terça-feira, 16 de junho de 2009

DOCUMENTARISMO HISTÓRICO


Vimos anteriormente como aos poucos as unidades de produção de filmes se vão afastando da vontade de registar os acontecimentos da sua época. O esforço de documentação das “actualidades” vai perdendo terreno em nome de uma formalidade importada, de um estilo copiado. No entanto o início da década de 20 apresenta-nos duas boas razões, ambas documentais, que contrariam esta tendência generalizada. Duas boas razões que estão directamente relacionadas com dois acontecimentos extremamente relevantes: a Grande Guerra (mais tarde I Guerra Mundial) e a travessia aérea do Atlântico Sul.
Em primeiro lugar a HOMENAGEM AO SOLDADO DESCONHECIDO (21), onde se filmaram as cerimónias de transladação do corpo anónimo de França para a Batalha com a presença do Marechal Joffré. A realização é de Rino Lupo.

O outro momento documental importante diz respeito à aventura bem sucedida de Gago Coutinho e Sacadura Cabral em 1922. A bordo do navio “Bagé”, Henrique Alegria e Artur Costa de Macedo seguiram viagem a 26 de Maio daquele ano com o novo avião Fairey 16 até aos penedos de S. Pedro e S. Paulo, que substituiria a anterior aeronave usada na travessia ( a que vemos na foto), entretanto inutilizada. Registando os principais acontecimentos desde essa altura até à chegada apoteótica ao Recife e posteriormente ao Rio de Janeiro, o filme intitulado O GLORIOSO RAID LISBOA – RIO DE JANEIRO obteve um estrondoso êxito. De tal forma que as imagens voltaram a ser aproveitadas vinte anos mais tarde por Fernando Fragoso e Raul Faria da Fonseca para o documentário TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL, e de novo em 1966 por Fernando Lopes para o CRUZEIRO DO SUL.
Para além das suas funções meramente recreativas, também em Portugal o cinema começava a ganhar o estatuto de fonte documental, um dos elementos essenciais para o desenho do processo histórico.

ARTUR

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