Um grupo de Communards após o fuzilamento
A partir de 21 de Março os “de
Versalhes” desenvolvem a guerra civil e iniciam o seu ataque começando por
ocupar o forte do monte Valérie a Oeste de Paris; a 2 de Abril ocupam
Courbevoie e Puteaux. As forças dos “communards” reagem com mais entusiasmo do
que organização. A 3 de Abril a Comuna lança um contra ataque em direcção a
Versalhes sendo as suas forças rechaçadas em Rueil e Châtillon. Duas das suas
principais figuras (Flourens e Duval) são mortos. A ordem antiga não permite
nem tolera a existência da ordem nova. A
tolerância e o espírito de voluntariado tornam-se elementos de fraqueza ante um
dilúvio de dificuldades que se acumulam. Acreditando na força da conciliação,
um elemento de acção social, é-se confrontado com a violência, um elemento de
acção política.
Como demonstra a correspondência
telegráfica de Jules Favre, que havia negociado a paz com os alemães, Thiers
beneficia do apoio do chanceler Bismarck. Enquanto que na assinatura do
armistício ficou convencionado que o limite de soldados franceses na região de
Paris não seria superior a 40 mil, Bismarck liberta rapidamente 60 mil
prisioneiros de guerra que se juntarão aos 12 mil disponíveis às mãos de
Thiers. No fim da “Semana Sangrenta” serão 130 mil. Face a este exército
numeroso a Comuna dispõe oficialmente de um efectivo mal preparado e
indisciplinado de 194 mil homens, numero dificilmente conseguido segundo
registos da época. As estimativas feitas por analistas contemporâneos vão de 10
mil (Camille Petain) a 41500 (Cluseret, delegado para a guerra desde 5 de
Abril).
Ao longo do mês de Maio os versallais vão conquistando posições até
que no dia 21, auxiliados por um traidor que lhes deixa aberta uma entrada,
atravessam o portão do bastião 64 entrando pela porta de Saint-Claud. A partir
daqui vai seguir-se um enorme massacre que ficará baptizado com o nome da
“Semana Sangrenta”. Fuzilamentos, mutilações e todo o tipo imaginável de
sevícias será aplicado aos vencidos. Uma repressão que tem o apoio
incondicional dos republicanos da Assembleia Nacional, " para preservar
a Republica ainda frágil". Será o caso de Léon Gambeta, Jules Ferry, ou Jules
Grévy. A maior parte dos escritores (Zola e George Sand p. ex.) é hostil à
Comuna. Para François Furet “todos estes mortos voltaram a repetir o feito de
1848 ao atravessarem o fosso que separa a esquerda operária do republicanismo
burguês”.
Os tribunais pronunciarão 10137
condenações das quais 97 à morte, 25
a trabalhos forçados e 4586 à deportação (a maioria para
a Nova Caledónia), e as restantes a penas de prisão com duração variável.
Curiosamente a grande maioria dos
dirigentes da Comuna consegue escapar não apenas à morte em combate como às
execuções sumárias e ao julgamento dos tribunais. Em nove elementos do Comité
de Saúde Pública, um, Delescluze escolhe morrer na barricada, Billioray é feito
prisioneiro. Os outros sete conseguem fugir de Paris e rumar ao exílio.
Regressarão em 1880 beneficiando de amnistia.
Artur
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