sábado, 29 de outubro de 2011

VIRA O DISCO...

Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV extraído da peça de teatro Le Diable Rouge, de Antoine Rault:

Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...
Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: Criam-se outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: Sim, é impossível.
Colbert: E então os ricos?
Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como havemos de fazer?
Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável."

domingo, 23 de outubro de 2011

AND JUSTICE FOR ALL


AND JUSTICE FOR ALL

Norman Jewison

EUA, 1979

Num tribunal de Baltimore a funcionar a tempo inteiro, advogados, juízes, policias e funcionários judiciais vivem uma azáfama diária sem muito tempo para respirar. A complexidade e a urgência do funcionamento do sistema acelera os ritmos de vida, a um ponto em que é difícil reflectir sobre o mais importante de todas aquelas tarefas. A correcta administração da justiça e as consequências humanas do resultado do trabalho dessa gigantesca máquina que deve garantir “justiça para todos”. Arthur Kirkland (Al Pacino) é um jovem advogado dividido entre essa existência stressante e a correcta defesa dos direitos dos cidadãos.
Dividido entre o drama e a comédia causada pelas circunstâncias do quotidiano, o filme acompanha a vida desses funcionários da justiça, as suas misérias e contradições e centra-se na luta divisória comportamental entre o lado prático e material da vida e o das consciências. Perante um conflito interior insanável os seres humanos ou estoiram submergidos nessa contradição ou desenvolvem defesas, desvios comportamentais para se defenderem. Um advogado (Jeffrey Tambor), quando percebe que, através de uma habilidade técnica consegue pôr em liberdade um homem que a seguir assassina duas crianças, enlouquece temporariamente. Um juiz, antigo veterano na Guerra da Coreia, ensaia comportamentos suicidas nos intervalos da sua actividade. Passeia-se com um código civil na mão e um revólver debaixo do braço. Outro juiz (John Forsyth), inflexível e extremamente duro na aplicação da lei revela-se um pervertido implacável. E é este mesmo juiz que vai nomear Kirkland para seu defensor. Encurralado, Arthur vê-se obrigado a aceitar a defesa de um homem que já o tinha mandado prender por desrespeito ao tribunal. Se recusar, está sujeito a ser expulso da ordem e impossibilitado de exercer advocacia. É este paradoxo que vai crescendo na cabeça de Kirkland ao ponto de explodir em pleno julgamento. O filme levanta questões extremamente importantes em torno da moralidade humana e do confronto que é continuar válido e vivo dentro do sistema e, ao mesmo tempo defender essa mentalidade, esses valores de justiça e humanismo que todos transportamos.
Mais uma grande interpretação de Al Pacino no filme que se seguiu ao PADRINHO, com a particularidade de contracenar com o seu grande mestre do Actors Studio. Lee Strasberg interpreta o avô que vive num lar e que tem grandes falhas de memória. Um filme a que todos devemos voltar de vez em quando.

Artur

sábado, 22 de outubro de 2011

O CORNO DO RINOCERONTE

Lembro-me de há alguns anos atrás ter visto um filme russo onde uma família se apresentava numa hospedaria. O pai, devidamente fardado de oficial do exército, explicava que tinha acabado de ser destacado para aquela cidade e que procurava alojamento temporário enquanto não encontrava uma casa. A história é-nos contada enquanto memória do filho entretanto adulto. O oficial, que afinal era seu padrasto, a mãe e o rapaz, ficavam então alojados, conquistando a simpatia dos outros hóspedes e do dono (ou dona) da estalagem. Passados alguns dias, o respeitoso oficial aparece com uma série de convites para a ópera. Convites esses que faz questão de oferecer a todos os seus vizinhos de quarto. Há uma sessão nessa noite e alguém lhe facultou os bilhetes. Toda a gente agradece a generosidade do novo hóspede e prepara-se para a grande noite. Enquanto estão todos na ópera, o oficial, a mulher e o enteado tratam de esvaziar literalmente tudo o que podem da pensão vazia. Despacham-se para o comboio e partem para outra cidade a fim de dar mais um golpe. Esta situação ocorre duas ou três vezes, até que o falso militar acaba por ser detido e preso. Mas isto passa-se num filme.
Na vida real o colectivo continua sistematicamente a ser entretido e insiste em ser roubado. Só que os ladrões conseguem sempre escapar e não precisam de falsas identidades, nem de apanhar o comboio para fora da cidade.
Chama-se o pagode para a rua e avançam as variedades. O jogador que abandonou a selecção porque amuou, os impostos dos ricos, os cornos de rinocerontes que valem uma fortuna, a taxação da fast food, julgamentos da grande corrupção, vale tudo no elenco da distracção. Agitam-se ao vento bem alto todas estas notícias vazias com grande alarido. E depois é deixar passar uns tempos, deixar o esquecimento ganhar espaço, inventar novas distracções. O pagode guincha de delírio, ri e vocifera consoante a dança. E no fim, volta para casa e percebe que já lá não tem nada. Foi gamado para além do tutano, foi roubado até à alma, porque muitas vezes o roubo acaba-lhe com a vida. E o serviço noticioso é esta ópera errática apresentada todos os dias a todas as horas, sempre da mesma maneira em todas as diferentes salas de exibição (TVs). Já não chega roubar-nos de todas as maneiras e feitios, já não chega alargar mais ainda o fosso entre senhores e escravos, agora até o próprio espectáculo, até o próprio entretenimento está a tornar-se de muito má qualidade. A distracção já não cumpre o seu objectivo porque as mentiras estão cada vez mais mal contadas. As ideias dos argumentistas estão fracas e os seus argumentos pouco credíveis. Os actores representam cada vez pior e convencem cada vez menos. A opera está a degradar-se a olhos vistos. E, pelo andar da carruagem, vamos acabar todos a vaiar a companhia, ou a nem sequer ir ao teatro. Porque muitos de nós estarão mortos antes disso.

