segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Á MINUINS E UNDERSTANDS
A Dra. Assunção Cristas, diriginte do MAMAOT (Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território) anunciou recentemente à Nação a urgência do aumento do tarifário da água. Numa comunicação realizada num português impecável, Sua Excelência não se referiu directamente à dimensão económica de tal medida, optando por comentar o efeito imediato e importante da mesma: a consciencialização dos portugueses em relação ao consumo do precioso líquido, fazendo-os compreender que o mesmo é um bem, logo tendo um custo. O conceito é tão profundo e tão brilhante que não me atrevo a abordá-lo sem estar munido dos meus óculos de sol (factor 500). No entanto, encho-me de coragem para antecipar alguns efeitos pedagógicos: os desempregados passarão a ter mais cuidado na altura de encherem as piscinas (compradas com empréstimos do BPN) e, quando lhes apetecer a refrescante banhoca no meio das tropicais palmeiras que enfeitam e embelezam os seus jardins poderão optar por um mergulho numa tina de metal (média) cheia de ácido sulfúrico; a rapaziada do ordenado mínimo nacional deixará de lavar os Porsches e os Mercedes no pátio dos condomínios de luxo, passando a considerar a sujidade dos seus automóveis como um símbolo das longas estradas poeirentas que percorrem para atingir o monte alentejano onde passam os fins-de-semana; o pessoal beneficiário do RSI passará a tomar um duche rápido, em vez de amolecer durante horas no "jacuzzi" que equipa a "penthouse". Aliás, para esta última classe de indivíduos, particularmente execrandos, cujo principal passatempo consiste em desperdiçar água, recomendar-se-ia, em caso de reincidência e contumácia, a aplicação de penas de trabalho comunitário que consistiriam, por exemplo, na lavagem dos submarinos (com água do mar) e a rega dos sobreiros de Benavente (com a água sobejante das lavagens de louça). De qualquer modo, podemos inferir das palavras da Dra. Cristas uma importante conclusão sociológica: os portugueses são todos ricos e vivem uma relação de tal modo despreocupada com o dinheiro que ainda não tinham percebido que a água tinha um custo (bem como a eletricidade, o gáz, as comunicações e os combustíveis, dos mais caros de toda a Europa). Pobres, nós ?! Só se for de espírito. Pelo menos, temos assegurado o Reino dos Céus
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3 comentários:
Numa Democracia, a única arma do Povo é o voto. A qualidade desse Povo é expressa pelo Voto. O Voto é a Escolha do Povo. Uma má qualidade do Povo, leia-se a clarividência na Escolha, leva ao desastre na rara e esparsa oportunidade da Escolha. Em Portugal, a generalidade, ou maioria do Povo não dá importância ao dia da Escolha. É useiro em ir à praia, ao futebol, ao petisco, nesse dia. Alguém que não deixa os seus interesses à deriva, faz a Escolha pelos "adormecidos", pelos descontentes, pelos desinteressados.
São os que não escolhem que ainda se queixam da serradura que cai da madeira, e que os obriga a andar de paninho na mão, a limpar a porcaria que o bicho da madeira faz... o bicho rói. Imparável.
Helder:
Muito obrigado pelo seu comentário. Quero dizer-lhe que concordo genericamente com aquilo que diz , muito embora pense que a escolha, e a respectiva respoonsabilidade, recai tanto sobre quem escolhe qaunto sobre quem é escolhido e que a ausência de escolha é também uma escolha: a de quem não se revê nas pessoas, nos partidos ou na situação que é apresentada. A Democracia é um sistema complexo, assente na liberdade e na responsabilidade individual e colectiva, sendo os mecanismos de formação da decisão muito difíceis de discernir e analisar.
Arnaldo,
Compreendo perfeitamente esse ponto de vista. Mas as regras deste "jogo", chamado Democracia, não prevêem a abstenção, votos nulos ou brancos. Se assim fosse, a abstenção, os votos nulos ou brancos, reflectir-se-iam nos lugares ocupados na Assembleia da República. Para mim, realmente deveria ser assim mesmo. Os partidos deveriam estar representados na Assembleia de acordo com a percentagem da população total de eleitores. Abstenção, brancos e nulos incluídos. Só assim, quem quer ser eleito, se esforçará por mostrar um desempenho digno e merecedor de tal lugar. Um lugar que deveria ter o maior respeito. Infelizmente, está à vista de quem quer ver, o que vai na casa que deveria representar a vontade de um Povo. Lobies, jogos de interesses, pouca vergonha...
Eu não me abstenho, não voto em branco, e o meu voto vai sempre para algum partido. Aquele que no momento me parece o menos mau... É a única forma de ter voz, de rumar contra a maré.
Se me revejo nos partidos que tenho votado? Há mais de 20 anos que não!
Infelizmente é o sistema que temos!
É com essas regras que temos de jogar.
Até que haja uma revolução profunda de mentalidades.
Uma nova Filosofia, um sistema revolucionário mais justo, enfim, uma utopia para já...
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