terça-feira, 13 de janeiro de 2015

JE NE SUIS PAS CHARLIE (PAS AVEC TOUT LE MONDE, PAS AVEC N'IMPORTE QUI)

Se o coelho é Charlie, eu não sou Charlie (aliás, confrangeu-me e humilhou-me a sua presença na manifestação de Paris, acotovelando-se com os donos do Mundo e alheado das centenas de milhares de Charlies que, por incompetência crassa e programa ideológico, criou em Portugal). Se o cavaco é Charlie, eu não sou Charlie. Se o portas é Charlie, eu não sou Charlie. Se o correia, o montenegro, o maduro, a teixeira da cruz, o aguiar-branco e o magalhães são Charlies, eu não sou Charlie. Se o Correio da Manhã (essa espécie de lodaçal fétido, pútrido e asqueroso) é Charlie, eu não sou Charlie. Se os jornalistas que estão à porta da prisão de Évora, quais cães amestrados e famintos a assediarem as visitas de sócrates, são Charlies, eu não sou Charlie. Se o nethanyau, o samaras, o cameron e o sarkozy são Charlies, eu não sou Charlie. Se a marine le pen fosse Charlie, eu não seria Charlie. Travamos uma guerra e, numa guerra, não convivemos com o inimigo, não partilhamos trincheiras, nem bandeiras, nem convicções, por melhores e mais justas que sejam. Como dizia Hannah Arendt, pensar é fazer juízos ético-morais e estabelecer distinções entre o Bem e o Mal, e eu já fiz esses juízos : todos aqueles com quem não sou Charlie estão do lado do Mal. Onde estão, também, os cobardes e imbecis que cometeram os atentados de Paris. Voltando a Arendt (uma Arendt estarrecida e perplexa ante a leitura dos escritos de Etty Hillesum) julgar é próprio do humano. Logo, não fazer juízos é abdicar do humano e deixar que o Mal, o insidioso Mal que esta gente pratica, se torne o padrão, a medida cuja aceitação torna a existência impossível. Ao contrário daqueles que acreditam que a ausência de Deus tudo permite, é preciso reafirmar que aquilo que permite tudo é esse "inferno da razão" que consiste em nivelar, absorver, relativizar, contemporizar e ignorar. Ignorar, até, que os bons sentimentos podem ser tão maléficos e causar tantos danos como uma AK-47 nas mãos de um fanático cobarde. . Não há alternativas : ou nos encaminhamos para o socialismo ou cairemos na barbárie.

2 comentários:

Anónimo disse...

Arnaldamigo

Desses Charlies estou farto! Nos que nos (des)governam + o sôr Silva que me envergonha de ser Português com um suposto PR que é pior do que o Tomás!

E de muitos outros desde a Frau Merkel até ao Netaynihu. São tão maus como os outros e batem no peito para a fotografia.

Por isso concordo a 123.957% com o teu texto.

Abç

Anónimo disse...

ADENDA

Gostaria de te ver na minha Travessa e fazeres um comentário. E também muito satisfeito ficaria se comprasses e lesses o meu último livro Crónicas das minhas teclas. Obrigado e

+ abç