segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O TERCEIRO EXCLUÍDO

1. Ao contrário do discurso mentiroso, cheio de patranhas bacocas, sentimentos piedosos e votos hipócritas da "Mensagem de Natal" de Sua Excelência o Primeiro Ministro, a mensagem de Natal deste "blog" é uma mensagem de verdade, cheia de significado e de uma singular, inusitada e descabida propensão para a esperança. Repetimos as palavras de Teilhard de Chardin: "Jesus Cristo não veio ressuscitar os mortos; veio ressuscitar os vivos".

Ressuscitemos, pois.

2. "Mas nós continuamos sempre. Somos o povo que sobrevive. Não conseguem acabar connosco. Não nos podem esmagar, vamos continuar sempre, pai, porque somos o povo"

A Mãe Jodd de "As Vinhas da Ira"


Porque somos o povo... Hão-de passar gasparzinhos, africanistas de Massamá, portas, audi soares, cristas, teixeiras da cruz, macedos dos impostos, luso-brasileiros relvas, cratinos da (des)educação e hão-de desaparecer no caixote do lixo da História (juntamente com os patrões e donos desta gentalha; mercados, troika, bancos e agências financeiras) e nós - o povo - ainda cá estaremos.

domingo, 25 de dezembro de 2011

PLEASE, PLEASE, PLEASE, LET ME GET WHAT I WANT

Good times for a change
See, the luck I've had
Can make a good man
Turn bad

So please please please
Let me, let me, let me
Let me get what I want
This time


Haven't had a dream in a long time
See, the life I've had
Can make a good man bad


So for once in my life
Let me get what I want
Lord knows, it would be the first time
Lord knows, it would be the first time

domingo, 18 de dezembro de 2011

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ESCUTA, GASPARZINHO !

"Os hindus do deserto fazem uma promessa solene: não comer peixe !"

Goethe "Máximas e Reflexões"


Eu explico-te : Na verdade, há neste voto uma dialéctica suspensa já que, por um lado, obedece à necessidade e, por outro, envolve uma decisão de quem foi tocado pelo sonho da prodigalidade : poder viver dentro de água.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um método muito, muito, perigoso

Não é Freud quem quer, mas quem pode. Ora, eu posso e quero ser o Dr. Freud durante um breve momento e psicanalisar a direita portuguesa. Dir-me-ão: qual a utilidade do exercício ? o que se poderá obter ao analisar a direita mais estúpida da Europa ? o que se alcançará penetrando nesse vazio insondável, nesse deserto sem fim, nessas catacumbas de inanidade ? Pois bem, a esses cépticos eu respondo : a resolução de um persistente enigma, enigma esse que me tem intrigado atrozmente e que passo a enunciar: qual a razão do ódio tenaz que essa gentalha tem votado a José Sócrates (ódio pessoal, não político, entenda-se bem) ? A recente onda de histeria que os agitou até à loucura depois da última aparição pública do recente estudante de Filosofia, onde tem ela a sua origem ? Finalmente, através de uma intuição muito poderosa, consegui chegar a uma resposta, a uma iluminação que estou pronto a partilhar com todos vós: não é o ódio que os agita, mas sim o amor, ou melhor, o desejo animal, primitivo, cavernícola. À menor menção do nome ou ao mais leve traço de aparição iconográfica de Sócrates, logo as hormonas de ministros e ministras, secretários e secretárias de estado, deputados, jotas e demais militantes do CDS e do PSD entram em feroz ebulição e, sem mesmo terem a coragem de o confessarem a si próprios, sentem-se completamente dominados pelo irreprimível desejo de lhe saltarem para cima, destroçarem-lhe as roupas e fornicarem com ele até se derreterem. O impulso masturbatório, logo satisfeito à socapa no recato dos gabinetes, ou na fundura macia dos estofos de couro dos Audi A7 (em Vespas não é possível) ou dos BMW de serviço, provoca-lhes um sentimento de culpa que nem a ida ao confessionário dos muito católicos poderá apaziguar. Nem ida ao confessionário, nem penitências, nem jejuns, nem mesmo a utilização de cilícios poderá apagar esse fogo que os consome e os não deixa sossegar. Só um acontecimento transcendente poderia, enfim, trazer-lhes a paz que agora não alcançam: depois de "comerem" metaforicamente o homem (fornicando-o até à morte) assarem-no lentamente numa grande fogueira e degustarem prazenteiramente o seu corpo, comendo-o agora literalmente, pedaço a pedaço (começando por aquele que todos nós sabemos), até nada restar da orgia canibal senão os corpos suados e lambuzados de sangue e vísceras, finalmente satisfeitos num último estremeção de prazer

