quinta-feira, 7 de outubro de 2010

REVIVER O PASSADO EM BRIDESHEAD



Considerado pela maior parte da critica, como o melhor romance da obra de Evelyn Waugh (1903-1966), “Brideshead Revisited” é essencialmente uma viagem solitária aos confins do amor e da religiosidade. Com o sub-título “The Sacred And Profane Memories Of Captain Charles Ryder”, começamos por encontrar o narrador perante a antiga propriedade da família Marchmain, Brideshead, vinte anos depois de ter lá estado como visitante. Inevitavelmente, uma cascata de memórias vai precipitar-se sobre o agora capitão Ryder. Desde o seu primeiro encontro com Sebastien Flyte ( o filho mais novo de Lord Marchmain) em Oxford nos anos 20 até àquele dia, terá passado uma vida inteira. Uma vida que rapidamente galgou o muro da entrada aventureira e inexperiente da vida para os territórios da maturidade, do cinismo e do peso dos anos. Num ambiente aristocrático e privilegiado, Charles vai conhecer um mundo contraditório, onde a festa dos sentidos se combina com as contradições deprimentes da condição humana. Experimentando o amor e a boa vida, conhece também a frustração e a impossibilidade de ser feliz. A contradição de, feita a escolha, nunca se conseguir a plenitude da vontade por mais voltas que dermos à vida ou ao pensamento.
A primeira adaptação para o ecran de “Brideshead Revisited” ocorre em 1981. Produzida pela Granada Television para o canal ITN, transformou-se num marco importante na história da televisão. De tal forma que acabou por ser incluído na lista dos 100 melhores programas de televisão de sempre elaborado pelo British Film Institute. O seu palmarés incluiu 13 nomeações para os Prémios BAFTA (British Academy Television Awards) vence 7; 11 para os Prémios Emmy (Academia Americana de Televisão) vence 1; e 3 Golden Globe Awards (prémio atribuído pela imprensa de Hollywood) vence 2.
Servido por um elenco de luxo, os promissores Jeremy Irons, Anthony Andrews e Diana Quick, aparecem confortavelmente enquadrados num excelente grupo de veteranos (Laurence Olivier e John Gielgud).
Apesar da adaptação ter a sua própria dimensão narrativa, independente do romance, as alterações que se verificaram na versão cinematográfica de 2008 aniquilam por completo a grandiosidade da novela de Waugh, na medida em que se centram apenas em torno da relação entre Charles e Julia. De fora fica a relação homosexual (platónica ou material) entre Charles e Sebastien, o peso da religião na existência dos personagens e a localização de uma família tradicional num novo tempo que quase os extermina. Uma última referência para a banda sonora da autoria de Geoffrey Burgon, aqui homenageado no trailer de abertura.

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