terça-feira, 23 de outubro de 2007

De Tudo um Pouco

Dizia o mestre (António Lobo Antunes) aqui há alguns dias numa entrevista, que a melhor imagem que tinha da morte era a de uma puta. Concordo e assino por baixo. Mas acrescento : a morte é uma puta mas a vida também. São duas grandes putas que convivem connosco todos os dias, que temos que aturar mas que não podemos levar a sério nem muito menos dar-lhes grande importância.Não podemos acreditar nelas a não ser por breves instantes. A morte, porque é o corolário ilógico e irracional do nosso sentimento de infinito. A vida, porque nos mente, porque nos engana e porque não consegue ser a mesma em dois dias seguidos. Basta ver o exemplo do envelhecimento para reforçar esta ideia. Até podemos parecer ou agir como se tivéssemos menos 20 anos...mas não temos, por mais cambalhotas e medicamentos que tomemos. Envelhecer não tem piada nenhuma, é uma crueldade que ninguém aceita por mais cosmética filosófica que lhe queira aplicar. O que sobra então no meio deste putedo todo? Nós, ou seja, o SER... parece pouco, não dá grande conforto mas é tudo o que temos. O SER é eterno, está connosco todos os dias e só nos trai se deixarmos. É com ele que teremos que nos haver até à eternidade. E SER é suficientemente complicado. Implica uma relação sincera, um julgamento permanente das nossas atitudes, uma oportunidade soberana para evoluír. É a grande oportunidade para ser hoje melhor que ontem. Basta querer. E a responsabilidade é toda nossa. Vou tentar desenvolver esta ideia num romance futuro. Obrigado.
ARTUR

7 comentários:

redjan disse...

Claro que envelhecemos, claro que nada podemos quando os dias passam e passam e passam e nós o mais que podemos tentar fazer será agarrá-los. Agarrei muitos Artur, ainda aqui os tenho. Estou velho de 45 anos, com a cara e corpo carregados de todas as intempéries que desde 1962 choveram e ventaram. Mas guardei em lugar seguro aquele tempo. Em que aprendi que queria ser quem sou. Velho e Criança para Sempre ... o romance da minha vida!!

Anónimo disse...

Querer ser para ser...é preciso ter muita sorte, mais do que querer...Quando a morte nos surpreende, e por azar, não é a tua, perdes-te até do querer ser...perdes-te de quem és, de quem amas, do que querem que tu sejas... e com muita, muita sorte, voltas a encontrar esse caminho... e não basta querer...é sorte, pura sorte...
Desculpa o azedume, mas estou a acabar o luto mais importante da minha vida, e parece que nunca mais acaba...

beijo
elsa

Artur Guilherme Carvalho disse...

Elsa :
Carregam-nos a mochila de pedras desde que entramos neste mundo malcheiroso. Umas vezes aguentamos, outras nem por isso. Valha-nos a solidariedade e o amor daqueles que amamos para nos ajudarem a continuar. É um jogo que ninguém vence.Obrigado pela tua visita
ARTUR

Carlos Lopes disse...

Como sempre fui um gajo fiel prefiro apenas uma das putas...
Abraço.

Anónimo disse...

"Tornar-se o espectador da sua própria vida é escapar ao sofrimento da vida" (Oscar Wild,pois...muito difícil,mas não impossível ;)

Artur Guilherme Carvalho disse...

Cris: A propósito de espectadores.. Então e o teatro ? Que é que tens feito? Bjs
ARTUR

Anónimo disse...

Isso já era,foi um desejo realizado,mas q pertence ao passado...agora n se faz nadinha,sem inspiração...há momentos assim na nossa vida ;)
fika bem