sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O NASCER DE UMA IDEIA


Normalmente começa assim: a ideia para um filme surge no horizonte como um bando de andorinhas completamente endiabradas que voam em todas as direcções. A agitação mental acompanha-nos em hora de insónia. Todas querem dizer alguma coisa mas fala tudo ao mesmo tempo. Uma algazarra própria dos arautos da Primavera que nos quer explicar tudo até ao Outono num único piar. Nessa altura não há nada a fazer a não ser observar, estar atento às trajectórias de voo, esperar que se cansem. Depois, uma a seguir à outra, cansam-se. Vão aterrando em movimentos graciosos de descida até ficarem todas no chão. Inquietas, levam ainda algum tempo até parar. Depois a primeira cena, o primeiro personagem, a primeira cena. Observo o desenho que elas formam no chão e começo a ter um vislumbre da direcção para onde quero ir. O filme gira em torno de uma banda composta por pessoas de várias idades. Assim que percebem que li o primeiro desenho formado no chão a algazarra regressa. Descolam tresloucadas a piar que nem umas malucas. Sobrevoam o mesmo espaço por cima da minha cabeça a piar de alegria. No voo adivinho linhas, antecipo trajectórias. Percebo que o filme vai juntar pessoas que têm em comum o amor à arte e a habituação à frustração. Cada um com o seu tipo de amor, cada um com a sua história, cada um com a sua maneira de conviver com o infortúnio. É na Música que todas as pontes se abrem e todas as existências se compreendem.
Um filme sobre a Amizade, a Arte, o Amor. Um filme de experiências diferentes, de conflitos, de leituras da História através da história de cada um. Um filme…um filme…um filme. A urgência de filmar, de contar, de dizer, de juntar um grupo de amigos e tentar fazer um momento, um registo. Um bando de andorinhas ruidosas a começar a ocupar os seus lugares e a voar em formação. Uma esquadrilha pronta para iniciar a missão. Um filme…a urgência de criar.

3 comentários:

elbett disse...

Pianista pronta para musicar poemas!!Tenho coisas musicáveis, mas se tiveres tb, melhor!!Os meus estão à anos na gaveta!!Bjo

Carlos Lopes disse...

Para quando a tua primeira grande obra? É preciso guito, não é verdade?

Artur Guilherme Carvalho disse...

Carlos, wellcome back. O meu primeiro trabalho é um documentário que está disponível aqui no blog e no you tube. Basta escrever Élio Oliveira. 1 abraço. Escreve sempre.