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ROSETE


UM "ska" nostálgico de uma banda fantástica de um tempo em que tudo era incerto, todas as noites uma aventura, uma descoberta.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

ACERCA DO MEDO



CONFERÊNCIAS DO ESTORIL 2011

Depois não digam que não lhes explicaram...ou tentaram explicar, o que vai dar ao mesmo.

domingo, 4 de dezembro de 2011

VISITANDO HEMINGWAY



Uma boa introdução é normalmente o prenúncio de um bom livro. Assim como uma boa jornada será a antecâmara de um bom encontro. E assim foi naquele dia em que, conduzindo durante largas milhas sobre a água, acabamos por chegar à morada, ao destino daquela longa caminhada. No ponto mais a Sul da América do Norte (Key West) estamos a 90 milhas (140Km) de Cuba. À volta só o mar e mais mar, oceano até enjoar.
Uma visita a um velho amigo não se pode confundir com nenhum acto simbólico ou religioso, mesmo que só nos tenhamos conhecido através dos seus livros.
O homem poderia mesmo receber-nos de duas maneiras. Ou com um cano de caçadeira apontado à cabeça: “Get the hell out of my property”; ou com uma garrafa de cognac na mão convidando para uma longa conversa sobre livros, caça, pesca, aventuras em geral, a Guerra Civil Espanhola, enquanto vários gatos passariam pela sala indiferentes às gargalhadas e aos pensamentos mais profundos.
Como nunca tive muito jeito para crente, e já não tenho idade para peregrino, o mais certo seria dizer-lhe que li “Paris é uma festa” com 18 anos e que desde então nunca mais parei de o ler. Que ele foi um dos autores mais influentes que me levaram a querer ser escritor (ou contador de histórias). Recordaria aquele célebre diálogo do homem que sai de uma igreja e é surpreendido por uma amiga que lhe pergunta o que é que ele esteve a fazer. “ A acender uma vela por todos aqueles que amo.” – responde . Ela então insiste: “Mas tu não acreditas…” Ele sorri. “Pois não.” Nessa altura dir-lhe-ia que tenho um grande amigo que faz o mesmo sempre que vai a Nova Iorque. Dirige-se à catedral de St. Patrick e acende uma vela por todos aqueles que ama. E também não acredita. Tal como eu não acredito em deuses para venerar nem dou à vida mais importância do que ela merece. Duas grandes lições que Hemingway nos deixou. Por isso não poderia aparecer na sua casa de joelhos a cantar hinos religiosos e a chamar-lhe pai de todos os escritores. Entrei nela como um homem, sobre os meus passos, e sentindo¬-me extremamente confortável com o bem-estar que se respirava em cada sala. Como se o dono da casa tivesse saído no dia anterior. Uma casa igual à sua forma de escrever: honesta e confortável. Uma casa com um jardim extraordinário e acolhedor, habitado pelos verdadeiros donos, os gatos. Cerca de 60 felinos descendentes dos seus gatos iniciais, que se passeiam pelo meio dos turistas, que brincam uns com os outros indiferentes a tudo, que entram e saem da casa como se nada fosse.

A piscina, o anexo onde se encontrava o escritório, o quarto, as casas de banho, tudo se perpetua sem uma perturbação na harmonia de uma habitação funcional. O tempo parou ou, simplesmente, a vida continuou indiferente muito para lá da morte ou da notoriedade. Qualquer coisa continua indiferente às regras da vida e do destino. A casa, o jardim, os gatos, tudo continua como se fosse uma festa.
Obrigado Hemingway. Um dia haveremos de nos encontrar…outra vez.

Artur