domingo, 6 de maio de 2012

CINEMA PORTUGUÊS: ULTIMATO AO GOVERNO


É hoje em dia indiscutível o reconhecimento do cinema português, tanto nacional como

internacionalmente.

E se dúvidas houvesse, os prémios que ao longo dos últimos meses os filmes portugueses têm

vindo a obter e o eco que a sua estreia entre nós tem tido, junto do público e da crítica, seriam a

sua mais evidente comprovação. E que as repetidas saudações feitas por responsáveis políticos

- e em primeiro lugar pelo senhor Presidente da República - vieram reiterar.

E no entanto, o cinema português vive neste momento uma situação dramática, com um corte de

100%, que não tem paralelo em mais nenhum sector de actividade!

Com o Instituto de Cinema em absoluta ruptura financeira e sem que o Secretário de Estado da

Cultura tenha para isso qualquer proposta ou solução, ao fim de 10 meses de Governo o cinema

português corre perigo de vida.

Não apenas os Concursos de 2012 não foram abertos, como os projectos aprovados em anos

anteriores não podem arrancar. A produção de novos filmes está paralisada - e uma boa parte

das empresas produtoras na iminência de encerrar, atirando para o desemprego milhares de

pessoas - e a distribuição, os festivais, os cineclubes, a promoção internacional, sem quaisquer

apoios.

E a nova Lei do Cinema - prometida há 10 meses no Programa do Governo e há quase 3 em

discussão pública -, continua a ser apenas isso mesmo: uma promessa por cumprir…

Apesar de ter tido um acolhimento positivo por parte de todo o sector, o seu período de

discussão pública terminou (depois de duas prorrogações sucessivas) sem que se perceba qual

o calendário que o Governo tem para a sua formalização e entrega à Assembleia da República,

para discussão e aprovação.

Tal como não se compreende por que não divulga o Governo de onde vêm os obstáculos - se é

que eles existem - à sua urgente concretização, deixando pairar as mais justificadas apreensões.

Enquanto os filmes portugueses continuam a circular internacionalmente e a ser recebidos e

premiados e depois estreados entre nós - sem quaisquer apoios públicos - o Governo demite-se

das suas responsabilidades.

Por isso não podemos deixar de tomar uma posição pública, exigindo:

1. Que enquanto a nova Lei do Cinema não for aprovada pela Assembleia da República e

entre em vigor, o Governo encontre uma solução de emergência para a situação de

ruptura e descalabro financeiro do Instituto de Cinema e que permita dotá-lo dos meios

financeiros necessários aos compromissos assumidos com os produtores e aprovados

entre 2010 e 2011.

2. E que essa solução de emergência permita também que os Concursos de 2011 sejam

homologados pelo Secretário de Estado da Cultura e contratualizados pelo Instituto.

3. Que a versão definitiva da nova Lei do Cinema seja tornada pública de imediato e que o

Governo assuma um prazo para a sua aprovação em Conselho de Ministros e posterior

apresentação à Assembleia da República.

4. Que essa Lei consagre os princípios gerais contidos no projecto apresentado,

nomeadamente no que diz respeito

a) às contribuições e investimentos de todas as empresas que operam no mercado do

cinema e do audiovisual,

b) ao reforço do princípio da atribuição dos dinheiros públicos de fomento do Cinema por

concursos públicos assentes em júris independentes e através de critérios equilibrados

de valoração dos projectos,

c) e finalmente à valorização do papel do Instituto do Cinema e Audiovisual na gestão e

regulação do sector.

Só assim se concretizará um projecto ambicioso de relançamento consistente do cinema em

Portugal.

Alexandre Oliveira
produtor

Anabela Moutinho
Cineclube de Faro

Dario Oliveira
Curtas Vila do Conde

Gabriel Abrantes
realizador

Gonçalo Tocha
realizador

João Botelho
realizador

João Canijo
realizador

João Figueiras
produtor

João Matos
produtor

João Nicolau
realizador

João Pedro Rodrigues
realizador

João Salaviza
realizador

Luís Apolinário
distribuidor

Luís Urbano
produtor

Manuel Mozos
realizador

Maria João Mayer
produtora

Miguel Gomes
realizador

Miguel Valverde
IndieLisboa

Pedro Borges
produtor

Pedro Costa
realizador

Sandro Aguilar realizador

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