sábado, 3 de janeiro de 2009
CRÓNICAS FASSBINDER II
Crónicas Fassbinder II
Se muitos consideram perceptíveis os filmes de R.F., não será por se repetirem mas por neles existir uma unidade de forma e fundo que, ao penetrá-los os acabou por ordenar de forma estruturada. Recorrendo ao Expressionismo e ao Naturalismo, R.F. propôs-se compor um vasto painel da história contemporânea alemã onde o “kitsch”, melodrama e o anti-teatro dos primeiros tempos se juntaram à admiração e paródia que gostava de fazer aos filmes americanos dos anos 40 e 50. Representando uma nova sensibilidade estética, ética e erótica, R.F. pressentia as crises da Alemanha como crises pessoais.
O passado recente marca a sua influência através da psicose do tempo da ascensão nazi (A SEGUNDA DIMENSÃO); a condição dos alemães durante o nazismo simbolizada na cantora com ligações às altas patentes do Reich e à resistência judaica (LILI MARLEEN); a metáfora da Alemanha dividida após a guerra e a relação com o ocupante americano (O CASAMENTO DE MARIA BRAUN); de novo a reconstrução alemã em pano de fundo (LOLA); e por fim o excelente apontamento televisivo de mentalidade colectiva do povo alemão entre duas guerras no princípio do séc. XX ( BERLIN ALEXANDERPLATZ).
Ao reflectir a Alemanha do seu tempo, R.F. escolheu algumas das suas manifestações mais incómodas desde a homosexualidade (O DIREITO DO MAIS FORTE Á LIBERDADE, AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT), ao terrorismo urbano ( A TERCEIRA GERAÇÃO e o documentário A ALEMANHA NO OUTONO, de parceria com outros autores), passando pelos problemas da emigração e da exclusão social ( O MEDO DEVORA A ALMA) compondo um quadro sociológico interessante de seguir e até mesmo de se tornar alvo de estudo nalgumas disciplinas de Ciências Humanas.
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