terça-feira, 30 de setembro de 2014

SEPTEMBER SONG

Setembro chega ao fim. Será que, como dizia o poeta, "é o mais cruel de todos os meses " '. Depende da perspectiva, do lugar e da condição dos seus protagonistas. Por exemplo, para o moedas (o famoso coins), o mês de Setembro foi carinhoso, acolhedor, nada cruel: lá conseguiu o almejado lugar de comissário europeu, numa comissão que tem qualquer coisa a ver com ciência e investigação, ou lá o que é. Também não interessa muito. O que importa realmente é que vai gerir uma "pipa de massa", como dizia o barroso. Há, portanto, muito filete para trincar e a Goldman Sachs agradece. Que interesses defenderá o moedas naquele lugar e naquela condição ? Os interesses portugueses não serão certamente, visto que os não defendeu enquanto secretário de estado. Muito pelo contrário; este inimigo do povo e defensor de interesses obscuros limitou-se a obedecer à voz do dono e a implementar as medidas que lhe foram impostas de modo a colocar o país no estado calamitoso em que se encontra. Todo o país ? Não, nem todo.

Para o rosalino, um indivíduo que tinha por missão desmantelar o Estado e promover os interesses de meia dúzia de cães raivosos e tinhosos, o mês de Setembro também não foi cruel. Este inimigo do povo e lacaio sabujo de interesses obscuros já tem o seu lugarzinho como administrador do Banco de Portugal, depois de ter passado o tempo a precaver os funcionários da instituição dos cortes e sacrifícios que impôs aos verdadeiros servidores do Estado, a todos aqueles que verdadeiramente produzem e servem o bem público. Sem remorsos, sem escrúpulos, lá foi empobrecendo uns para que outros pudessem enriquecer. Que lhe faça bom proveito.

Para um tal luís barroso, cherne júnior, também foi um mês bondoso. Aos vinte e poucos anos entrou directamente para um lugar dirigente no Banco do rosalino, ultrapassando homens e mulheres com décadas de experiência e consabida competência técnica, deliberadamente prejudicados para encaixar o jovem, provando que, como diz o ditado, filho de cherne sabe nadar.

Para todos os gajos e tipas da maioria parlamentar do PPD/CDS, que continuam a urrar e a grunhir como se não houvesse amanhã.

Outros houve, porém, para quem o mês de Setembro foi crudelíssimo: a ministra teixeira da cruz, a tal que proclamava o fim da impunidade e que prometia uma reforma estrutural por semana, com voz de noite mal dormida e aspecto de tasca de Alfama. A coisa correu tão bem que resultou na implosão do sistema de justiça. Caos ? Não... apenas transtorno, garante ela com voz de cinzeiro cheio de beatas e copos vazios. Para o ministro crato, um que tem sempre a boca cheia de excelências e rigores, provas e exames. Nem sequer conseguiu realizar uma simples colocação de professores contratados, uma operação baseada numa tabela de cálculo que qualquer aluno de matemática do 11º ano sabe fazer.

E, "last but not the least", para o coelho. Afinal - ficou a saber-se - é apenas humano, coisa que já havia quem suspeitasse. Afinal , aquele que tanto vituperou os subsídios e as subvenções estatais, tudo fez para obter todos aqueles a que leis iníquas lhe deram direito, tudo tendo obrado para empochar uns dinheiros por fora. A vida custa a todos e os grandes moralistas também pagam contas. Afinal, aquele que tanto clamou contra os desperdícios de fundos comunitários, andou a criar empresas e ongues para sacar uns dinheiritos em formações avulsas e outras tramóias. A vida custa a todos e os salvadores, os messias, os grandes reformadores também precisam das suas fériazinhas na praia, do seu carrinho, dos almoços fora ao fim-de-semana, da televisão LCD, enfim, também gostam de viver acima das suas possibilidades.


E terá sido sumamente cruel para as vítimas desta pandilha incompetente e ávida.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

OS CÃES TÊM CARAS DE PARVOS OU AS AVENTURAS DO JUSTICEIRO BADOCHA

Cumprem-se hoje dez anos sobre o fim do Serviço Militar Obrigatório (SMO). Na altura em que foi decretada a morte desta instituição, com décadas de existência, pensada pela I República como forma de promover a coesão nacional, a  integração e formação dos cidadãos e fundamentar em alicerces sólidos a nascente política de defesa, estava no poder a coligação PPD/CDS e o portas era o Ministro da Defesa. O poder político cedia perante as pressões e exigências dos Hugos e Duartes do PPD e dos Pedros e Adolfos do CDS, jovens próceres que militavam nas respectivas juventudes partidárias, grandes patriotas que se recusavam a jurar bandeira e a malhar com os ossos ao sol e à chuva, exibindo as birrinhas típicas dos bichanos que não queriam sair da "zona de conforto" e das sinecuras que pais e padrinhos lhes prometiam quando, como dizia o Zeca Afonso, "faziam voto perpétuo de irem para a puta que os pariu". Não lhes dava jeito: afastava-os do caminho traçado e brilhantemente descrito por Pacheco Pereira: das escolas de traição, conspiração e mediocridade que são as juventudes partidárias a um lugarzinho na junta de freguesia, desta para uma sinecura na câmara municipal e, numa carreira sempre ascendente, depois dos favores feitos a empreiteiros e construtores civis, a um arreigozinho como deputados, portas abertas para se tornarem mensageiros da voz dos respectivos donos e pontas-de-lança dos interesses privados em detrimento do interesse público. E foi o que se viu. Veja-se o descalabro daquelas duas bancadas parlamentares, eivadas de semi-analfabetos, cevados na manjedoura do poder  e dos interesses obscuros que servem na perfeição, sem vergonha nos bestuntos, autênticos predadores de sinecuras e merdomias (não é gralha). No que diz respeito às Forças Armadas, aqueles que verdadeiramente pensam com justeza e conhecimento as questões da defesa nacional são unânimes em declarar a monstruosidade do erro cometido e em classificá-lo como o primeiro passo para a situação calamitosa e de ruptura em que se encontram, tendo no actual Ministro da Defesa uma espécie de "gestor de falências", encarregue de as desmantelar e reduzir à mais absoluta insignificância. Que lhes faça bom proveito.