Perante a cegueira do ódio, perante a anestesia da
degradação e a banalidade do mal, atravessamos os tempos presentes como uma
enorme tempestade sem grande margem de espaço para a contrariar. Baixamos a
cabeça e esperamos que os estragos sejam mínimos ou resignamo-nos ao nosso fim.
De uma forma ou de outra recorremos a todos os esforços para manter a
serenidade. Com ela é possível somar os dias com um mínimo de paz, atravessar
estes tempos imaginando que um dia terão forçosamente que terminar.
O importante não é a queda mas o impacto, o importante não é
o impacto mas a velocidade…O importante é tentar perceber essa vertigem que nos
empurra, essa força descomunal empenhada em nos destruir só porque sim. Sem
medo aceitemos essa força e naveguemos pelos territórios do caos enquanto houver
embarcação. Nada faz sentido nem nunca fez. Por isso o melhor é tornar o nosso
trajecto numa experiência de cooperação e solidariedade. Para quê? Para não dar
o caminho como perdido, a existência como desperdício e a evolução como inútil…
Artur