quarta-feira, 3 de outubro de 2007

MARCAR PASSO

Reparei que, com a força de escrever as palavras e a velocidade desadequada existente entre o pensamento e o desempenho do teclado há uma ou duas gralhas, essencialmente de ortografia, em alguns textos já aqui publicados. Pelo facto, as minhas desculpas a todos aqueles que não me vieram visitar. Chega mais um Outono com os cinzentos da chuva e o "slalom" do Sol entre a luz e as sombras. Recordações variadas atropelam-se-me no sotão das memórias. Começos e recomeços, histórias muito bonitas e outras nem por isso. Os últimos dias de férias com um amigo eterno nas paragens de Sintra, o regresso, vários, ás aulas nos tempos de estudante, uma nova relação... Seja como fôr, era uma estação de paragem e recomeço, de frio ainda bem educado e côres tranquilas de verde até ao castanho das folhas das árvores.Na última VISÃO o Mestre explica como é a vida depois do cancro enquanto vai coleccionando prémios e prestígio pelo mundo fora. Está mais calmo e menos rebelde. Como se viu apertadinho agora entrou numa de "passarinhos" e só vê boas pessoas neste pedaço de trampa a que insistimos em chamar país. Talvez na intimidade, como lhe cheira que daqui a não muito tempo vai a andar daqui para fora, esqueça a mágoa de se ser escritor em Portugal. Ignorado, imcompreendido e escarnecido. Por mais prémios e prestígio coleccionados pelo mundo fora, dói sempre fundo a ignorância do nosso trabalho pelos que nos estão mais próximos. Mas é assim, sempre foi e não há volta a dar-lhe. Há até quem diga que Camões escreveu os Lusíadas para se vingar deste "povinho de merda" que ao longo da vida só lhe fez todas as diabruras de que se conseguiu lembrar. Morreu triste, sozinho e amargurado. E nem sequer o corpo que resolveram colocar nos Jerónimos lhe pertence por ter ido para á vala comum do seu temo. Em compensação massacrou gerações sucessivas de estudantes com uma lengalenga de glórias e aventuras, terrível de ler quando se é novo, um argumento digno do Manoel de Oliveira que nunca mais acaba. É claro que não foi só isso, nem a Grande Obra se esgota numa apreciação simplista. Mas para estes cavalos é ter o que merecem. É Outono e tudo continua na mesma. Só mesmo a morte ou as suas aproximações para nos devolverem a consciência de uma identidade. Que se lixe... Viva o Sporting
ARTUR

1 comentário:

redjan disse...

Brilliant Artur ! Tirando o ultimo parágrafo, já se vê !!