Artur

sábado, 15 de outubro de 2011

A SOFIA NOS STATES


É com muito orgulho e satisfação que anuncio aqui que a partista e nossa amiga Sofia P. Coelho está a competir no terceiro concurso anual de fotografia em torno do parque natural de Yosemite, o 2011 Ansel Adams Gallery Photo Contest. Por estas bandas já sabíamos que trabalhávamos ao lado de uma excelente fotógrafa... Agora é a vez do mundo o reconhecer. Sofia, muitos beijinhos de parabéns e que corra tudo pelo melhor. És linda!

Artur, Arnaldo e João

Mais informações, aqui:
http://www.theanseladamsgallery.com/wp-content/plugins/wp-photocontest/view.php?post_id=4&order=chrono

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

FEIRA DO LIVRO DO TRIPULANTE




Está a decorrer até dia 21 a primeira Feira do Livro do Tripulante nas instalações do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) na Av. Gago Coutinho. Apresentando cerca de 30 autores, esta primeira iniciativa pretende não só dar a conhecer algo mais sobre a actividade dos tripulantes como promover o debate e divulgação literária. Com iniciativas diárias todas as tardes de 2ª a 6ª, o programa da Feira conta com vários convidados que, não sendo tripulantes, estão de alguma forma relacionados ou com as suas vidas ou com as suas actividades. De facto, trata-se de uma classe profissional que acumula as mais diversas actividades paralelas, indo desde escritores a artistas plásticos, actores, cantores líricos, arquitectos, advogados e até médicos. A actividade de tripulante de cabine, apesar de pouco esclarecida junto da opinião pública, permite, pelas suas características próprias, um espaço paralelo de intervenção na sociedade que vai muito mais além do simples desempenho profissional. Quase a chegar a meio da sua duração, a Feira do Livro é mais uma iniciativa nesse sentido. Pela minha parte enquanto autor, estarei presente no próximo dia 21, 6ª Feira, no dia do encerramento, juntamente com o João Pais, o Afonso de Melo (amigo e jornalista) e o Carlos Lopes (amigo e Professor de Português) para um debate em volta dos livros das histórias e de tudo o resto que a assistência quiser falar. Agradeço desde já à comissão que organizou (José Ceitil, José Borges e José Brás) e ao SNPVAC e à APTCA (Associação Portuguesa dos Tripulantes de Cabine) o apoio decisivo que tornou esta iniciativa uma realidade. A entrada é livre e o programa pode ser consultado no site da Associação. Dependendo do sucesso que tiver agora, está aberta a porta para outra iniciativa igual no próximo ano. Se gostam de livros e de histórias escritas por tripulantes então não percam esta I Feira do Livro do Tripulante.

