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domingo, 15 de abril de 2018
sábado, 14 de abril de 2018
GAIVOTAS AO FIM DA TARDE
Ao fim da tarde, mais ou menos à
mesma hora, quando resolvo ir lá fora fumar um cigarro, é como se houvesse
encontro marcado. Elas passam em bando sempre de Sul para Norte em direcção ao
mar. São para aí umas vinte gaivotas em formação desordenada. Fazem-se anunciar
porque emitem dois tipos de pios, um logo a seguir ao outro. Dois tipos de pio
distantes entre si. Julgo que no pelotão compacto há uma, talvez o guia, o
"fila guia" para usar uma expressão de cavalaria, que pia primeiro.
Responde-lhe outra gaivota (ou outras) mais distante da formação. Como se a
primeira quisesse dizer: "Estamos aqui…vamos a passar…junta-te a
nós." A outra responde e começa a aproximar-se. Quando já estão todas
juntas calam-se e apontam ao mar.
Todas as tardes mais ou menos à mesma hora elas passam por
aqui quando estou lá fora a fumar um cigarro. Como bando organizado e
instintivamente conhecedor do seu rumo agrupam-se desenhando várias formas
quase geométricas em sucessivas modalidades de formação. Uma esquadrilha da
passarada, a voar alto sempre na mesma direcção. Como almas entre encarnações,
preocupadas em não deixar ninguém para trás, organizadas de acordo com a
variação dos elementos. Há sobre a casa e sobre mim um espectáculo posto em cena
pela Natureza que nenhuma mão humana organizou. Como se fosse parte de uma
espécie dispensável que se não existisse também não fazia diferença nenhuma
para a organização da vida. Ou então elemento de uma harmonia muito maior que a
minha espécie, ou a delas, ou mesmo de todas as espécies num gigantesco
universo. Nesta actuação sou um simples espectador, função passiva de quem não
só se deslumbra como aprende qualquer coisa. Ou então elemento constitutivo de
um quadro em que duas realidades se encontram à mesma hora como vizinhos e
se cumprimentam fraternalmente. Tudo isso ou coisa nenhuma, que importa?
As gaivotas agrupam-se nos céus
escuros do fim da tarde enquanto as observo cá de baixo e tudo pára em espasmos
de contemplação e harmonia.
Deito o cigarro fora e aceno. Bom voo. Até amanhã.
Artur
sexta-feira, 13 de abril de 2018
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