quinta-feira, 8 de novembro de 2007

SOLDADOS DE SALAMINA


Duvido que alguém saiba com exactidão quanto vale a vida de um homem. O que sei é que, para um homem a vida tem diferentes valores ao longo da sua existência. A relação entre um homem e a vida, as suas convicções, os seus comportamentos...nada é definitivo por todas e por nenhuma razão. Há no entanto algo que permanece com cada um até ao fim dos seus dias: a obrigação da verdade para consigo mesmo. A dignidade que lhe ilumina o Ser para além da morte.
Guerra Civil Espanhola, últimos meses. As tropas republicanas batem em retirada em direcção á fronteira francesa. Pelo caminho alguém toma a decisão de fuzilar um grupo de prisioneiros franquistas. Entre eles encontra-se Rafael Sanchez Mazas, fundador e ideólogo da Falange. Sanchez Mazas consegue não só escapar a esse fuzilamento colectivo como, quando mais tarde é encurralado por um miliciano anónimo, este acaba por lhe poupar a vida, permitindo-lhe fugir. Emboscado até ao final da guerra, Mazas recodará para sempre este miliciano de olhar estranho que num momento crucial não o denunciou. Terminada a guerra, Sanchez Mazas chega a ocupar um cargo ministerial no primeiro governo de Franco em Agosto de 1939. Em Julho de 1940, no entanto, demite-se do cargo. Regressou à sua actividade literária e jornalística e morre na década de 60, ignorado ou esquecido por um regime que tinha ajudado a formar.
É com base nesta breve história que o jornalista e narrador desta aventura (Javier Cercas) se propõe reconstituír o relato real dos factos ocorridos e descobrir o segredo dos seus protagonistas. O caminho das investigações acabará por se lhe revelar surpreendente, inesperado e com um desfecho desconcertante. Os relatos e testemunhos daquela época vão acabar por o conduzir a lugares impensáveis onde a coragem, a lealdade, o humanismo e o espírito de sacrifício se conjugam nos cenários mais improváveis. Uma crónica da Guerra Civil Espanhola, ilustrativa de um tempo onde os homens matavam e morriam por ideais, sacrificando-se por aquilo que entendiam ser o melhor futuro para a Humanidade. A última guerra onde se combateu por ideias. Homens anónimos e esquecidos mas aos quais todos devemos muito. Por exemplo, a Liberdade. Uma história de coragem e amor por eles que bem merecem...
ARTUR

3 comentários:

redjan disse...

Mais um para a lista Art....

Artur Guilherme Carvalho disse...

E este é muito bom.Artur

Sofia Cunha disse...

Os homens não choram. Como sou mulher, confesso que chorei (baba e ranho, sim) com as últimas páginas deste livro.
Porque o caminho é sempre para a frente, para a frente, para a frente...