Artur

sábado, 8 de outubro de 2011

LOCAL HERO




LOCAL HERO

Bill Forsyth

Reino Unido, 1983

Um bom filme é como uma receita extraordinária em que nenhum dos ingredientes falha, nem na quantidade nem no papel decisivo que representa para a degustação final. Um nível de perfeição que ultrapassa a vontade e o empenho de cada elemento que o compõe, transcendendo-se desta forma através do superior desígnio do “perfeito colectivo”. Foi isso que aconteceu em LOCAL HERO, daí tratar-se de um filme a que regresso várias vezes.
Tudo começa nos escritórios da Knox Oil and Gas, uma gigante petrolífera americana, quando o excêntrico patrão, Harper (Burt Lancaster), convoca o jovem executivo Mac Intyre (Peter Riegert) para uma reunião no seu gabinete. A grande petrolífera pretende construir uma refinaria no norte de Escócia, já está tudo planeado até ao mais ínfimo detalhe, excepto um pequeno pormenor. Há uma aldeia costeira no caminho do progresso. A tarefa de Mac Intyre é a de viajar para lá e iniciar o plano das indemnizações aos habitantes de Ferness. A escolha recaiu nele porque, o nome assim o indica, se trata de um descendente de escoceses, o que facilitará a aproximação aos mais desconfiados. Mac Intyre, muito mais habituado a tratar de dados estatísticos, a fazer projecções e a armazenar ficheiros no pequeno espaço do seu escritório, não fica muito contente com esta nova missão, embora lhe seja completamente impossível recusar. Além do mais, Mac Intyre é descendente de emigrantes húngaros. Os pais escolheram aquele novo apelido no acto da naturalização, pensando tratar-se de um nome tipicamente americano. Está dada a partida para uma série de equívocos que se seguem uns aos outros até ao fim do filme. Nenhuma certeza ficará de pé.
O primeiro choque começa de imediato com a chegada do executivo americano da grande cidade a uma pacata aldeia com pouco menos de um centena de habitantes. Espaços diferentes, tempos diferentes, velocidades diferentes, existências diferentes. O choque cultural é inevitável, simbolizado talvez pela existência de um único telefone, uma cabine pública. Cada vez que Mac Intyre quer telefonar para o seu patrão tem que fazer uma colecta de moedas, e nunca chega. Os telemóveis ainda não tinham sido inventados. A reacção inicial de extrema desconfiança por parte dos aldeões não facilita o trabalho de um espírito prático e empreendedor, habituado a obter resultados rápidos no seu trabalho. Para estabelecer a ponte entre os dois tipos de interesses há o “chico-esperto” da terra, Gordon Urquhart (Denis Lawson), dono do único hotel e contabilista nas horas vagas. Casado com Stella (Jennifer Black), uma mulher que despertará uma paixão incómoda a Mac Intyre. Outra mulher importante nesta história será Marinna (Jeanny Seagrove), uma bióloga marinha que vê com muito maus olhos as consequências ambientais que a refinaria causará na região. Para uma simples aldeia piscatória, existe uma abundância de personagens excêntricos, desde um padre negro (perplexo quando Mac Intyre lhe pergunta quanto é que quer pela igreja e pelo cemitério) até um motociclista misterioso, passando por um eremita que vive na praia (Bem Knox, Fulton Mackay) e um visitante ocasional, o marinheiro russo Victor (Christopher Rozycki).
Sobre toda esta aparente desestabilização provocada na pacata aldeia de Ferness pairam também momentos que ainda desorganizam mais a narrativa. Por um lado a grande paixão de Harper pela astronomia. Numa das conversas na cabine telefónica, Mac Intyre é obrigado a descrever o céu por cima da cabeça sem nada perceber de observação de estrelas. Será o interesse pelos céus que vai levar o grande patrão da Knox Oil a deslocar-se pessoalmente à aldeia para verificar in loco as extraordinárias condições de observação astronómica que a região proporciona. Depois temos ainda um motociclista misterioso, que todos na aldeia conhecem, que de tempos a tempos passa em grande velocidade, mas que nunca para. Uma homenagem a Fellini em ARMACORD, onde se desenrola uma cena igual.
Finalmente, quando os aldeões se convencem a ceder, a fazer contas e a esfregar as mãos de contentes com o que vão fazer com as indemnizações, tudo volta ao princípio. Afinal o dono de todos aqueles terrenos é o eremita que vive na praia, Ben, e não está disposto a vender coisa nenhuma. Após uma longa conversa entre Harper e Ben, aquele decide construir a refinaria no alto mar e dotar a aldeia de um equipamento de observação astronómica. O representante da Knox Oil na Escócia (Danny) sugere juntar ao observatório um instituto de pesquisa oceanográfica, presenteando assim os anseios da sua grande paixão, Marina. Os dois reunidos poderiam chamar-se Harper’s Institute. Harper concorda e manda MacIntyre de regresso a casa para tratar das papeladas. Mais tarde já no seu apartamento em Houston, MacIntyre deambula pela casa lentamente. Depois pega no telefone e faz uma chamada. Do outro lado do mundo, uma cabine telefónica toca isolada na aldeia. Ninguém atende. Em crescendo começa a ouvir-se o tema “Going Home” dos Dire Straits.
É a extrema ingenuidade narrativa que torna LOCAL HERO num filme de uma humanidade grandiosa, na medida em que é real, e honesta a forma como se apresenta. As contradições fazem o nosso quotidiano, não há verdades absolutas e o mundo pára quando nos reunimos num bar a ouvir musica, independentemente do lugar de onde vimos. É essa solidariedade, esse companheirismo e essa “infantilidade” que nos mantém vivos muito para lá de qualquer feito que consigamos alcançar, por mais grandioso que seja. O resto é o céu, a aurora boreal, um motociclista misterioso e uma cabine telefónica que toca sozinha na solidão da noite.


