por outra, não há grandes ilusões dignas de registo. A bebedeira da ilusão de um mundo novo (se alguma vez existiu) cai rapidamente numa ressaca incómoda. No bar onde se costumam encontrar mantêm um mundo só deles feito de escárnio e descrença, afastamento e desilusão. Alimentam as conversas com cenários novos mas fazem-no apenas para ter alguma coisa sobre a qual comunicar. Rapidamente se reduz tudo e mais alguma coisa à mais indiferente insignificância, seja ela a novidade da política, o acontecimento desportivo ou mesmo os aspectos da vida de cada um deles. Vão vivendo assim, entre copos de whisky e ambiente escuro de ar condicionado como quem nem deseja ser incomodado pela realidade nem sequer fazer parte dela…ou de coisa alguma. E não há nisto algum complexo de superioridade, tão só um refúgio, um isolamento, uma forma de empurrar o tempo para a frente. Vivem a sua cultura e intelectualidade como únicos alimentos necessários para continuar a acordar no dia seguinte. O resto não lhes interessa.
Mas a vontade de não querer fazer parte do mundo em que vivemos, inventando outro mundo muito mais confortável, não nos protege nem nos torna imunes à realidade. E essa mesma realidade acabará por se fazer notar nas suas vidas por vezes de maneira brutal. Como Alexandra e alguns amigos que acabarão por perder a vida num acidente de aviação, fruto de sabotagem.
O voo do anjo que inaugura a narrativa acaba por ser a parábola de um tempo. Da harmonia e grandiosidade do voo planado sobre os céus da cidade para o trágico desfecho da queda e morte do anjo. A mesma coisa se poderia dizer sobre uma revolução que transbordou alegria e esperanças sem fim sobre o futuro, um momento único na história dos povos, e que, como todos os momentos mágicos da Humanidade rapidamente se desfez, se despenhou e morreu para deixar entrar as forças da normalidade…


Artur  

Desenho #011


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Desenho #008


O VENTO



Há uma espiral de destruição permanente que não abranda nem mostra sinais de enfraquecer. Tal como o vento do Norte, está lá sempre, altiva, arrogante e destruidora. Um a um vão caindo os pedaços do nosso mundo sem que nenhuma esperança se levante para tentar mudar a direcção do vento. E nós, vítimas, calhaus imóveis assombrados pelo uivo do vento, insistimos em ficar, em manter a posição, em nada fazer. Há uma espiral de destruição que nos desagrega a identidade e nos afasta o sentido das coisas, algo que não responde às nossas interrogações, antes destrói com cada vez mais força. O vento não muda, o vento nunca mais vai mudar. Ou talvez o venha a fazer sobre os restos das nossas existências, daqui a muito ou pouco tempo. Talvez o vento mude no dia em que chegar o Messias e não houver ninguém vivo para o receber. Talvez nesse dia este desfile de destruição ceda e enfraqueça dando espaço para que qualquer coisa possa crescer entretanto. Mas este vento sempre soprou do mesmo quadrante, mesmo quando parecia muito mais fraco e menos destruidor. Este vento sempre lá esteve alimentado por nós que agora nos tornamos suas vítimas. Esteve lá no nosso egoísmo, na nossa luxúria egocêntrica, nos nossos jogos idiotas de poder, na nossa indiferença ou omissão para corrigir os erros. Alimentando-se de tudo isso ganhou força, ficou consistente e agora dispara o seu rugido de destruição aterrador e aparentemente sem fim. O nosso mundo vai-se desfazendo alegremente sem que nada aconteça, sem que ninguém tente travar esse ímpeto. Caminhamos alegres e contentes para o fim repetindo tudo o que fizemos para trás como carneiros a caminho do matadouro. Nem sequer há resistência como noutras épocas idênticas. Apenas uma parvoeira generalizada de idiotas que se odeiam mutuamente alimentando o ódio superior que os exterminará a todos. Apenas uma pulsão suicida de quem esgota limites, possibilidades, esperanças.
Há uma espiral de destruição sobre as nossas cabeças e somos completamente incompetentes para a conseguir fazer parar. Os pedaços do nosso mundo vão desaparecendo um a seguir ao outro até o Ser se extinguir. Depois outros tempos virão, outros tempos se instalarão neste espaço. Mas sem nós. Se alguma coisa devemos aprender com tudo isto, ela não nos servirá para nada. O vento continua a soprar sempre do mesmo lado cada vez mais forte e eu já não quero saber…


