sexta-feira, 23 de março de 2012

RESISTÊNCIA – 20 ANOS DEPOIS






A Resistência existe muito aquém do lugar das estrelas,
Muito longe delas…
Cantará sempre…e os sons
Elevar-se-ão aos céus.
Em Lisboa
E as guitarras tocarão para sempre.

Pedro Ayres de Magalhães in “Mano a Mano”, 1992




No final de 1991, uma improvável junção de músicos de várias proveniências, apresenta-se pela primeira vez ao vivo no teatro S. Luiz em Lisboa.” Improvável”, porque elementos de bandas que à primeira vista nada tinham de comum (Tim /Xutos & Pontapés, Miguel Ângelo e Fernando Cunha / Delfins, Pedro Ayres de Magalhães (ex Heróis do Mar e Madre Deus) e Olavo Bilac (Santos e Pecadores), e ainda Fernando Júdice e José Salgueiro (recém-saídos dos Trovante), Alexandre Frazão, Fredo Mergner e Rui Luís Pereira, se envolveram num projecto comum que, ao recuperar temas antigos numa roupagem acústica, quase folk, dava prioridade aos poemas. Cantando as palavras desta nova forma, foi possível trazer ao conhecimento do grande público, alguns temas que haviam passado despercebidos em versão rock na década anterior. A adesão foi praticamente total e imediata e, dessa forma, temas como “Não Sou o Único”e “Nasce Selvagem” transformam-se, com a nova proposta, em hinos de uma geração, de um tempo prodigiosamente criativo.
Para além dos dois álbuns publicados com enorme sucesso de vendas, e aqui reeditados nesta edição comemorativa (“Palavras ao Vento” e Mano a Mano”), ficam para a memória os concertos ao vivo. Para além do já referido concerto de apresentação no teatro s. Luiz, há a destacar o do Armazém 22 em 1992, dando este último um álbum ao vivo. Destaca-se ainda a participação dos “Resistência” no concerto “Portugal ao Vivo” no estádio de Alvalade, onde cerca de 50 mil pessoas celebraram várias bandas e muitas das canções que os “Resistência” também cantavam.
Durando pouco mais de dois anos, o projecto “Resistência” serviu de catálogo do cancioneiro disperso de uma década, mas foi também a marca vincada de uma geração que encontrou na música o seu mais alto e mais significativo elemento de expressão. Assim como um marcador no livro da História. A junção e solidariedade entre várias tendências, provou que era possível ultrapassar o egoísmo sectário de uma sociedade dividida por partidos e construir o futuro. Uma geração que entrou em cena tão depressa como saiu, esquecida dos discursos oficiais do poder.
A celebração dos 20 anos deste projecto musical é uma maneira de celebrar um tempo e uma geração, uma maneira de manter a tocar as guitarras eternas que subiram aos céus…

Artur

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