terça-feira, 18 de janeiro de 2011

DANÇANDO PARA ALÉM DA DÚVIDA




Fotos de Sofia p. Coelho. Museu de Cera em Buenos Aires



Seremos nós que dançamos quando os nossos corpos se abraçam ritmadamente, embalados por uma melodia escondida numa rua pequena da grande cidade? Serão nossas as sensações e os sentidos que acordam quando as carnes se enlaçam suavemente, quase sem se tocar, para depois explodirem em cascatas de desejo?
Seremos nós dois bonecos, imagens imóveis de uma paixão que todos conhecem, personagens da mais antiga história do mundo repetida à exaustão no cenário da procriação, quadro ilustrativo, alegoria de cera pintada com as cores do amor?
Será nossa a raiva, os empurrões ofendidos, as mãos que sobem no ar e se combatem na dança do ciúme e da traição?
Será este um tango canalha, de arestas agudas e cintilantes, uma lâmina que adormece no fundo de um bolso ou num intervalo do elástico de uma liga?
Ou um bailado ritualizado em que os amantes se apresentam em trejeitos ensaiados, à laia de introdução, promessas de uma noite, vida inteira de paixão?
Estaremos dançando à porta da vida ao entardecer, embriagados do cheiro da noite que se aproxima, ou seremos um casal de bonecos que recebe os visitantes do museu de cera?
Será Amor o Amor que sentimos quando nos damos sem restrições nem recuos do ego, será a carne feita de cera imóvel? Será verdadeiramente Vida a Vida que julgamos sentir?
Artur

2 comentários:

Clarice disse...

Se demorar ir a Buenos Aires... olha Artur, vejo por agora desta janela que escreves, a cidade por onde os meus pés desejam um dia andar...

Ganda malha:)

Artur Guilherme Carvalho disse...

Obrigado Clarice.