sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

CRÓNICAS FASSBINDER I


Quando pensamos em Fassbinder e no seu trabalho, “enormidade” será talvez o vocábulo mais adequado, quer para definir a versatilidade do seu talento, quer a vastidão da sua obra.
Nascido em 31 de Maio de 1946 em Blad Worishofen na Baviera, perto de Munique, Rainer Werner Fassbinder fez da sua breve existência de 36 anos um percurso meteórico que, ao percorrer intensamente as áreas do teatro, da rádio, da televisão e do cinema, fortaleceu a cultura e revitalizou a cinematografia alemãs, inscrevendo o seu nome na galeria dos imortais do cinema europeu. A extensão e complexidade do seu legado artístico tornam incompleto e ultrapassável qualquer artigo que sobre ele se escreva.
Com 41 longa metragens produzidas, tudo começa no palco quando no ano de 1968 resolve fundar, de parceria com Hanna Schygulla, Kurt Raab e Per Raben, o “Anto-Theater”. Daí para o cinema foi um curto passo para este confesso admirador de Godard. O arranque da sua obra evidencia as suas preferências na medida em que os seus primeiros filmes se inspiram na “Nouvelle Vague”. Estavam dados os primeiros passos para o Novo Cinema Alemão onde, além de Fassbinder, Margueritte Von Trotta, Volker Schlondorf e Jean-Marie Straub marcariam uma das épocas mais ricas e inovadoras da cinematografia germânica desde a fase expressionista dos anos 20 e 30. No início dos anos 70, juntamente com Peter Lilienthal e Thomas Shamoni, Fassbinder funda a produtora Filverlag des Autoren que mais tarde se vem a revelar imprescindível na difusão do Novo Cinema Alemão no estrangeiro.
O cinema de R.F. foi uma permanente corrente de inadaptação que se poderá caracterizar por um sentimento de vertigem desenvolvido entre a santidade e o demoníaco, sempre sobre a estreita linha de fronteira da morte. O seu trabalho acusou sempre, para além do peso influenciador da herança cultural, um enorme compromisso com a Alemanha do seu tempo. No teatro começou pelas adaptações livres de clássicos como Sófocles, Goethe, Ibsen, Tchekov ou Genet, que resultariam mais tarde em memoráveis traduções cinematográficas como AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT, ou QUERELLE, o seu último filme. A Literatura alemã tem também algum destaque quando adapta escritores como Theodore Fantane (ORGULHO E PRECONCEITO) OU Alfred Doblin num colossal seriado televisivo intitulado “Berlin Alexanderplatz”.

1 comentário:

Anónimo disse...
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