sábado, 5 de maio de 2012
NAMÍBIA - CONCLUSÃO II
Correndo o risco evidente e absoluto de me repetir descaradamente, as fotografias da Sofia são, para mim, um deslumbramento e uma surpresa permanentes. A prová-lo está o simples facto de, na presença de muitas delas se me abrir a torneira dos sentidos e das palavras, e desatar a escrever que nem um doido. É o caso desta sequência hoje apresentada neste blog. Os espaços são as formas da realidade mas não a representam. Os espaços são fotografados, descritos, pintados, representados, apresentados aos outros com a nossa forma de os ver. A representação dos espaços é a nossa leitura deles, nunca o seu retrato. De cima para baixo, a Sofia pinta dois quadros de neblina e transporta-nos para as sensações da manhã africana, orvalhada e fria, da hora dos animais irem beber às nascentes de água. Dentro de uma intimidade distante e educada, os cheiros, os arrepios da humidade, a força da terra que amanhece, estão todos representados à distância suficiente do respeito pelos seres vivos na sua própria casa. Olhem outra vez. Vejam a neblina sobre a estrada deserta, as formas que se desvanecem em ângulos de sonho, pertencentes a vultos que já lá não estão...
Depois o antílope que contempla a montanha distante. A estrada que surge muito tímida para logo de seguida desaparecer para dentro do mato seco, como um segmento de recta de A a B. A solidão dos seres esmagados pela evidência da paisagem. A finitude num ambiente intenso, permanente e transbordante de vida.
Por fim, o deserto em duas vertentes. Uma quase pictórica, como um quadro, uma abstracção de luz e cor. Na segunda, uma capa perfeita para um livro: "O Princepezinho". Obrigado Sofia.
Artur
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