terça-feira, 30 de janeiro de 2018
segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
domingo, 28 de janeiro de 2018
sábado, 27 de janeiro de 2018
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
CAHIERS DU CINÉMA NÚMERO 1 ABRIL DE 1951
Sob a
autoridade intelectual e a tutela moral de André Bazin, nascia em 1 de Abril de
1951 a revista “Cahiers du Cinéma”. Bazin – sem dúvida, o mais importante e
influente teórico do pós-guerra – tinha vindo a construir o seu pensamento em
torno do complexo, controvertido e discutido conceito de “ontologia da imagem
fotográfica” e de uma noção que haveria de percorrer um longo caminho e
conhecer numerosas e frutíferas ramificações: aquela que postulava que o estilo
de um cineasta devia tanto à estética quanto à ética. Por outro lado, a sua
postura crítica, altamente idiossincrática, determinava que um filme devia ser
dissecado, desmontado e analisado sob diversos ângulos até se tornar
inteligível, exigindo que as próprias metodologias de análise constituíssem um
horizonte de inteligibilidade indiscutível. E logo nesse número inicial se
identifica essa preocupação pedagógica que se manteria ao longo de toda a
“série amarela”, senão mesmo depois e apesar de submerso nos tumultos criados
pelos “jovens turcos” e pela fase guerrilheira dos excessivamente politizados e
absurdamente radicais anos 70. De qualquer forma, foi com base nesta cartilha,
actualizada e revista que os “Cahiers du Cinéma” cartografaram o cinema dos
anos 50 e das décadas posteriores, construindo de raiz uma cultura
cinematográfica à escala planetária. Quando um dia se estabelecer uma história
comparada das revistas de cinema, verificar-se-ão as crises, os erros de juízo,
os excessos de linguagem, o fundamentalismo de algumas afirmações, a abusiva
combatividade, mas, sobretudo, iremos descobrir aquela identidade e aquele
carisma que permanece constante em todas as suas metamorfoses, as suas horas de
glória, tudo aquilo que a singulariza e distingue das suas rivais, tudo o que a
torna um ícone imediatamente reconhecível, mesmo para aqueles que nunca leram
uma linha. Seria exagerado e abusivo dizer que os “Cahiers” inventaram tudo e
tudo descobriram; quem estiver minimamente familiarizado com a literatura
cinematográfica da época descobre imediatamente as influências recíprocas, o
trânsito de perspectivas, modos de abordagem e filiações recíprocas; mas seria
de manifesta má-fé não considerar que a “montagem” de todos esses elementos deu
origem a um outro paradigma, totalmente novo, no panorama do universo crítico e
teórico, que apostou tudo na “mise-en-scène” em detrimento do “tema” aparente
dos filmes e assente nos arcanos da teoria de autor.
Voltando ao
início dos inícios, a primeira capa exibe Gloria Swanson numa cena do filme
“Sunset Boulevard” de Billy Wilder, como se fosse uma figura de proa dos
antigos navios, rosto, corpo, vulto, estátua iluminada, apontando aos navegantes
o caminho a seguir e, tal como essas figuras tutelares, protegendo-os dos
monstros. A mesma actriz, representando no mesmo filme, reaparece no editorial
que nos revela que a nova revista é pensada como um prolongamento de “La Revue
du Cinéma”, desaparecida em 1949 , e dedicada à memória do seu fundador
Jean-George Auriol. Ao nome de André Bazin, juntam-se Joseph-Maria Lo Duca,
Jacques Doniol-Valcroze e Alexandre Astruc no núcleo duro, pensadores que que
transformam a revista num verdadeiro manifesto crítico, pleno de sentido e de
sentidos , originando uma nova grelha conceptual e perceptiva, da qual destaco
o artigo “Pour En Finir Avec La Profondeur de Champ”, assinado obviamente por
André Bazin, que o revelam como um pensador de rara profundidade e complexidade
quando demonstra que registar a realidade e desenvolver os efeitos do real
permite ao cinema fazer emergir a
verdade íntima dessa mesma realidade, justamente aquilo que designou como
“verdade ontológica”. Compreender este teorema é compreender a essência do
cinema.
De resto, este
número inicial é também uma festa para o sentido visual: das 78 páginas que o
compõem, 20 são dedicadas a magníficas fotografias (muitas vezes sem qualquer relação com textos
ou críticas, reproduzidas apenas pelo prazer que suscitam e pelo seu poder de
atracção) e a publicidade da época, toda ela um programa à parte, que vale a
pena comtemplar.
Resta
dizer que, de muitos modos, os “Cahiers” se tornaram uma espécie de
meta-revista, ou seja, são em si mesmos uma reflexão sobre o que deve ser e que
lugar deve ocupar uma revista de cinema e que essa intenção está já inscrita no
ato fundador que este primeiro número materializa e que se prolonga em todas as suas fases
(“série amarela”, nova vaga,
estruturalista, freudiana, comunista, maoísta, deleuziana, recentrada, etc.),
pelo que cada leitor poderá escolher a sua;
genericamente, estão todas condenadas à excelência.
Nota: Este texto foi originalmente publicado na página da Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, na rubrica "Textos & Imagens".
Nota: Este texto foi originalmente publicado na página da Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, na rubrica "Textos & Imagens".
sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
quinta-feira, 4 de janeiro de 2018
CAMUS E O FIM DA ESTRADA
Há 58 anos, a 4 de Janeiro de 1960, Albert Camus morria num acidente de automóvel perto de Villeblevin a cerca de 90 Kms de Paris.
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