Este chama-se rosalino (tem cara disso, por acaso) e tem como missão perseguir e desmantelar a Função Pública. O pensamento badalhoco dos bandalhos neoliberais tem vindo a transformar a natureza semântica da expressão; de substantivo, ou nome comum composto, transmuta-se no linguajar bárbaro do gang em adjectivo e, num salto qualitativo pornográfico-liberal, em anátema. Agora que o mito da suma sabedoria do gasparzinho se desmoronou, e ficou à vista a sua extraordinária incompetência; face ao analfabetismo político (e não só) do passos coelho, da irrelevância da cristas, da manha e do xico-espertismo do portas e da ganância e avidez do relvas, há que desviar a atenção do pagode e atribuir a um qualquer bode expiatório as culpas dos problemas que, não se resolvendo, antes se vão agravando: se a economia não cresce, se os indicadores vão de mal a pior, se a pobreza, a miséria e o crime crescem assustadoramente, a culpa é dos funcionários públicos, esses parasitas que asseguram o funcionamento da máquina estatal (na administração, nos impostos, na segurança, no fornecimento de bens e serviços, na educação, na saúde, na justiça, etc, etc.), contribuem para a produção de riqueza, pagam impostos (até ao último centavo) e fazem descontos para a Segurança Social. Não é, portanto, um bode expiatório qualquer; é uma parte essencial e estruturante do nosso tecido social, económico e cultural, que não pode ser desprezada nem espezinhada, muito menos diabolizada ou ostracizada como se fosse lixo para a canalha neoliberal reciclar a seu bel-prazer. De qualquer modo, este rosalino já teve o seu prémio: deixaram-no blindar o estatuto dos trabalhadores do Banco de Portugal, pondo-os a salvo das medidas de austeridade, cortes de salários, pensões e subsídios a que eles despreocupadamente submetem todos os outros trabalhadores. Está-se mesmo a ver porquê: é que este e o gasparzinho são funcionários dessa entidade e, quando forem corridos a pontapé, têm já a vidinha garantida, a reformazinha assegurada e as alcavalas à mão de semear.
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