O que é que mensagens de texto, e-mails, Facebook, telemóveis, Myspace, Youtube, a Internet, televisão por cabo e a maior parte da produção norte-americana contemporâneo têm em comum ? Ou, para apontar numa outra direcção, como Milan Kundera pergunta na obra "A Lentidão", de 1995, "Porque é que o prazer da lentidão desapareceu ?", concluindo que "A velocidade é a forma de êxtase que a revolução técnica utiliza para suplantar o homem". De facto, o ritmo de vida na Europa, América e parte do restante mundo acelerou exponencialmente devido ao crescente número de "gadgets" tecnológicos disponíveis e à variedade de "écrans" que nos permitem utilizar. A resultante fragmentação do tempo também despedaça a nossa experiência do lugar, onde quer que estejamos, e do espaço, quer interno quer externo.
Alguns cineastas - os melhores, aqueles que levaram a experiência do cinema como arte ao zénite comparável à grande pintura, à grande música ou à grande literatura - consciente, consistente e criativamente produzem filmes que lutam pela manutenção dos prazeres da lentidão : Theo Angelopoulos, Manoel de Oliveira, Bela Tarr, por exemplo. Tais obras ajudam-nos a experimentar e apreciar melhor um exclusivo sentido do tempo e do espaço, um sentido abrangente do passado, do presente, do futuro e de um tempo mítico, no qual as suas personagens - e por isso os seus espectadores - habitam.
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