domingo, 27 de fevereiro de 2011

JUSTAMENTE, UMA IMAGEM



Começamos com um olhar? Não. Começamos por pensar nuns olhos que nos observam e só depois visualizamos, tornamos material esse olhar. Ou, se calhar, também não. Primeiro vem a saudade de uma atenção que já olhou nesta direcção. Primeiro vem a atenção afunilada no verbo “Ver” e a silhueta discreta do pensamento, o perfil aguçado da saudade. Um corpo que lamenta uma ausência e a parte de um rosto incompleta sobre uma sombra. A luz parcial que ilumina o negro de ali estar.
É apenas o lado iluminado de uma expressão que distrai o observador camuflado de ausências por preencher. Tamanhos desproporcionados que convivem no mesmo espaço. Será uma imagem justa? Não. É justamente e só…uma imagem.

1 comentário:

Unknown disse...

Muito bonito Artur...adorei, a focagem e a ausência do objecto (focado).