sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

ENIGMAS AO CAÍR DA TARDE

Entre o Passado e o Futuro fica o enigma do presente, ficam os passos marcados na areia da praia, fica a interrogação para onde descola aquele bando de pássaros sobre o mar. Com os pés na água esperamos por uma direcção que se desenhe à nossa frente, uma razão que nos conforte ou uma harmonia que nos embale. Há as formas das palavras, há os cheiros das presenças e as formas eternas por onde caminhamos… mas falta-nos a razão. Falta-nos sempre qualquer coisa entre o dia de ontem e o que se vai seguir, falta-nos perceber os pássaros e a rota que escolhem, a quantidade do mar, o calor do Sol. Falta tanto e tão pouco até sermos tudo o que somos simplesmente porque somos. Falta a brisa do fim da tarde explicar que se estende como forma absoluta sobre todas as formas que por ali vagueiam quando passa. Falta um pássaro voltar atrás e deixar o contacto da sua nova morada, falta deixar-nos enterrar na areia mole da praia sem pensar, deslizar nessa vertigem que tanto nos deseja como nós a desejamos a ela. Sem uma razão que nos conforte nem uma harmonia para nos embalar, falta apenas fazer essa vertigem deslizar e deixar de perguntar. Artur

3 comentários:

Andy disse...

"Com os pés na água esperamos por uma direcção que se desenhe à nossa frente, uma razão que nos conforte ou uma harmonia que nos embale."

e foi tanto que levei desta paisagem...

Artur Guilherme Carvalho disse...

Obrigado Andy.

Clarice disse...

ganda malha! :)