quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A RONDA DA NOITE


Peter Greenaway,
canadá/frança/alemanha/polónia/holanda/reino unido, 2007, 134’, m/12

O quadro A Ronda da Noite, pintado por Rembrandt em 1642, e que deveria antes ser conhecido por A Companhia de Frans Banning Cocq e Willem von Ruytenburch, representa uma companhia de milicianos encabeçada por ricos mercadores de Amesterdão, pintada de forma dinâmica, prestes a marchar, ao invés de ser retratada em fila ou no banquete anual, como era convenção na época. Certo?
Errado. Totalmente errado, na opinião do realizador, e também pintor e desenhador britânico Peter Greenaway. Segundo ele, Rembrandt pintou A Ronda da Noite para denunciar o assassínio de uma das pessoas que deveria ter sido representada no quadro, e apontar os culpados, nele imortalizados.
Greenaway chama à obra-prima "o j'accuse de Rembrandt". Um corajoso ataque aos burgueses que encomendaram e pagaram a tela, e estavam envolvidos numa cabala para obter mais dinheiro, influência, proeminência social e mais poder em Amesterdão, na altura a cidade mais rica e próspera do Ocidente.
De acordo com Greenaway, a originalidade formal da famosa tela mais não é do que a maneira que o artista encontrou para semear as pistas alegóricas que permitiriam aos bons observadores desvendar o mistério e identificar os assassinos, sob a forma de várias "anomalias" pictóricas.
Eurico de Barros

(dia 19, Cine Clube de Faro)

1 comentário:

Carlos Lopes disse...

Peter Greenaway é um dos meus realizadores favoritos. É capaz do melhor e do pior e eu gosto disso, de gente que arrisca. Ando há anos a tentar encontrar Drawning By Numbers, filme que adoro. Como o do Cozinheiro, a Amante e mais não sei o quê (não me lembro agora do título)... The Pillow Book, The Baby of Macon, tudo grandes filmes. Teatralidade e cinema!!! No seu melhor.