quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A ESCOLA PRIMÁRIA (OU A SUA FALTA) REVISITADA - A SEQUELA



"Não tememos que apareça ninguém no Congresso do PSD" - Marco António Costa


Professor Doutor Marco António Costa:

É já a segunda vez que lhe escrevo mortificado e angustiado ante os pontapés na gramática e na lógica que pontuam as suas intervenções públicas. Da outra vez - e apesar da minha mais que explícita sugestão - não me contratou para seu conselheiro linguístico e, hélas, o resultado está à vista. "Sejemos" francos, como diz o chefe: se não temem que apareça ninguém, é porque temem que apareça alguém. Mas, espere lá, até eu já estou baralhado. Vamos ver se deslindamos esta questão : se não temem que apareça ninguém, para além de temerem que apareça alguém, não temem que apareça o que não pode aparecer. Concordará, sem grande esforço, que "ninguém" indica um ausência, uma negação de presença, uma falta. Nesse caso, o que vocês não temem (que apareça ninguém) é equivalente a temerem que apareça alguém, visto que o que vocês não temem é um nulo e, assim sendo, a proposição anula-se a si mesma, além de anular o efeito que teria se, por exemplo, V. Exa. tivesse dito : "tememos que apareça ninguém" ou "tememos que não apareça alguém", ou ainda, "não tememos que não apareça ninguém". Enfim, como pode constatar, não é fácil navegar neste labirinto kafkiano e ilógico que os deslizes de linguagem de V. Exa. provocam neste povo sempre sedento e sôfrego das pérolas de sabedoria que emanam do seu pensamento sublime. Mais uma vez, coloco-me ao seu inteiro dispôr para a revisão dos seus discursos e para ser o seu porta-voz.

Com os melhores cumprimentos


Arnaldo Mesquita


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