Terceiro dia do terceiro mês de dois mil e vinte e quatro
Que fazer à dor quando
ela transpira pelos olhos
e não a conseguimos segurar?
soluços a ribombar,
ou somente um cravo espetado
no músculo de amar?
Ficarão os nossos passos presos
pelos grilhões da incerteza
ou serão asas cheias de penas
e nenhuma leveza?
Há coisas que não se explicam
senão pela posição das estrelas,
pelo nosso reflexo na íris dum animal,
ou pela sombra do mastro
no horizonte redondo
da memória nada virtual.
Elsa Bettencourt
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