Artur

terça-feira, 4 de outubro de 2011

MARGINALIA



"Marginalia: anotações, comentários, sublinhados, sinais gráficos deixados por um leitor na margem e à margem do texto impresso"

A dada altura da entrada "Desempacotando a minha biblioteca" (pg. 209 "Imagens de pensamento", Assírio & Alvim, Lisboa), escreve Walter Benjamin : "De todas as formas de obter livros, a que se considera mais louvável é escrevê-los. Alguns de vocês estarão a pensar, divertidos, na grande biblioteca que o mestre-escola Wuz de Jean Paul foi acumulando com o tempo, recorrendo ao expediente de escrever ele próprio todas as obras cujos títulos lhe interessavam nos catálogos das feiras, mas que ele não podia comprar. Os escritores são de facto pessoas que escrevem livros, não por pobreza,mas por insastifação com os livros que poderiam comprar, mas não lhes agradam." Aquilo que Benjamin deixa subentendido é que não são as carências materiais, mas as existenciais que levam os escritores ao exercício da escrita; querem ver no papel as palavras, ideias e conceitos que ainda lá não estão, mas precisam absolutamente de estar; as histórias que ainda foram articuladas;as que ainda não foram bem contadas ou, por último, que precisam ou mereçam ser contadas e expressas na sua própria língua.



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Á MINUINS E UNDERSTANDS



A Dra. Assunção Cristas, diriginte do MAMAOT (Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território) anunciou recentemente à Nação a urgência do aumento do tarifário da água. Numa comunicação realizada num português impecável, Sua Excelência não se referiu directamente à dimensão económica de tal medida, optando por comentar o efeito imediato e importante da mesma: a consciencialização dos portugueses em relação ao consumo do precioso líquido, fazendo-os compreender que o mesmo é um bem, logo tendo um custo. O conceito é tão profundo e tão brilhante que não me atrevo a abordá-lo sem estar munido dos meus óculos de sol (factor 500). No entanto, encho-me de coragem para antecipar alguns efeitos pedagógicos: os desempregados passarão a ter mais cuidado na altura de encherem as piscinas (compradas com empréstimos do BPN) e, quando lhes apetecer a refrescante banhoca no meio das tropicais palmeiras que enfeitam e embelezam os seus jardins poderão optar por um mergulho numa tina de metal (média) cheia de ácido sulfúrico; a rapaziada do ordenado mínimo nacional deixará de lavar os Porsches e os Mercedes no pátio dos condomínios de luxo, passando a considerar a sujidade dos seus automóveis como um símbolo das longas estradas poeirentas que percorrem para atingir o monte alentejano onde passam os fins-de-semana; o pessoal beneficiário do RSI passará a tomar um duche rápido, em vez de amolecer durante horas no "jacuzzi" que equipa a "penthouse". Aliás, para esta última classe de indivíduos, particularmente execrandos, cujo principal passatempo consiste em desperdiçar água, recomendar-se-ia, em caso de reincidência e contumácia, a aplicação de penas de trabalho comunitário que consistiriam, por exemplo, na lavagem dos submarinos (com água do mar) e a rega dos sobreiros de Benavente (com a água sobejante das lavagens de louça). De qualquer modo, podemos inferir das palavras da Dra. Cristas uma importante conclusão sociológica: os portugueses são todos ricos e vivem uma relação de tal modo despreocupada com o dinheiro que ainda não tinham percebido que a água tinha um custo (bem como a eletricidade, o gáz, as comunicações e os combustíveis, dos mais caros de toda a Europa). Pobres, nós ?! Só se for de espírito. Pelo menos, temos assegurado o Reino dos Céus