Artur

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Desenho #006


SANTOS E PECADORES




A nomeação de Vítor Bento para a presidência executiva do BES parece um casamento feito no céu. De facto, um Bento no Espírito Santo é o sonho de qualquer teólogo, mesmo amador. Parece que o homem tem um mestrado em Filosofia (?) obtido na Universidade Católica e tem feito bom uso dele. Embora não me pareça familiarizado com o pensamento de Gilles Deleuze, compartilha com o filósofo francês a concepção segundo a qual a filosofia consiste na criação de conceitos. Só que, enquanto o francês criou uma constelação de conceitos que ainda fazem, e farão, pensar gerações após gerações de pessoas que querem conhecer a realidade e possuir dela uma representação mais justa e verdadeira, o "filósofo" português dedicou-se a engendrar conceitos parvos e inanes, servidos por frases feitas à pódoa. Exemplos:
"vivemos acima das nossas possibilidades" e é "preciso baixar o valor real dos salários (o dele não, claro) para fazer baixar o défice". Como é bom de ver, a Universidade Católica ensinou-lhe muito catolicismo  e nenhum cristianismo, o que não é de estranhar : estes moralistas de pacotilha nunca conseguiram perceber que a moral, desligada da ética, é, como diz o evangelista, um sepulcro caiado de branco, vazio e cheirando a cadáveres em decomposição. Veremos o modo como este grande regenerador-moralista-purista empregará os seus conhecimentos técnico-filosóficos na regeneração-moralização-purificação deste grande espectáculo tráfico-cómico que, dia a dia, se desenrola ante os nossos olhos. Como se costuma dizer, quanto mais alto se sobe, de mais alto se cai.

sábado, 12 de julho de 2014

Desenho #004


TOMMY RAMONE

                                               

                                                                         1952  -  2014

sexta-feira, 11 de julho de 2014

ENTRETANTO, NA COMPORTA...





Já se sabe quem é que, mais tarde ou mais cedo, vai pagar os excessos e a gestão danosa dos Espírito Santo no GES e no BES e no Rio Tinto (ou lá o que é...) : os chulos dos funcionários públicos e os calaceiros dos reformados, esses tais que vivem à custa das futuras gerações, os regiamente pagos com o salário mínimo nacional e toda a restante malta que andou a viver acima das suas possibilidades e que agora se "ajusta" e resigna. Aliás, nem que seja à custa da subida dos juros da República, já estamos todos a pagar. Enquanto isso, os desmandos do Salgado e de outros quejando serão recompensados com reformas milionárias e outras prebendas. O coelho e o portas, entretanto, tratam de não irritar muito os sobas : nunca se sabe quando é que eles, ou os seus cãezinhos amestrados, precisarão de um emprego estável e seguro, com as correspondentes merdomias e benesses variadas. Do alto dos 3 ou 4% que obterá nas próximas eleições, o portas já avisou que o CDS e os portugueses não admitirão nacionalizações de bancos. Repare-se bem: Ele e os portugueses. O caudilho peralvilho arvora-se no grande intérprete da vontade dos portugueses, que lhe sussuraram essa determinação numa qualquer feira deste país, daquelas em que o principal produto transacionado são os porcos e os seus derivados, ao som da música de Quim Barreiros. Estamos por tudo, como dizia a outra luminária: havemos de aguentar. Entretanto, depois de fazermos o favor à régia família, pode ser que ela nos deixe ir passar um fim de tarde à Comporta para, como dizia há cerca de um ano uma das atrasadas mentais da família : "Brincarmos aos pobrezinhos". Sabem que mais ? Eu quero que os Espírito Santo, os Ricciardi, os Ulrich e os outros todos se fodam !

Desenho #003


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Desenho #001


A TERCEIRA MARGEM DO RIO



"O Eterno Retorno, necessidade que se deve querer : só o que eu sou agora pode querer esta necessidade do meu retorno e de todos os eventos que resultaram naquilo que sou."

Pierre Klossowski


Só muito recentemente compreendi a noção do Eterno Retorno (do mesmo) e adquiri uma tendência persistente de a ele voltar (eternamente). Alguém formulou a doutrina da seguinte maneira : o número de partículas que compõem o mundo é imenso, porém finito e, assim, capaz somente de um número finito (ainda que imenso) de permutas e configurações. Num espaço de tempo infinito, todas as constelações possíveis foram passadas em revista e o universo deve necessariamente repetir-se. Mais uma vez uma mãe nos dará a vida; uma e outra vez ainda o nosso esqueleto crescerá e os nossos órgãos formar-se-ão, o nosso cabelo cairá e caminharemos para a morte; uma vez mais a mesma página do mesmo livro há-de encontrar-se nas nossas mãos, que serão idênticas às que agora seguram esse mesmo livro e viram essa mesma página : uma vez mais seguiremos o curso de todas as nossas horas até à hora da nossa incrível morte. Já que tudo deve retornar, nada é único, nem mesmo estas linhas, roubadas de um escritor (Jorge Luis Borges), que as saqueou de um filósofo (Friedrich Nietzsche) que, no Outono de 1883, declarou:

E esta lenta aranha que se arrasta pelo luar, e este próprio luar, e eu e tu, perto da porta da cidade a cochichar, murmurando juntos a respeito das coisas eternas - não é necessário então que tenhamos todos já sido e voltarmos e corrermos nesta outra rua rente em frente a nós, nesta longa rua horrenda - não devemos, portanto, retornar eternamente (Assim Falava Zaratustra)

A necessidade que temos de querer.

O BRÉSIL NUNCA FOI AO BRASIL



"Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto em agulha ? Você ainda vai olhar no fundo dos seus olhos e rir na cara dela. Eu não minto. Vai passar"

Caio Abreu


A minha pátria, filhos da puta boches, hunos bárbaros, tedescos pulhas, vende-pátrias cá do burgo e restante canzoada, é a língua portuguesa.