segunda-feira, 22 de abril de 2013

COLÉGIO MILITAR SEMPRE

 
Um estabelecimento de ensino, um método pedagógico, uma instituição centenária avaliam-se através dos seus resultados, dos exemplos dados em adultos pelos seus antigos alunos, e, em última análise, pela mais valia trazida por essa instituição à comunidade em que se insere, bem como pelo protagonismo decisivo desenhado no seu processo histórico.
Gostaria de começar esta crónica dizendo que serei absolutamente parcial na defesa dos interesses e da manutenção do Colégio Militar enquanto instituição centenária e de referência incontornável no futuro da portugalidade e dos portugueses. Porquê? Porque assumo com orgulho, honra e dignidade a educação que lá recebi durante seis anos, porque faço parte de uma família muito grande onde nos cumprimentamos sem nunca nos termos visto, porque falamos com os do Passado como se falássemos com os nossos irmãos/avós, e, sobretudo porque entendo que, muito mais além da simples sobrevivência de uma instituição está em causa o “inconsciente colectivo”, a soberania nacional, a dignidade cívica de todo um povo, o povo português. Ao longo da vida tenho guardado para mim a maior parte dos aspectos da minha relação com o Colégio por uma questão de pudor, de ausência de interesse para os de fora deste espírito, para preservar interpretações erróneas de auto-promoção e gabarolice, porque nesta família sempre falaram mais alto os actos do que as demonstrações de intenções, os ensaios de grandezas, os discursos e as palavras do vazio. Hoje decidi quebrar esse silêncio porque é muito grave aquilo que se está a preparar, um processo antigo feito de avanços e recuos que até agora não conseguiu atingir o seu objectivo final. Ao decidir fundir o também centenário Instituto de Odivelas com o Colégio Militar, transformando-o de seguida num externato por razões financeiras e de maximização de recursos, aquilo que não é dito, aquilo que se está a preparar é a extinção pura e simples de ambas as instituições. Começando pela descaracterização, passando pela racionalidade financeira e pela maximização dos recursos, pretende-se desfazer a identidade, banalizar a sua missão, anular a sua importância e, finalmente desferir o golpe final decretando a desnecessidade bem como o fim da sua existência. Seguir-se-á um projecto de condomínios de luxo em áreas apetecíveis da cidade para benefício dos bolsos daqueles para quem nunca há tempos de crise. Haverá com certeza renovações a fazer, mudanças, adaptações. Mas feitas de uma maneira adequada, envolvendo as partes interessadas, trocando opiniões diferentes. O que não pode acontecer é fazer a análise da situação com uma calculadora, uma folha de Excel e o olhar posto na evidência nebulosa dos tempos em que vivemos.
Mas o previsível desmantelamento e extinção de instituições de ensino com resultados sobejamente dados, como o IO e o CM, é muito mais do que uma simples teimosia burocrática, uma luta entre diferentes grupos de interesse na sociedade. Ele faz parte de um plano muito maior, de uma assustadora vontade de aniquilamento do próprio país em troca de uma colónia de escravos sujeitos aos caprichos e ao apetite das grandes corporações internacionais. Senão, vejamos. Em nome da crise financeira e da falta de dinheiro tudo é passível de destruir, anular, aniquilar. Primeiro os direitos do trabalho para facilitar a mão-de-obra barata, o lucro fácil e o empobrecimento. Os grandes empréstimos da troika condicionados a um sem fim de prerrogativas sem as quais o dinheiro não virá, atacam e interferem directamente na soberania nacional. Somos hoje um protectorado de um grupo de rostos anónimos de pura especulação financeira que nos enviam os seus funcionários para confirmar se estão a ser cumpridas as suas directivas. Todo o discurso político dominante está centrado no corte, no deitar abaixo e nunca, sublinho, NUNCA, no desenvolvimento, na criação de riqueza ou no emprego. A isto chama-se a preparação das condições ideais para a construção de uma colónia de escravos ao serviço dos interesses exteriores. No último ano deste Governo, (que esperemos que morra antes) vão surgir “milagrosamente” investimentos daqui e dali a troco de mão-de-obra barata. Será a resposta a três anos de crise, antes das eleições. Em desespero e com fome as pessoas aceitarão tudo o que vier. Muitos acreditarão nas capacidades deste governo e voltaram a elegê-los. Entretanto ficou para trás a soberania, a cidadania, o progresso e o desenvolvimento de um país inteiro. Estes tecnocratas que nos governam são seres amorais, mercenários sem referência, sem povo e sem pátria. Move-os o interesse pessoal, a ganância e o lucro, obedecem apenas a quem lhes pagar melhor. Para terminar todo este processo em beleza é necessário terminar com os sectores da sociedade que ainda poderiam oferecer alguma resistência. As Forças Armadas, sendo o elemento mais importante dessa atitude vão sendo gradualmente enfraquecidas sempre com a cantiga do “não há dinheiro”. Menos verbas, menos efectivos, menos actuação, menos influência. O IO e o CM, instituições militarizadas de cunho patriótico são escolas onde os valores da soberania e da defesa dos interesses nacionais se ensinam nos jovens. Uma coisa relaciona-se com outra. Outras instituições estarão na linha da frente da resistência a este (deplorável) estado de coisas.  Mas as Forças Armadas são sem dúvida decisivas.
Ao pretender extinguir o Colégio Militar o que vai acontecer é que dois séculos de História vão ser pura e simplesmente deitados para o lixo, um importante reduto da “consciência colectiva” será apagado e por fim, várias gerações de portugueses perderão uma oportunidade única de desenvolvimento e aperfeiçoamento tanto no seu desempenho individual como no enriquecimento da comunidade. Apelo a todos para a “resistência”, para a defesa da soberania e, consequentemente, para a sobrevivência do nosso povo enquanto entidade colectiva. Viva o Instituto de Odivelas, viva o Colégio Militar… VIVA PORTUGAL.
 
Artur Guilherme Carvalho
 
 
 

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